Com a chegada das frentes frias em diversas regiões do Brasil, é comum notar mudanças no comportamento físico e emocional das pessoas. O frio intenso não apenas exige mais agasalhos, mas também impõe uma série de ajustes internos no corpo humano, que precisa trabalhar mais para manter a temperatura estável.
Segundo o clínico geral Dr. Ricardo Mendonça, da Sociedade Brasileira de Medicina Interna, “quando a temperatura externa cai, o organismo entra em estado de alerta para conservar o calor essencial à sobrevivência. Isso desencadeia uma série de respostas fisiológicas importantes”.
Corpo em alerta: como o organismo reage
O principal desafio do corpo no frio é manter sua temperatura central em torno de 36,5°C a 37°C. Para isso, os vasos sanguíneos da pele se contraem — fenômeno conhecido como vasoconstrição periférica. Esse processo reduz a perda de calor para o ambiente, mas pode levar a extremidades frias, como mãos e pés gelados.
“Essa vasoconstrição é uma defesa natural. O corpo prioriza o aquecimento dos órgãos vitais, como coração e cérebro, em detrimento das extremidades”, explica o Dr. Mendonça.
Outro efeito comum é o aumento da pressão arterial, já que os vasos mais estreitos exigem maior esforço do coração para bombear o sangue. Por isso, pessoas com doenças cardiovasculares devem redobrar os cuidados durante o inverno.
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Tremores e aumento do apetite
Os tremores involuntários também são uma reação fisiológica. Trata-se de uma forma de gerar calor por meio da contração muscular. Além disso, o corpo tende a demandar mais energia, o que pode aumentar o apetite, especialmente por alimentos mais calóricos.
“O frio ativa o metabolismo e estimula o consumo de alimentos mais ricos em gordura e carboidratos. É uma forma do corpo buscar reservas energéticas para manter a temperatura”, afirma o especialista.
Impactos emocionais
O frio também influencia o humor. Dias mais curtos e menos ensolarados podem afetar a produção de serotonina, um neurotransmissor ligado ao bem-estar. Isso pode levar a quadros de tristeza sazonal ou até depressão, principalmente em pessoas mais sensíveis.
Como se proteger
Dr. Ricardo Mendonça recomenda algumas medidas simples para enfrentar o frio com mais segurança:
-Usar roupas em camadas para conservar o calor corporal
-Manter uma alimentação equilibrada e rica em nutrientes
-Evitar banhos muito quentes, que ressecam a pele
-Hidratar-se bem, mesmo sem sentir sede
-Praticar atividades físicas, que ajudam na circulação sanguínea
“Cuidar do corpo no frio vai além de se agasalhar. É importante estar atento aos sinais do organismo e adaptar os hábitos diários para manter a saúde em dia”, conclui o médico.
*Com informações do portal iG