Jogando a toalha no ringue da vida – por Luciane Sckura

Por: OCP News Jaraguá do Sul

05/04/2016 - 17:04 - Atualizada em: 06/04/2016 - 09:24

Ei, você! Sim, você mesmo, que está neste momento fitando seus olhos no inicio desta matéria. Podes me dizer que dia é hoje do mês?

Hoje é o dia do inicio de uma grande mudança em sua vida, e esta data merece ser guardada em suas lembranças.

Eu e você ganhamos um grande presente e eu estou muito feliz pela oportunidade de desfrutar deste presente com você.

Há muitas formas de presentear e demonstrar amor pelas pessoas queridas de nossas vidas.  Porém os presentes que vêm do coração são os mais preciosos.  E este veio diretamente do coração de um médico que decide diariamente superar a si mesmo, em prol do bem estar de seus pacientes.

“Plim!”, som avisando a chegada de um e-mail. “Jogando a toalha no ringue da vida”. Era uma matéria enviada pelo Dr. Murilo Marques Couto, tratando de forma peculiar os desafios de sua rotina.  Através de uma abordagem destemida, ele fala sobre o risco encontrado no “pessimismo”, um mal que segundo o mesmo, tem oprimido a vida de seus pacientes.

Então, eu te convido para desfrutar vagarosamente desta matéria. Encontramos-nos lá no final, ok?

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O lutador, você. O treinador, você também. O ringue, a vida. O adversário, os desafios diários. Os outros, o público.

Casa cheia, ingressos esgotados. Bate o sino, começa a luta. Você começa disposto, ousado, parte para cima, encaixa ganchos, se esquiva, cerca o adversário, desfila na arena. O público vai ao delírio.

O coração vai a mil. Mas de repente… Esquerda, direita, a guarda vaza e o adversário te acerta. Mas como?  Você é tão durão, nunca perde, nunca perdeu.

O seu eu interior grita de fora do ringue: “Levanta, levanta! Resista! Qual o problema?” Não adianta, o ego está de joelhos no ringue, inconformado com os golpes que recebeu.  O público fica atônito – “Céus, por que não levanta? O que aconteceu?” – Você ainda tem fôlego de sobra, o sangue pulsa quente, mas, não, o seu pessimismo é tamanho que o treinador, ao te ver com aquela postura lastimável, joga a toalha sobre o ringue. As luzes se apagam. Fim da luta. Você perdeu. Ou melhor, optou por perder.

Eis a minha rotina, amigo, atender ex-boxeadores, ex-lutadores. Depois de perderem algumas lutas, lá estão dando o nome na recepção. Sua marcha é morosa, o rosto é congelado, o olhar penetra as camadas mais profundas do solo. Ainda estão com o pensamento preso no ringue. Ainda estão de joelhos, inconformados.

A consulta começa e, mais uma vez, temos o relato de um ex-lutador que encerrou a carreira depois que perdeu certa luta.

Temos, então, ex-campeões caídos nos braços macios do pessimismo. Macios porque o pessimismo os conforta trazendo a macia e ilusória sensação que lutar já não é preciso, a vitória só vem mesmo para alguns, para os escolhidos. Tentam aplacar as dores da alma numa dose de morfina, num comprimido de rivotril. Trazem boas lembranças de quando o coração ia a mil.

A decisão por abandonar o ringue é visível. Pude perceber em situações  como numa tarde em que conduzi um paciente usuário de cadeira de rodas até a sala de medicação. No caminho até tal sala passamos por uma escada, e, quando nos aproximamos do corrimão, o ex-lutador dispara: “Doutor, me joga nesta escada e acaba com isto logo de uma vez”. No primeiro minuto nos cobrimos de risadas, mas logo depois se seguiu um momento de silêncio e reflexão.

No íntimo, nós dois sabíamos o quanto aquele desejo de ser jogado era real. Ah se ele soubesse que tudo não passa de meras convicções limitadoras, percepções distorcidas sobre a arte do viver. Como eu gostaria de vê-lo de volta à arena, em boa forma, encarando os adversários, dia após dia, sem hesitações.

Amigo leitor, amigo lutador, já não é hora de voltar ao ringue? O dia em que irá tirar os joelhos do chão está marcado para qual data?

Não há mais tempo para procrastinações, o mundo arde em grandes possibilidades de vitória a cada tentativa. Depois que bater sino, que venham as pancadas ou as quedas, não importa. A decisão por vencer já está tomada. Como diria, o personagem boxeador Rocky Balboa, interpretado por Sylvester Stallone em Rocky VI : “Ninguém vai  bater tão duro quanto a vida, mas não se trata de bater duro, e sim do quanto do você aguenta apanhar e seguir em frente. É assim que se consegue vencer”.

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O universo se encarrega de conspirar a favor daqueles que não temem se fraturar.
Por Murilo Marques Couto

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Compreendeu porque lhe disse que eu e você ganhamos um presente inestimável? E agora, o que você vai fazer com este presente? Bom, não posso saber de sua reação, mas vou te contar qual foi a minha… Depois de passar o êxtase de toda a emoção que senti ao ler, recordei que algumas pessoas não merecem apenas respeito, elas merecem honra.

E honrosamente deixo registrada minha gratidão ao Dr. Murilo Marques Couto pela matéria enviada, e por ser a luz que brilha no ringue de muitas vidas. O mundo está sedento por mais pessoas com esta filosofia de vida.

Eu voltei para o ringue, e VOCÊ?

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