O Pianístico 2019 não só respira música, como também se alimenta de diversas vertentes da arte. Uma delas é o teatro. Com o objetivo de aproximar a comunidade do piano, a segunda edição do evento, que inicia na próxima quinta-feira (19), contará com a intervenção de cinco atores, que performarão célebres pianistas da história da música.
Entre esta quinta-feira (12) e o próximo domingo (15), os atores já estarão nas ruas e shoppings da área central da cidade, em contato direto com o público. Na semana que vem, também marcam presença em restaurantes, cafés, livrarias e outros estabelecimentos comerciais parceiros do evento.
Durante o Pianístico, os atores realizam intervenções lúdicas nos locais dos espetáculos – as ações, neste período, também continuam em shoppings e estabelecimentos comerciais. O grupo é comandado pelo visagista, coreógrafo e diretor de artes cênicas Lucas David.
Serão cinco personagens: Mozart, Chopin, Chiquinha Gonzaga, Elton John e Beethoven. Eles serão interpretados, respectivamente, pelos atores Daniel Boes, Gabriel Garrido, Tifani Schmöller, Felipe Mathias e Téo Áida.
Todos são alunos de Lucas, que ministra um curso sobre vivência teatral. A dramaturgia cênica foi desenvolvida a partir de materiais biográficos dos compositores.
A ideia é que os atores, vestidos como os personagens, façam performances contando suas histórias, falando, por exemplo, sobre como foram suas formações na música e os incentivos da família para suas carreiras.
As intervenções ocorrem durante todo o evento, em duplas, trios e com o grupo inteiro reunido, dependendo
da atração do dia.
“É sempre um risco, é um teatro vivo, ali no momento. Não é apenas o nosso trabalho de pesquisa e de preparação, é a espontaneidade do público”, diz Lucas. Em agosto, os atores exibiram suas performances nas escolas públicas de Joinville, participando de palestras interativas e audiovisuais sobre o piano.
Representatividade presente
Uma das personagens escolhidas foi a pianista brasileira Chiquinha Gonzaga. Lucas David define a escolha como uma homenagem à luta das mulheres por igualdade, “uma feminista sem levantar bandeira, por atitude”.
Ela foi a primeira pianista musicista de choro, autora da primeira marcha carnavalesca com letra (“Ó Abre Alas”, de 1899) e também a primeira mulher a reger uma orquestra no Brasil.
Tifani Schmöller, atriz que a incorpora, frisa que o processo de preparação para uma personagem histórica e real requer muita pesquisa, estudo e paciência. “É um processo extenso, cansativo, e com certeza gratificante. Principalmente ao ver que no final você conseguiu passar a essência da personagem, representar quem ela realmente foi”, explica.
Outro personagem escolhido – o único “ainda vivo” do grupo, com 72 anos -, foi o britânico Elton John que tornou o piano um instrumento mais popular ao aliá-lo ao rock e ao pop. “Ele vem falar da questão LGBT com muita segurança e traz para nós toda uma consciência de cidadania, falando sobre o HIV e a Aids”, comenta Lucas.
O ator Felipe Mathias, que o interpreta, contextualiza o tema para a realidade brasileira. “No Brasil, o número de pessoas com HIV aumentou 21% se comparado a 2010”, constata. “Falo também sobre políticas públicas educacionais e sobre sexualidade para o público jovem”, enfatiza.
Personagens de diferentes épocas
O ator Daniel Boes interpreta o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart, que viveu no século 18. É a sua primeira vez interpretando um músico e, para o desafio, ele pesquisou a fundo sua história.
“É um personagem exagerado. Ele veio para viver o máximo que se propôs a viver, tanto na música quanto nos amores. Isso é levado para o trejeito dele”, conta. Segundo Daniel, Mozart foi o “supra sumo da sabedoria da música”, pelo volume e complexidade de sua obra.
Se Mozart era exagerado, Ludwig van Beethoven, alemão nascido no mesmo século, cuja performance é do ator Téo Áida, é “totalmente extremo”. “Não foi só um personagem que viveu na glória, sofreu bastante. Os detalhes mais chavões do personagem são os que agregam mais para construí-lo. É um personagem mais exigente.”
Já o músico Frédéric Chopin, polonês radicado na França, cresceu ouvindo Mozart e Beethoven, no século posterior. “Nunca teve uma barreira para entrar na música, sempre foi incentivado. Tanto que aos seis anos ele já estava tocando Mozart. Era um pequeno prodígio”, lembra o ator Gabriel Garrido, que realizará a performance do músico.
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