Sabe aqueles bordados lindos e multicoloridos feitos a mão, “dos tempos da vovó”? Essas peças artesanais tão valorizadas, que hoje também são produzidos à máquina, ainda fazem parte do dia a dia da dona Mafalda Wulf Müller, 73 anos. A bordadeira, que parece ter trazido as artes manuais no DNA, segue uma tradição passada pelas tias Paulina, Agnes e Elza desde os 11 anos de idade e nem pensa em parar tão cedo.
Nove de seus trabalhos, mais quatro peças do acervo de família, bordadas pela avó Anna, e pela tia Paulina, nascidas na Alemanha, integram a exposição temporária “Histórias Bordadas”. A mostra abre segunda-feira (18) e segue até 16 de outubro, no Museu Histórico Emílio da Silva, em Jaraguá do Sul, no Norte catarinense.
Nascida em Massaranduba e há 14 anos em Jaraguá do Sul, mãe de cinco filhos e com sete netos, Mafalda por mais de 30 anos teve um ateliê de costura, mas nunca parou de bordar. Há 17 anos, quando ficou viúva, passou a intensificar a produção das peças por conta das encomendas.
“O que mais me encomendam são toalhas de mesa, toalhas de banho, roupas de cama e panos de cozinha”, atesta. Reserva as tardes para bordar, incluindo os fins de semana, “para dar conta de entregar os pedidos”. Exemplifica que um trilho de mesa de 1,5 metro por 60 centímetros custa entre R$ 120 e R$ 180, e que o preço de uma toalha de 2 metros pode variar de R$ 250 a R$ 350, e que acrescenta em torno de 50% no valor por conta da mão de obra.
Como se não bastasse, ela também atua como instrutora de bordado em uma loja de aviamentos e é voluntária no Centro de Convivência uma vez por semana. Somando as encomendas com o que recebe como instrutora, agrega em média 80% à renda familiar. Acredite, ela também arranja tempo para participar do grupo de terceira idade da Igreja São Luiz Gonzaga, no bairro São Luís.
“Bordar acalma, me realizo vendo o resultado. As pessoas elogiam tanto, que até fico constrangida”, observa, com timidez. “O dia que não conseguir mais bordar, é melhor partir para o andar de cima”, declara, com senso de humor.
Primavera dos Museus traz exposições,
oficinas e palestra com ex-pracinha
Técnica secular que envolve o uso de tecido, linha, agulha e mãos hábeis, o ato de bordar a mão, antes associado às “prendas domésticas”, hoje é sinônimo de empreendedorismo e empoderamento feminino. A evolução do bordado em sua concepção, que passou a ser uma ação político-social, por ser fonte de renda e independência econômica para muitas mulheres, é a proposta da exposição temporária “Histórias Bordadas”.
São 50 peças confeccionadas com criatividade e esmero por dez mulheres, que surpreendem pelo colorido, variedade e beleza dos itens apresentados, possibilitando aos visitantes acompanhar os tipos de bordado através das décadas. Peças antigas, em sua maioria de acervo pessoal, cedidas por famílias de bordadeiras. “O bordado deixou de ser uma forma de domesticação, ou submissão, e assumiu o patamar de registro da história de vida da mulher”, pondera a chefe dos Museus Municipais de Jaraguá do Sul, Ivana Cavalcanti.
Já o Museu da Paz prepara oficinas de artes e histórias, e a palestra “As memórias de um Brasileiro, Veterano da 2ª Guerra Mundial”, com o expedicionário Sebastião Menot Nunes. O painel ocorre na quarta-feira (20), às 19h, no auditório da Câmara de Vereadores, com 80 vagas, em que o ex-pracinha Nunes contará suas experiências no front italiano. As oficinas acontecem de 18 a 22 de setembro, na sala de ação educativa do Museu da Paz, aos alunos de séries iniciais. Tanto a palestra como as oficinas devem ser agendadas no (47) 2106-8700.
CONFIRA A PROGRAMAÇÃO DOS MUSEUS DE JARAGUÁ
Museu Histórico Emílio da Silva
O quê: Exposição: Histórias Bordadas
Quando: 18 de setembro a 16 de outubro
Atendimento: 8h às 11h30 e das 13h às 16h30
Agendamento para escolas ou grupos: (47) 3371-8346, ou no museuhistorico@jaraguadosul.sc.gov.br
Museu da Paz
O quê: Oficinas de Arte e História, para alunos de séries iniciais
Onde: Sala de ação educativa do Museu da Paz/FEB
Quando: 18 a 22 de setembro, nos períodos matutino e vespertino, por agendamento no (47) 2106-8700
*Com reportagem de Sônia Pillon