Pela primeira vez no Brasil, o compositor norte-americano James Stephenson, também conhecido como Jim, está apresentando diversas obras próprias no Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). Na noite desta quarta-feira (24), ele irá reger a “História do Diabo”, uma composição própria que dá sequência à “História do Soldado”, do russo Igor Stravinsky, considerado um dos mais importantes e influentes compositores do século 20.
Stephenson, que atuou como trompetista profissional na filarmônica de Naples (Flórida) e tornou-se compositor em tempo integral em 2007, disse que não sabia o que esperar da experiência no Brasil. “Depois de dois dias de viagem, eu saí do carro e a primeira coisa que ouvi foi a minha música. Foi um jeito maravilhoso de chegar ao Brasil”, comemora.
Em Jaraguá do Sul desde domingo, ele diz que ainda não teve tempo de conhecer mais a cidade, tendo andado somente no entorno da Scar. Na noite de terça-feira, Jim Stephenson regeu as obras “Colors”, “Chase Sequence” e “O Contador de Histórias”, cujos ensaios ocorreram à tarde e continuam em ritmo intenso para as apresentações desta quarta.
“Como nós vamos tocar uma música minha, estamos tendo um tempo muito bom, porque se aparece alguma dúvida, o compositor está aqui para auxiliar e para trocar ideias. O tempo é bastante curto, mas a música é uma linguagem que todos nós entendemos, então, muitas coisas acontecem automaticamente”, pondera.
De acordo com o diretor artístico do Femusc, Alex Klein, James Stephenson é um dos grandes compositores de sua geração. “Tem sido um privilégio assistir de perto esta carreira no difícil campo da composição”, aponta
UMA EXPERIÊNCIA RARA
O músico Jefferson Perez, integrante do Quarteto Sorocaba, está vivendo a experiência única de participar de um programa com o compositor presente. Ele conta que essa é a quarta vez que o quarteto vem ao Femusc e esse contato com James Stephenson é estimulante, embora a responsabilidade seja maior. “Apesar de na partitura ter muita informação, é diferente quando o compositor fala o que ele pensou para colocar aquilo no papel”, destaca. O violoncelista complementa que a partitura tem muitas respostas, onde se vê o ritmo e a harmonia, também é possível estudar de onde vem o professor, qual a cultura dele, que língua fala, mas, é tudo uma interpretação de quem obtém essas informações. “Agora, com o compositor presente, você pode questioná-lo. E é muito raro, porque geralmente a gente toca músicas de compositores que já se foram”, explica.
Exemplificando o que acontece nesse contato direto com o criador da música, Perez relata que a peça Colors, apresentada ontem, é dividida em quatro partes e cada uma tem o nome de uma cor. Na blue (azul), a escrita lembra um pouco o blues, o que o grupo já imaginava. Mas, para transportar os músicos ao ambiente idealizado pelo compositor, Stephenson pediu que imaginassem que estavam num clube de blues, fumando um charuto, tranquilos, relaxando, que pensassem na fumaça e naquele clima. “Já na red (vermelho), ele separa na escrita dois grupos, três de um lado e três do outro, isso eu imaginei, mas não dessa forma, e ele falou que é como se fosse uma luta, um grupo faz e o outro responde, um mais forte que o outro e, depois desse embate, tem uma melodia mais harmoniosa e tranquila no meio da peça, como se tivessem entrado num acordo de paz. Então, isso é interessante, porque o que passou na cabeça dele com certeza vai ajudar na nossa interpretação”, enfatiza.
Perez aponta que o Femusc, hoje, além de ser o principal festival da América Latina, é muito importante para os grupos. “Porque programa de quarteto só tem aqui. No Brasil, não tem nada igual. Por haver tão poucos quartetos no país, esse programa é muito importante para incentivar a criação e a evolução de novos quartetos, já que esta é uma formação muito tradicional na história da música”, conclui.
A apresentação desta quarta-feira está marcada para às 19h, na série Momento Springmann.
PROGRAMAÇÃO
Quarta-feira (24)
Quinta-feira (25)