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Centenários: irmãos jaraguaenses esbanjam saúde e disposição aos 100 anos

Antônio Arnoldo Schmitt vai completar 101 anos em novembro, com muita saúde e disposição. | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Gustavo Luzzani

24/10/2018 - 09:10 - Atualizada em: 24/10/2018 - 13:06

A expectativa de vida vem aumentando consideravelmente ao longo dos anos, mesmo assim, chegar na marca centenária é para poucos.

Jaraguá do Sul ficou conhecida por ter a pessoa mais velha do continente americano até o fim de 2016, a jaraguaense Álida Grubba, e hoje tem jaraguaenses que ultrapassam a barreira dos 100 anos esbanjando determinação e muita saúde.

Muito se pergunta se existe segredo para viver mais. As pessoas mais idosas em Jaraguá do Sul garantem que não existe uma chave ideal, mas que manter o bom humor e levar a vida com naturalidade são peças que contribuem, já que com esses dois quesitos a felicidade é quase garantida.

Estima-se que muitas pessoas já passaram dessa marca em Jaraguá do Sul. Que já foram personagens de matéria do OCP News, existem os irmãos: Antônio Arnoldo Schmitt e Maria Schmitt Gascho, detentores de um DNA centenário.

Mas, fora dos registros do jornal, outros moradores podem estar acima da marca dos 100 anos. Caso conheça alguém, entre em contato com o OCP.

Os 113 anos de Alida Grubba

É preciso ter muita saúde para chegar aos 100 anos, imagina chegar aos 113, que foi a idade com que Álida Victoria Grubba Rudge faleceu, no dia 23 de dezembro de 2016.

Segundo o Gerontology Research Group, ela era a pessoa mais velha da América e a 14ª mulher mais idosa do mundo. Álida nasceu no dia 10 de julho de 1903, em Jaraguá do Sul, sendo a segunda filha entre sete irmãos.

Foto Eduardo Montecino/Arquivo OCP News

O pai Bernhardt “Bernardo” Grubba era alemão e veio da região da Prússia, aos 17 anos, para morar nas proximidades de Pomerode. Casou-se com Maria Elisabetta Moser, nascida em Blumenau, filha de um imigrante tirolês.

Álida morava em um velho casarão verde bastante conhecido, na rua Epitácio Pessoa. A casa foi construída por seu pai, em 1905, dois após o nascimento dela.

100 anos de festa para Antonio

Curtir uma boa música e dançar sem ter hora para acabar são coisas comuns entre os jovens, mas tem uma pessoa em especial que faz isso após quebrar a barreira centenária. Antônio Arnoldo Schmitt vai completar 101 anos no dia 16 novembro, mas sua determinação e saúde faz aparentar ter bem menos.

Antônio gosta de receber as pessoas mostrando seu cartão de visitas, os cinco bandoneons. Mas tem um deles que é especial, acompanhando ele há mais de 60 anos.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Com o acordeão empinado na barriga, ele começa a tocar e fica todo todo faceiro, mas concentrado para não cometer nenhum erro. E no final, solta sua gargalhada peculiar já conhecida por todos.

Difícil conhecer uma pessoa que nunca viu Antônio andando pelas ruas do Centro da cidade, pois ele adora ir ao mercado e apreciar o movimento em frente à sua casa, conversando com os conhecidos. Mas se todo mundo quer saber o segredo para chegar nessa idade com tanta disposição, o centenário dá uma dica.

“É só se divertir. Quando a pessoa se acomoda, ela está se entregando”, ressalta.

Aliás, energia e bom humor são as principais características de Antônio, que não perde um encontro no Clube dos Idosos Zelia Schmitt Hafermann – grupo que leva o nome de sua irmã.

“Se continuar caminhando eu consigo chegar aos 120 anos”, brinca.

Ele também aprecia os cantos nos encontros no Centro de Eventos, que é promovido pela Prefeitura. Ele diz que comparece para apreciar a música, mas a paixão pelo bandoneon é tão grande que as vezes ele acaba com o acordeão na mão, fazendo a alegria da galera. “Eu gosto de um bailão, de uma dança”, confessa.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

E a memória nunca abandona Antônio. É preciso apenas precisos três minutos de conversa para o idoso relembrar de casos emblemáticos em seus 100 anos de vida, como os tempos que ia de carroça para Corupá buscar couro.

O Curtume Schmitt, que pertence à família, é centenário como ele e uma das empresas mais antigas da cidade.

“Eu se oferecia para pegar o bandoneon ou a harmônica e fazia um sol no caminha da escola”, relembra.

Dor de cabeça, colesterol, diabetes, são casos que atingem a maioria dos brasileiros, principalmente os idosos. Mas essas doenças passam longe de Antônio. Ele confessa que não toma nenhum remédio, o que lhe faz sentir como se ainda tivesse 70 anos.

“De feijão a salada, eu como de tudo. E caminho toda vez que posso”, admite.

Natural de Jaraguá do Sul, Antônio casou aqui com Maria Madalena Schmitz, já falecida, com quem ele teve sete filhos. Hoje ele conta com uma gigantesca família com genros, noras, 17 netos, 14 bisnetos e dois trinetos.

Família centenária

A genética da família também pode ser um fator que contribuiu nessa longa jornada de Antônio, já que sua irmã Maria Schmitt Gascho, está prestes a completar 102 anos. Em cada cômodo, cada parede, tem uma lembrança que ajuda a recuperar a memória para descrever momentos que fazem parte de sua vida.

Com o passar do tempo, ela teve que abandonar os seus principais afazeres – trabalho doméstico e as costuras – que são as duas coisas que mais fazem falta. “Precisei se acostumar a uma nova rotina. No começo foi difícil, mas agora está mais tranquilo”, conta.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

A idosa recebe cuidados especiais de Sirlei Lisboa. Há mais de quatro anos Sirlei dedica seu tempo à Maria. “É gratificante ficar esse tempo com ela. Ao mesmo tempo ela me passa ensinamentos pela pureza e saúde que tem”, destaca.

Sirlei conta que apesar de sofrer um pouco de Alzheimer, Maria é bem tranquila e tem a saúde em dia. A “oma”, como ela costuma falar, não deixa de ler uma edição do jornal O Correio do Povo, aliás, essa é uma paixão que ela compartilha com seu irmão Antônio.

Toda manhã, quando acorda, Sirlei leva Maria para passear no jardim, tomar um sol e aproveitar para ver as lindas flores e borboletas que cercam sua casa, na área central de Jaraguá do Sul. De tarde, ela costuma assistir televisão e passar boa parte do tempo entretendo com suas cuidadoras.

O que mais alegra Maria por chegar na marca centenária não é por ela em si, mas sim poder ver o crescimento de toda a família. Seus nove filhos sempre alegram a mãe. “Eles falam pra eu manter a saúde em dia para nunca abandonar eles. Eles me alegram e cuidam de mim”, conta.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Apesar de sentir falta das coisas que realizava no passado, Maria garante que os tempos atuais também a agradam. “Dá saudade do tempo antigo que passou, mas isso é normal. Hoje também é bom e é gratificante viver”, relata.

Segredo para chegar no centenário? Maria acredita que não existe, pois sempre levou uma vida normal e nunca pensou em chegar a essa idade. Mas algo que pode explicar é sua alimentação. “Gosto muito de frutas e banana não pode faltar no meu café da manhã”, diz, sorrindo.

Expectativa de vida

Em 2008, o Brasil tinha 10 mil pessoas acima dos 100 anos, algo que dobrou 10 anos depois. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que em 2018 tenha 24 mil pessoas quebrando a barreira centenária no país. O IBGE afirma que a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 30 anos, passando de 45,5 para 75,5 anos.

Isso é reflexo de um outro dado. De 2000 a 2015 a expectativa média de vida no mundo aumentou cinco anos, ficando em 71,4 anos. No Brasil, a última atualização aponta uma expectativa de 75,51 anos, enquanto um catarinense tem uma esperança de viver por 78,7 anos.

Jaraguá do Sul acompanhou o ritmo do crescimento mundial. Em 2000, a expectativa de vida na cidade era de 70,64 anos, enquanto no último levantamento quase ultrapassa a barreira dos 77 anos.

 

Números

Mundial: 71,4 anos
Brasil: 75,51 anos
Santa Catarina: 78,7 anos
Jaraguá do Sul: 76,92 anos

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Gustavo Luzzani

Estudante de Jornalismo apaixonado por esportes, cultura e séries