Antigamente em Jaraguá: a história e as curiosidades do Supermercado Breithaupt da Getúlio Vargas

Por: Claudio Costa

18/01/2016 - 16:01 - Atualizada em: 24/02/2016 - 13:50

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O cenário econômico de Jaraguá do Sul contou com o trabalho de diversas empresas familiares para se tornar forte e consolidado. Um exemplo de sucesso é o da família Breithaupt. A história de empreendedorismo começa com a chegada de Walter Breithaupt para a cidade, em 1923. Segundo a chefe do Arquivo Histórico, a historiadora Silvia Kita, Walter veio ao município para ser juiz de paz.

Breithaupt e Cia

Perspectiva histórica da futura Av. Getúlio Vargas. À esquerda, o comércio Breithaupt em seus primeiros dias. Foto: Acervo Famíila Breithaupt

No ano em que chegou em Jaraguá do Sul, Walter enxergou o potencial econômico da cidade e abriu um comércio. O negócio começou em um prédio de 35 m² (foto acima), localizado na avenida Getúlio Vargas (na época rua Independência), em frente à Estação Ferroviária. Aquela era a região de maior movimento do município.

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A Breithaupt e Cia foi fundada ao lado da estação. Foto: Acervo Famíila Breithaupt

Em 9 de dezembro de 1926, o empresário se associou com o irmão Arthur – um dos fundadores da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul). Então, eles fundaram a empresa Breithaupt e Cia. O comércio disponibilizava uma grande variedade de produtos. Lá, os clientes encontravam banha, açúcar mascavo, fazendas, armarinhos, louças, secos e molhados.

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Os irmãos Walter (E) e Walter Breithaupt. Foto: Acervo família Breithaupt

Os irmãos da Breithaupt e Cia expandiram as suas atividades e realizaram, por exemplo, o transporte das cargas que chegavam pela ferrovia. A empresa realizava a rota Jaraguá – Blumenau, além de despachos junto à estrada de ferro São Paulo – Rio Grande do Sul. “Teve até uma época em que eles tinham um posto de combustíveis”, relembra Silvia.

2.servicos de carga

Arthur posa ao lado da frota de veículos que faziam o transporte de cargas. Foto: Acervo família Breithaupt

Após a morte dos fundadores, Hans (filho de Artur) adquiriu a parte dos herdeiros e passou a administrar a empresa ao lado da mulher, Carmen Piazera Breithaupt.  O Comércio e Indústria Breithaupt realizava a venda de tecidos, aviamentos, brinquedos e materiais de construção. “Eles não trabalhavam apenas com o comércio de secos e molhados, vendiam ferragens e tinham um moinho atrás da estação”, lembra a historiadora. A atividade de moagem de cereais era realizada em um prédio enxaimel no outro lado do trilho.

hans e carmen

Hans Breithaupt (E) e Carmen Piazera Breithaupt. Foto: Acervo família Breithaupt

Em 1986, o prédio foi transformado em um supermercado. Com grandes corredores formados pelas longas estantes e uma grande variedade de produtos, o comércio atraia não só consumidores da região central como também de bairros do interior. O assoalho de madeira do local rangia com o movimento intenso dos carrinhos e os passos dados pelos clientes. No local funcionava o escritório central do Comércio e Indústria Breithaupt.

1970 - Loja tecidos, confc. e brinquedos

Outra perspectiva do supermercado, aqui na rua Emilio Carlos Jourdan, mostrando também a loja de tecidos confecções e brinquedos na década de 70. Foto: Acervo família Breithaupt

A parte que certamente traz mais nostalgia para quem frequentava o supermercado Breithaupt do Centro era a famosa lanchonete, localizada na entrada do estabelecimento. Com um grande balcão e banquetas redondas em linha, o local foi criado para atender os viajantes da estação, pois o Bar Catharinense e o bar do prédio da estação não conseguiam atender a demanda de clientes. “A região do Centro Histórico sempre foi a mais movimentada da cidade, pois havia, até o final da década de 80, um grande fluxo gerado pelo trem de passageiros, a popular Litorina”, relata Kita.

O Shopping Breithaupt. Foto: acervo família Breithaupt

O Shopping Breithaupt. Foto: acervo família Breithaupt

O prédio que abrigava o supermercado foi demolido em 1998. No terreno foi construído o Shopping Breithaupt, inaugurado em 1999. Após a ampliação do prédio, o empreendimento passou a ser chamado de Jaraguá do Sul Park Shopping. A empresa continua em constante  atividade e completou 89 anos em 2015. Agora, o negócio da família tem foco na venda de materiais de construção, máquinas, ferramentas, eletrodomésticos e artigos automotivos.

Memórias da infância

Supermercado Breithaupt na década de 90. O acesso à lanchonete era feito por essa entrada. Foto: Acervo família Breithaupt

Supermercado Breithaupt na década de 90. O acesso à lanchonete era feito por essa entrada. Foto: Acervo família Breithaupt

Este jornalista passou uma pequena parte da sua infância morando em uma casa da família Breithaupt na rua Epitácio Pessoa, no Centro. A lanchonete do supermercado também fez parte daquela época. Comi deliciosos pães com manteiga e pães com bolinho naquele estabelecimento. Sentar nos bancos da frente do balcão era uma experiência bem divertida, dada a possibilidade de girar sobre o próprio eixo.

O mercado Breithaupt da Getúlio Vargas era a principal referência de compras para os moradores do Centro. Quando tinha apenas sete anos, ia até lá para comprar pão ou qualquer outra coisa que a minha mãe precisasse, lembrando que Jaraguá do Sul era uma cidade muito pacata em 1994.

Ao lado do supermercado, havia um grande estacionamento (como pode ser visto nesta foto) e, ao fundo, havia a loja de tecidos e outras utilidades. Durante a década de 90, não haviam muitos locais para brincar no Centro. Aos domingos, eu e os meus amigos rodávamos com nossas bicicletas pelo estacionamento vazio. O grande pátio também servia de palco para partidas de futebol improvisadas e outras brincadeiras.

Curiosidades
– Antes da demolição, a área total construída do supermercado e da loja anexa era de 400 m²;

– Clientes que moravam nas proximidades utilizavam os carrinhos para levar as compras até em casa;

– Dona Carmen, como era chamada por todos, utilizava a cozinha do supermercado para cozinhar quitutes;

– Como em todo negócio antigo, clientes assíduos da lanchonete eram tratados pelo nome pelas atendentes.

– A empresa foi herdada por Bruno e Roberto Breithaupt, filhos de Hans. O controle do negócio da família foi assumido recentemente por Bruno Breithaupt Filho. A direção do negócio está na sua quarta geração;

– Moradores de bairros como Garibaldi, Santa Luzia e Rio da Luz vinham de ônibus exclusivamente para fazer compras no supermercado Breithaupt do Centro;

– Muitos clientes utilizavam sacos de estopa para levar para casa as compras;

1973 - Loja de MC e Móveis Mal.338

Foto: Acervo família Breithaupt

– Surpresa inesperada, a família Breithaupt nos enviou também uma imagem da loja de móveis e materiais de construção que ficava localizada na avenida Marechal Deodoro da Fonseca (foto acima). Ela tinha duas piscinas na entrada, lembram-se?

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Claudio Costa

Jornalista pós-graduado em investigação criminal e psicologia forense, marketing digital e pós-graduando em inteligência artificial.