Jaraguá do Sul abre os braços para receber o Femusc

Por: OCP News Jaraguá do Sul

13/01/2018 - 14:01 - Atualizada em: 14/01/2018 - 17:32

O paulista André Rangel estava prestes a completar os 19 anos quando incluiu Jaraguá do Sul entre seus destinos de viagem. E lá se vão dez anos desde que pisou pela primeira vez na cidade para participar do Festival de Música de Santa Catarina (Femusc). Nesse tempo, acumulou diversas amizades, ampliou a bagagem de conhecimentos e comemorou aniversários. André está na expectativa de repetir os feitos, inclusive a comemoração idade nova no dia 24, agora 29 anos, junto a 380 musicistas e professores renomados de todas as partes de mundo. A partir  deste domingo (13), com o início da 13ª edição do festival, a cidade ganha um novo movimento.

Assim como André, os jovens músicos vêm para a cidade aprender com especialistas da música erudita e dar vida para mais de 200 concertos, que são apresentados gratuitamente para a população. “Cada edição me surpreendo com os repertórios da Banda Sinfônica que possuem níveis técnicos de qualidade, com a busca de levar o público até os teatros da Scar para assistirem os concertos e me surpreende os professores que gostam de ensinar porque sabem a dificuldade de nós alunos em tocar e entender as músicas”, defende o saxofonista, que chegou na sexta-feira (12) a tarde na cidade.

Membro da Banda Sinfônica de Taubaté e atuando também como educador musical, André vê o Femusc como uma maneira de medir sua evolução – assim que o festival termina, seu professor de São Paulo contata o professor daqui para avaliar o desenvolvimento dele no festival – e também se admira com o alcance da música na cidade. “O festival valoriza levar a música a todos os cantos, isso nos teatros, fora dos teatros e também envolvendo concertos didáticos para crianças. Como educador musical, utilizo as ‘dicas’ do Femusc nas minhas aulas, envolvendo música e histórias”, conta.

A organização e cuidado com os alunos são itens que fazem o saxofonista voltar a cada ano. Essa qualidade uma das maiores bandeiras defendidas pela organização do festival, considerado o maior do gênero na América Latina. Para o diretor artístico do festival, Alex Klein, público e alunos podem esperar a mesma solidez e organização minuciosa do festival. Ele defende o intercâmbio entre participantes como um dos fundamentos do festival, algo que cria laços para toda a vida. Para esta edição, o Femusc recebeu mais de mil inscrições, onde 380, de 21 países diferentes, foram selecionados.

Mais de 200 concertos gratuitos para a população

Uma das marcas do Femusc é a democratização da música: aqui ela chega gratuitamente aos mais diversos espaços. Durante todo o festival, o Centro Cultural Scar recebe diariamente uma série de apresentações, exatamente seis, e leva também os alunos para palcos alternativos como lar de idosos, shopping e até o presídio.

Conforme o diretor executivo, Fenísio Pires Júnior, a cada ano o festival procura aumentar o número de público, mas manter a qualidade oferecida aos alunos e também o repertório. “O Femusc é um time de professores estrelas e com isso atraí como alunos um grande número de músicos profissionais. Nosso desafio é a cada vez mais mostrar ao público que as grandes atrações não estão apenas no concerto das 20h30, mas que em todos as outras seis salas tem grandes músicos e obras”, enfatiza.

Um dos destaques da programação desse ano é a apresentação na íntegra da ópera La Bohème, de Giacomo Puccini. “Pela primeira vez a opera terá duas sessões: nos dias 26 e 27 e com dois grupos diferentes. Foram montados dois elencos para dar mais oportunidade para quem não pode assistir e também aos alunos do Femusc”, salienta.

Pessoas físicas também podem contribuir com as contas

Sabendo do sucesso de público e qualidade que agrada a todos os participantes, o diretor executivo do festival, Fenísio Pires Junior, salienta que o desafio da organização agora é fechar o orçamento do Femusc.  “O evento vai acontecer com a mesma qualidade de sempre, mas ainda estamos fechando ele porque temos um déficit na questão do orçamento. Queremos fechar em R$ 1,8 milhão, mesmo valor do ano passado, mas é um desafio porque esse ano a arrecadação diminuiu e retomamos o tamanho normal do evento”, explica.

Conforme Pires Júnior, o reflexo da crise neste ano foi maior do que de 2016 para 2017 e como a iniciativa depende 80% de captação de recursos via Lei Rouanet para acontecer, o orçamento foi afetado. “As empresas não deram lucro em 2017, consequentemente não pagaram tantos impostos e o percentual destinado para o festival diminuiu, alguns casos chegaram a 50%. Diminuiu bruscamente e estamos correndo atrás de mais recursos para fechar as contas”, enfatiza.

O diretor comenta que ainda estão aguardando o repasse do Governo do Estado – de R$ 300 – e correndo atrás de novos patrocinadores. “Se por um lado vimos a arrecadação por parte das empresas diminuir, na outra ponta vimos a crescente de doações de pessoa física. Então tentaremos usar esse Femusc para dar esse recado para a população: boa parte paga importo de renda e pode pegar 6% disso e destinar para projetos culturais como o Femusc”, afirma. Para Fenísio, conscientizar os jaraguaenses e moradores dessa possibilidade é uma das formas de aumentar a participação das pessoas no festival. “A população veste a camisa porque sabe que o evento também é deles. Com esse apelo às pessoas físicas, mostraremos que ela pode salvar o evento. Pode contribuir para a realização do festival, mesmo que seja com R$ 50”, defende.

Pires Junior acredita que essas iniciativas são coroadas com o engajamento da diretoria e fornecedores, além das empresas parceiras que, de acordo com ele, acreditam no potencial do evento e também entendem os limites financeiros. Ele dá como exemplo o apoio da Prefeitura em ceder escolas para alojamentos e o transporte, a parceria com a Scar e também a Católica de Santa Catarina que disponibiliza o campus e funcionários para atuar no festival.

 

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Mapa do Femusc

380 alunos

21 nações representadas
193 – Brasil
47 – Colômbia
30 – Argentina
28 – Chile
18 – Peru
16 – México
8 – Austrália
6 – Paraguai
5 – Costa Rica
3 – Uruguai
3 – Equador
2 – Ucrânia
2 – Coréia do Sul
2 – Hong Kong
1 – Estados Unidos
1 – Venezuela
1 – Espanha
1 – Honduras
1 – Cuba
1 – Áustria
1 – China

45 catarinenses, sendo 15 de Jaraguá do Sul, nove de Florianópolis, oito de Joinville, três de Corupá e Indaial,  e um de Guaramirim, Blumenau, Lages, São José, Timbó, Itapema e São Bento do Sul

60 professores

200 é o numero estimado de apresentações

82 mil foi o público atingido em 2017

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PROGRAMAÇÃO

Domingo (14), às 20h30  – Abertura do evento
Bach, Johann Sebastian – Sonata Em Sol Menor, BWV 1030b
Francisco Manuel da Silva, Joaquim Osório Duque Estrada – Hino Nacional Brasileiro
Villa-Lobos, Heitor – Bachiana Brasileira N. 4
Barroso, Ary – Aquarela Do Brasil
Fernandez, Lorenzo – Batuque
Marquez, Arturo – Danzon N. 2
Orquestra da Abertura do Femusc 

Segunda-feira (15)
12h – Femusc no shopping
18h – Piano Masters
18h – Violão Plus
19h – Momento Springmann
19h – Recitais de Canto Lírico
20h – Musicalmente Falando
20h30 – Recitais de Câmara
20h30 – Grandes Concertos
Colômbia, Costa Rica, Peru, Paraguai, Bolícia, Argentina, Honduras e México

Terça-feira (16)
10h – Concertos Sociais
18h – Piano Masters
18h – Violão Plus
19h – Momento Springmann
19h – Recitais de Canto Lírico
20h – Musicalmente Falando
20h30 – Recitais de Câmara
20h30 – Grandes Concertos
Ravel, Maurice – Tzigane
Guilmant, Alexandre – Morceau Symphonique
Poulenc, Francis  – Trio para Piano, Oboé e Fagote
Spohr, Ludwig – Noneto, op. 31

A programação completa pode ser conferida no www.femusc.com.br

SERVIÇO

O quê: 13º Festival de Música de Santa Catarina (Femusc)
Quando: de 14 a 27 de janeiro
Onde: concertos diariamente nas dependências da Scar às 18h, 19h e 20h30 e também em palcos alternativos em outros horários. Programação completa no femusc.com.br
Quanto: entrada gratuita. Ingressos são distribuídos com 48 horas de antecedência. Eles devem ser retirados na bilheteria da Scar das 8 horas às 20h.