Jaraguaenses pelo mundo: como é ser intercambista na Finlândia?

Selfie com amigos na Catedral de Helsinque, capital da Finlândia

Por: Claudio Costa

01/02/2016 - 14:02 - Atualizada em: 30/05/2016 - 09:30

Post publicado originalmente em 1 de fevereiro de 2016

Sarah Orthmann é mais uma jaraguaense que está no exterior conhecendo novos ares e vivendo uma cultura diferente. A jovem de 21 anos está cursando licenciatura em física no IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), mas há quatro meses faz intercâmbio no HAMK University of Applied Sciences, em Valkeakoski, Finlândia. Sarah deu um “pulo” de mais de 10 mil quilômetros de distância de sua rotina, caindo num estilo de vida completamente diferente. Como será que é essa experiência? Batemos um papo com a garota pra saber, confere só o que ela nos contou:

– Como pintou a oportunidade para ir para a Finlândia?

Eu estou cursando licenciatura em ciências da natureza com habilitação em física (atualmente, licenciatura em física) no IFSC (Instituto Federal de Santa Catarina), campus Centro. Sempre tive a vontade de realizar um intercâmbio. Então, já no primeiro semestre, comecei a me preparar para tentar conseguir uma bolsa no programa Ciências sem Fronteiras, do governo federal, que vocês já devem conhecer.

Já tinha tudo preparado e estava lecionando inglês no CCAA (o que me permitiu praticar e melhorar o idioma), apenas aguardando para a abertura de edital. No entanto, nesse período, fiquei sabendo das inscrições para o PROPICIE, que é um programa de intercâmbio ofertado pelo próprio IFSC para cursos técnicos, de graduação e pós-graduação. E pensei: “Bom, por que não tentar?!” E me inscrevi. No fim, fiquei classificada em primeiro lugar para a seleção de alunos de graduação, o que me deixou bem feliz.

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Sarah em um lindo pôr do sol, às 14h20, em Valkeakoski. Ao fundo, um lago congelado. Foto: Arquivo Pessoal

Havia projetos para Espanha, Alemanha, Áustria, Portugal e Finlândia. Priorizei a Finlândia por um motivo principal: a educação. Estou estudando para me formar professora. Então, ir para o país que tem a fama de ser um dos melhores no campo da educação, buscando entender e me inserir no seu sistema educacional, era uma oportunidade mais do que incrível para a minha formação.

– Como você recebeu a notícia de que iria para o Finlândia?

Em um primeiro momento, ao abrir o resultado na internet, foi… estranho. Porque eu não senti nada, praticamente. Era como se a ficha não tivesse caído. Eu realmente ia para o outro lado do mundo! Foi quando vi a reação da minha mãe, ficando preocupada e orgulhosa, que comecei a processar a ideia. Mas dali, eu tive um mês e meio até a vinda, tendo que me preocupar com um bocado de questões burocráticas, como conseguir o visto.

Então, nesse período, foquei em resolver essas questões e nem parei para pensar como seria o intercâmbio em si. Foi quando recebi o cartão do visto em casa e tive as passagens compradas pela minha vó que isso se tornou real, mesmo! E era uma mistura de sentimentos: medo, insegurança e muita animação.

– Como foi a viagem? Houve muitas escalas?

A viagem foi bem tranquila. Bem mais tranquila do que eu imaginava. Peguei um voo de Curitiba até São Paulo, de São Paulo até Amsterdã e de Amsterdã até Helsinque, capital da Finlândia. Ao todo, foram 3 voos, assim como será a volta. Mas, ao invés de Amsterdã, passo por Paris. Estava preocupada com um zilhão de coisas, atrasos de voos, perda de conexões, malas extraviadas… Mas deu tudo certo, sendo apenas cansativo pelo tempo. Saí de Jaraguá por volta das 6h e cheguei na cidade destino, Valkeakoski, às 22h – 16h no Brasil – do outro dia.

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– Há quanto tempo você está na Finlândia?

Quatro meses. Cheguei aqui no dia 15 de setembro e retorno ao Brasil em fevereiro.

– Como foi a adaptação ao país? E o clima?

Eu não tenho tanta dificuldade em me adaptar a ambientes diferentes, o que facilitou bastante nesse sentido. As diferenças são inúmeras, mas o que foi mais difícil foi não ter as pessoas que costumo ter por perto. Tive sorte por ter vindo no outono e não estava tão frio. A temperatura estava perto dos 15°C e pude ir me acostumando com o frio gradativamente. Agora é inverno mesmo e a temperatura está -16°C, mas já chegou a -28°C. Isso é um desafio para os friorentos, mas, como todos os ambientes possuem calefação, considero bem mais tranquilo do que quando fica muito frio ou muito quente em Jaraguá, até pelo ar não ser tão úmido.

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O caminho da casa de Sarah até a universidade, em Valkeskoski, no outono. Foto: Arquivo Pessoal

Outra coisa que pode ser um desafio na adaptação é a diferença de fuso horário. Quando cheguei, estava 6 horas na frente do fuso de Brasília. No inverno daqui (ou no verão daí), essa diferença diminui para 4 horas, pois a Finlândia possui horário de inverno e, o Brasil, de verão. A parte mais difícil, acho, é a escuridão do inverno e talvez a claridade no verão. Não vou pegar verão aqui, mas no inverno o sol nasce às 9h30 e se põe às 15h30. E esse tempo de claridade tende a se tornar ainda menor. No verão, é o contrário. Basicamente fica claro durante o dia e a noite.

O caminho da casa de Sarah até a universidade, só que no inverno

O caminho da casa de Sarah até a universidade, só que no inverno. Foto: Arquivo Pessoal

– Como é a receptividade dos finlandeses?

Os finlandeses são extremamente educados e não hesitam em ajudar se vêem que você precisa de algo, em geral. Isso é bastante positivo, mas são mais fechados, quietos, possuindo pouca ou nenhuma iniciativa para iniciar uma conversa a não ser que seja necessário. Quando conversam, vão direto ao ponto, sem ficar de “small talk” como tanto fazemos no Brasil, o que acaba dificultando a construção amizades.

 Selfie com amigos na Catedral de Helsinque, capital da Finlândia

Selfie com os amigos na Catedral de Helsinque, capital da Finlândia. Foto: Arquivo Pessoal

Além disso, os finlandeses são péssimos em fazer ou entender piadas. Passei por algumas situações constrangedoras. Eu fiz algum trocadilho e a pessoa ficou me olhando com uma expressão séria até eu explicar que era uma piada. O mais engraçado é que eles acham que têm um ótimo senso de humor… Mas, como estou na universidade e há cursos internacionais, há vários alunos intercambistas e estrangeiros. Então, no fim das contas, não tive tanto contato assim com finlandeses, sendo que todos os amigos mais próximos que fiz são de outros países.

– Quais são os fatos mais pitorescos ou inusitados da sua estadia na Finlândia?

Agora que estou acostumada é mais difícil falar. Mas lembro que, no começo, fiquei muito surpresa com a quantidade de crianças pequenas andando pelas ruas e indo para a escola sozinhas. Pequenas mesmo, em torno de 5, 6 anos de idade. Eu sempre ficava observando para ver se estavam perdidas ou se algo estava errado, mas é completamente normal aqui. Também estranhei a fechadura das portas, as janelas e portas “duplicadas”, a existência de boas ciclovias por todos os lugares, a limpeza da água direto da torneira, a velocidade para com que a água do chuveiro e das torneiras esquente. Absolutamente todas as torneiras possuem a opção de aquecimento, em todos os lugares.

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Atravessando o Círculo Polar Ártico com Clelia (companheira de apartamento) em um dos maiores pontos turísticos do país: Santa Claus Village, Rovaniemi, Lapônia, com a “verdadeira casa do Papai Noel” ao fundo. Foto: Arquivo Pessoal

E, principalmente, as pessoas deixando seus pertences em lugares públicos. Em praticamente todo lugar que você vai, incluindo a universidade, há um local específico para deixar casaco, touca, cachecol e até mochilas. E as pessoas deixam lá, sem o mínimo receio de alguém roubar. Demorei algumas semanas até começar a deixar os meus também, mas sempre ficava preocupada. Já esqueci luvas em um determinado lugar e quando voltei no outro dia ainda estavam lá. Uma coisa que me surpreendeu recentemente foi descobrir que eles possuem o hábito de deixar bebês dormindo fora de casa (em varandas, por exemplo), no frio – acredito que para acostumarem ao clima. Está fazendo um frio de -10°C (ou menos) e o bebê fica lá dormindo!

– Como é a comida da Finlândia? Houve alguma adaptação?

Como comentei, não tenho dificuldades de adaptação, mas… esse é um grande desafio. A comida no Brasil é maravilhosa, cheia de opções, o que torna mais difícil ficar sem. Quase tudo aqui é importado, pois pouca coisa pode ser cultivada aqui na Finlândia devido ao clima. Vegetais, frutas, carne… quase tudo vem de fora. Inclusive, boa parte vem do Brasil! Mas aí o gosto não é o mesmo, nem parece natural. O que eles chamam de bife é algo mais bizarro do que um hambúrguer, nem parece carne de verdade. Churrasco é com salsicha. Em termos de carne, esquece, nada chega perto da carne que temos no Brasil.

Mas há praticamente de tudo nos supermercados. Então, se você faz a própria comida, não há tanto sofrimento. Na Finlândia, algo bem comum na alimentação são batatas, das mais variadas formas, e peixes. No almoço, os finlandeses tomam leite e comem pão com margarina ou manteiga junto com a comida. No começo, eu não sofri tanto assim, pois esperava que fosse ainda pior para me adaptar à comida. Mas, depois de dois meses comendo na universidade, acabei desistindo e passei a fazer minha própria comida. Conheci pessoas da China, Vietnã e o outro garoto que veio do Brasil que não conseguiram se adaptar nem um pouco, praticamente não comendo o que havia no restaurante da universidade.

– Como você se locomove? O transporte público é de qualidade?

Eu moro em uma cidade bem pequena. Então, tudo fica relativamente perto e vou caminhando para todos os lugares. Em 15 minutos chego na universidade, em 10 minutos vou ao mercado e em 30 minutos estou no centro da cidade. Não conheço ninguém que utilize o transporte público para andar apenas pela cidade. A maioria das pessoas utiliza bicicleta por aqui. Utilizei o transporte público para ir até cidades vizinhas.

Há duas companhias de ônibus, sendo uma para distâncias mais curtas e outra para maiores distâncias. Ambas são de ótima qualidade, mas o preço é muito alto. Isso me surpreendeu ao chegar aqui. Do aeroporto até a minha cidade, uma viagem de menos de 2 horas, a passagem custa € 26,50, algo em torno de uns R$ 117. Imagina pagar isso para ir de Jaraguá até Floripa, cuja distância é ainda maior? Há desconto com cartão de estudante, sempre, mas ainda assim o preço continua bastante alto, como a maioria das coisas aqui na Finlândia.

Folhas de outono: amarelas, avermelhadas e caindo, em Valkeskoski

Folhas de outono: amarelas, avermelhadas e caindo, em Valkeskoski. Foto: Arquivo Pessoal

– O que mais está curtindo na Finlândia?

A tranquilidade, a natureza e o clima. Amo o frio e ver a mudança das estações. A mudança das cores das folhas de árvore no outono é incrível! A tranquilidade e o silêncio, até por haver pouca gente aqui, dá uma paz e é ótimo para pensar sobre tudo.

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Sarah enfrentando -15ºC em Valkeskoski. Foto: Arquivo Pessoal

 

– Como é lidar com o obstáculo da língua?

No caso da Finlândia, não é algo tão desafiador. Por mais que finlandês seja uma língua extremamente diferente da maioria e bem difícil de se aprender, não há muita necessidade disso. Viver aqui falando inglês é bem tranquilo, principalmente no ambiente acadêmico. Na universidade todo mundo fala inglês fluente, e o nível do inglês dos finlandeses em geral é bom. Então é difícil você encontrar um finlandês que absolutamente não entenda inglês e isso normalmente só acontece com os mais velhos. Em lojas e mercados que frequentei e precisei de alguma informação, os atendentes sempre falavam em inglês, pelo menos o básico ou suficiente para entender o que eu pedia. E mesmo quando isso não acontece, claro, dá-se um jeito de se comunicar com gestos, mímica, desenho, seja lá o que for.

Eu passei por situações em que a comunicação não fluía tão bem quanto quando falar na língua materna deles, mas nunca algo que não pudesse ser contornado. Diferente da Rússia, por exemplo, onde é extremamente difícil achar pessoas que falem inglês, mesmo nas cidades grandes. O domínio dos finlandeses do inglês como segunda língua é algo que permite espaços tão internacionais como a universidade em que estou, com inúmeros intercambistas e até alunos regulares estrangeiros, o que é algo fantástico e gostaria muito que houvesse mais no Brasil.

– A realidade da Finlândia superou a expectativa?

Pra ser honesta, eu não sei exatamente o que estava esperando pra avaliar muito bem. Mas a maneira como tudo funciona aqui, segurança, educação, organização, qualidade dos serviços, infraestrutura dos espaços… Sim, isso tudo surpreendeu, como comentei nos fatos inusitados sobre a Finlândia. Algo que eu não esperava era que houvesse tão pouca gente por aqui, até mesmo nas maiores cidades.

Não há trânsito, fila em banco, nada. Quer dizer, são 5 milhões de pessoas no país inteiro. Botando em comparação ao Brasil… Temos mais de duas vezes esse número só em São Paulo, ou seja, uma cidade! E a natureza? A natureza é realmente incrível. Árvores e lagos aos milhares! 187888, segundo o Wikipédia. Inclusive, por isso a Finlâdia é chamada de “Land of Tthousand Lakes”. Existem lagos para todos os lados, com a mudança das estações do ano, podendo ser bem observados.

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Vista da janela do apartamento de Sarah, em Valkeakoski. Foto: Arquivo Pessoal

– Quais lições você deve levar da temporada na Finlândia?

Há algo específico da Finlândia, que foi justamente o que me atraiu. A educação é levada realmente a sério aqui. O seu poder transformador é reconhecido e tratando como prioridade. Isso é algo em que acredito e que, após esse tempo aqui, vou continuar levando comigo de forma ainda mais consolidada. Um exemplo de como isso pode ser visto na prática é que, em frente aos ataques sexuais de grupos estrangeiros que vêm ocorrendo na europa, inclusive aqui, a Finlândia buscou a educação cultural como parte da solução do problema, buscando a conscientização.

Segue reportagem sugerida sobre o assunto: Ataques sexuais levam Finlândia a oferecer aulas a imigrantes sobre como tratar mulheres

Algo mais pessoal e relacionado à experiência de intercâmbio em si, independente para o lugar onde se vai e que muita gente acaba não comentando, é que viajar e morar em um lugar completamente diferente, sozinho, é tão rico de aprendizados e boas experiências quanto desafiador. De repente, você está imerso em uma cultura completamente diferente, totalmente fora da sua zona de conforto.

O que você faz, come, os lugares onde vai, é tudo diferente. E tudo que você tem é você mesmo. Nisso aí é que você se define. São pessoas que não sabem nada sobre você, não te conheceram antes ou ouviram falar sobre você. E quem é você? Quem você é acaba sendo tudo o que você tem consigo e é por isso que ir para fora do país proporciona um crescimento individual tão grande, na minha opinião. Pois você se conhece, você olha pra você mesmo, você se constrói e você melhora como ser humano, aprendendo a enfrentar situações completamente diferentes e passando a ter muito mais segurança em si.

– Onde era mora? Divide uma casa com outros acadêmicos? Família local?

Moro num apartamento próximo da universidade. A universidade não possui dormitórios, mas possui alguns acordos para alunos intercambistas. Um deles é com uma empresa de aluguel. Então, moro num prédio que é basicamente todo direcionado a estudantes, com apartamentos normalmente compartilhado entre duas pessoas. Tenho o contrato de aluguel referente ao meu quarto e compartilho cozinha e banheiro com outra pessoa. Até fim de novembro, tinha uma colega de apartamento da Itália. Agora, estou sozinha até vir outra aluna intercambista.

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Sarah com a amiga e antiga companheira de apartamento, Clelia, em Tampere

– O que mais sente falta em Jaraguá do Sul?

Acima de tudo, amigos, família (incluindo meus dois gatos) e namorado, claro. Como gosto de explorar diferentes ambientes, a parte difícil não é estar em um local diferente, mas as pessoas que você “deixa pra trás”. Sinto falta do IFSC, meus professores e colegas e, querendo ou não, da modesta cena underground de Jaraguá do Sul, dos eventos de rock e metal também.

– O que você gostaria que tivesse em Jaraguá do Sul e que existe na Finlândia?

O clima, a natureza; a gratuidade, qualidade e valorização (!) da educação. Mesmo havendo isso no IFSC da nossa cidade, por exemplo, ainda é exceção ao observar nossa realidade geral, que influencia basicamente todo o resto: eficiência dos serviços e qualidade dos produtos, segurança pública em todos os sentidos e respeito entre as pessoas.

Aqui, as pessoas respeitam muito opiniões diversas e são completamente tranquilas com isso, sem te julgar pela maneira que você se veste, seus hobbies e interesses, ou seu corpo/beleza. Você possui liberdade para fazer suas escolhas, ninguém tem nada a ver com isso, e as pessoas sabem disso por aqui, sem se meter ou ficar criticando os outros.

Há, basicamente, uma maturidade cultural nesse sentido, expressa na igualdade de gênero e respeito às diversidades. Além disso, gostaria muito que tivéssemos mais ambientes internacionais, podendo haver contato com outras culturas, ou seja, um nível de inglês melhor em toda a população.

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Sarah na reserva natural Aulanko, em Hämeenlinna, onde se pode contemplar os vários lagos e natureza

– O que você gostaria que tivesse na Finlândia e que existe em Jaraguá?

Com certeza, as opções de lazer, lugares para ir. Quando a gente mora em Jaraguá, podemos muitas vezes achar que é pouco, mas temos inúmeras opções do que fazer! Inúmeros bares e restaurantes de qualidade, parque Malwee, museus e lugares públicos, vários eventos, shows e festas. Quer melhor época para falar sobre isso do que agora com o Femusc?

Sem falar em tantos lugares incríveis para visitar e que são próximos de Jaraguá, como as praias e tal. Acho que Jaraguá empata até mesmo com as maiores cidades na Finlândia (que, claro, não são tão grandes assim). E a facilidade de fazer amigos, a abertura das pessoas para conversas. Mesmo que a cultura jaraguaense possa não parecer tão amigável em comparação a outros lugares do Brasil, somos muito mais abertos do que as pessoas aqui na Finlândia e países no Norte da Europa.