Ilustrador Alan da Silva, o A23, fala sobre carreira, inspiração e destaque nacional fora de Jaraguá do Sul

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Elissandro Sutil

03/08/2019 - 05:08

Reconhecido no cenário nacional das ilustrações, Alan Rodrigo Lourenço da Silva, de 41 anos, tem uma vida que pode ser considerada tranquila em Jaraguá do Sul.

Natural de Corupá, ele atende por A23 no mundo dos desenhos, onde consegue transportar os admiradores para cenários coloridos e intrigantes.

Alan foi o responsável pelas ilustrações do caderno especial de 143 anos de Jaraguá do Sul do OCP, mas tem trabalhos espalhados por todo o Brasil. Confira a entrevista exclusiva com o designer gráfico abaixo.

Como e quando surgiu o interesse pela ilustração? Chegou a fazer especializações?

Comecei cedo, sempre ficava rabiscando e pintando. Minha mãe também ajudou nessa caminhada. Ela percebeu que eu desenhava diferente das outras crianças nessa idade e nunca me deixou copiar uma ilustração.

 

Ela colocava revista e quadrinhos na minha frente para olhar e desenhar, comecei a fazer só olhando. Daí em diante pratiquei muito, fazia tarefas da escola e passava o dia rabiscando. Fui aperfeiçoando até que na adolescência tive a oportunidade de trabalhar na área, em uma empresa têxtil, e conhecer outros profissionais, aprender com eles.

 

Cada um tem seu estilo, fui evoluindo e depois fiz faculdade de design gráfico. Ainda fiz outros cursos, trabalhei com ilustradores qualificados e aprendi mais.

Os seus traços têm características bem marcantes, como definiria o estilo do seu trabalho? Quais são suas inspirações?

Eu sempre gostei do desenho, de observar, mas quando comecei a fazer esse tipo de traço chamado doodles , conheci o trabalho do Mulheres Barbadas, Bicicleta Sem Freio e Mac Bess, que misturam um monte de detalhes e fazem a pessoa passar um tempo olhando a ilustração, procurando coisas diferentes.

 

Fui gostando e fazendo do meu jeito. Coloco coisas que eu gosto nos desenhos, de comida, bebida, de lazer. Misturo tudo na ilustração. Nesse estilo é legal que dá para “viajar” um monte, usar a criatividade. Por isso me identifiquei com esses traços.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Nesta área você é bem reconhecido, mas aqui na região o pessoal acaba não comentando muito sobre o teu trabalho. Você acha que falta essa valorização local para a arte?

Na região, infelizmente, sim. Vários artistas não valorizados. Eu comecei a participar do Pixel Show, um festival de criatividade em São Paulo, e conheci muita gente boa.

 

Lá o pessoal vem conversar comigo, reconhece o meu traço, agora sou sempre convidado para ilustrar no evento. Eles pedem dicas, tiram foto e dou até autógrafo.

 

Aqui, eu consegui fazer trabalhos muito legais como a fachada da Grafipel, que está espalhada pela cidade inteira com as sacolas estampadas. Mas já escutei pessoas falando que quem tinha feito a arte era alguém de fora e não daqui.

Quais dos seus trabalhos você destacaria? Já trabalhou para quais marcas?

Meus trabalhos para a Editora Abril, fiz desenhos internos para a revista e duas capas. A Urban Arts também vende vários desenhos meus, eles fazem quadros e posters para o mundo todo.

 

Já vi pôster com ilustração minha em filme nacional, quadro decorando espaço de propaganda na televisão e em capa de revista de arquitetura ou design.

 

São coisas pequenas, mas gratificantes. Por uma agência, fiz desenhos para a Puma quando estavam patrocinando a Copa do Mundo.

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Como é o seu processo criativo? Usa ainda o papel ou vai direto para programas de computador?

Às vezes já estou com a ideia na cabeça e começo a rabiscar manualmente mesmo. Quando tem detalhes, o traço é manual mas precisa digitalizar, depois eu passo para o computador. Hoje, com a tecnologia a nosso favor tem efeitos, texturas e coloração que conseguimos aperfeiçoar com programas.

 

Os tablets também são ótimos para a ilustração porque você pode levar para qualquer lugar. No caderno de aniversário de Jaraguá do Sul, que fiz para o OCP, o tablet ajudou muito.

 

Li os textos dos jornalistas, interpretava e transformava em desenho. Fiquei feliz pela confiança e resultado. No geral, todos os trabalhos que faço já tenho uma ideia definida e faço acontecer.

Os teus desenhos já viraram tatuagens por aí?

Sim, também faço tatuagens. Muitos me pedem desenhos com esse traço para tatuar. Teve um chefe de gastronomia do Rio de Janeiro que queria uma ilustração especial para ele.

 

O pessoal gosta de misturar vários desenhos um no outro, é um traço mais moderno que está com muita procura atualmente.

 

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