Porque em termos de essência humana o Coringa representa a fragilidade e a complexidade da condição humana de maneira mais real, visceral e perturbadora. Enquanto o Batman é um símbolo de ‘mocinho’ da ordem, da justiça e controle, o Coringa personifica a desordem, a anarquia e a ambiguidade moral, questionando diretamente as estruturas sociais em que impera a hipocrisia e as noções de certo e errado.
O Coringa é um espelho distorcido, mas real, da sociedade, expondo suas falhas e hipocrisias. Ele não segue regras dúbias e interesseiras, não tem um código moral rígido, pois é cônscio de sua imperfeição, e age de acordo com seus instintos e desejos, muitas vezes de forma imprevisível. Essa falta de limites faz dele uma figura mais próxima da natureza humana em sua forma mais crua, onde o bem e o mal coexistem e se confundem. Sua filosofia, muitas vezes apresentada como niilista, desafia a ideia de que a vida tem um significado intrínseco, o que ressoa com as dúvidas e angústias existenciais que muitos seres humanos enfrentam.
Além disso, o Coringa é um personagem profundamente trágico. Sua origem, muitas vezes ligada a traumas e sofrimentos extremos, o torna uma figura que evoca empatia, mesmo em seus atos mais cruéis. Ele é um produto de um mundo que falhou com ele, e sua loucura é, de certa forma, uma resposta ao absurdo da existência. Isso contrasta com o Batman, que, apesar de também ser moldado por uma tragédia, escolheu um caminho de disciplina e controle, quase sobre-humano, que o distancia da experiência comum das pessoas.
Enquanto o Batman luta para manter a ordem em Gotham, o Coringa constantemente a desafia, mostrando que a linha entre herói e vilão é tênue e que a humanidade é, em sua essência, caótica e imprevisível. Essa dualidade faz do Coringa um personagem mais complexo e, em muitos aspectos, mais humano que o próprio Batman, que, apesar de suas falhas, ainda é uma fantasiada utopia, enquanto o Coringa é um reflexo do que já somos.