Grupo organiza festa para lembrar chegada dos colonizadores italianos na região

Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: OCP News Jaraguá do Sul

07/09/2017 - 06:09 - Atualizada em: 17/04/2018 - 16:50

Era abril de 1877 quando as primeiras famílias italianas chegaram ao Sul de Santa Catarina. Os 140 anos de imigração e todo legado deixado por esse povo, que deixou marcas profundas na cultura local, são celebrados ao longo deste ano com festividades na região.

Uma das grandes lideranças quando o assunto é resgatar as origens dos ancestrais italianos, o empresário Aclino Feder encabeça movimento que comemorará a vinda desses desbravadores a Luís Alves.

O aposentado José Valdir Ronchi, que atua na Fundação de Cultura de Massaranduba e integra a Associazzone Bellunezi Nel Mondo, fez uma minuciosa pesquisa sobre a vinda dos colonizadores. “A Colônia Luís Alves foi uma das últimas a receber imigrantes de Santa Catarina, em 1877”, atesta. “Vieram pelo porto do Rio de Janeiro, em três grupos”, esclarece ele. O primeiro partiu no vapor Colombo do porto de Gênova e aportou no Rio de Janeiro em 3 de novembro de 1887 com 19 famílias, totalizando 98 pessoas da província de Belluno (Treviso). Depois rumaram para Itajaí e cinco dias depois, foram conduzidos a Luís Alves. As viagens duravam de 30 a 40 dias.

A segunda embarcação, o vapor Henri, saiu do porto de Havre, da França, e aportou com 20 famílias  oriundas da província de Mantova (Lombardia), algumas da região do Trento, num total de 114 pessoas. Já o terceiro e último grupo pisou em terras cariocas conduzido pelo vapor Colombo, de Gênova, em 12 de fevereiro de 1878. Eram 86 pessoas de 20 famílias, de Bergamo. “Eles (colonizadores) vinham fugindo da fome, das dificuldades com a unificação da Itália, da falta de terra para plantar, das guerras, e também por razões pessoais”, observa o pesquisador.

O evento que comemora essa trajetória dos colonizadores será realizado na comunidade Sagrada Família em 26 de novembro. Uma comissão, presidida por Feder, organiza detalhes da comemoração, que prevê missa campal, homenagem aos descendentes das famílias dos imigrantes da região, almoço com cânticos, danças folclóricas e exposição fotográfica.. Autoridades da Itália são aguardadas.

Os organizadores farão uma homenagem in memoriam ao mentor que orientou os imigrantes em relação à criação de cooperativas agrícolas antes mesmo de partirem da Itália: Dom Antonio Della Lucia. O homenageado receberá um memorial junto à igreja Sagrada Família, no Braço do Norte, em Massaranduba.

Antes da grande festividade, outra data que está movimentando o grupo é a 15a Festa da Porchetta, marcada para o dia 23 de setembro, no Salão  Catarinense do Brüderthal, em Guaramirim, jantar dançante em que os participantes podem levar uma taça de vinho para casa. Os convites custam R$ 55.

Resgate da etnia

O engajamento no resgate dos descendentes italianos fez com que o empresário Aclino Feder ajudasse a fundar a Associação Italiana de Guaramirim, em 2002, ano em que assumiu como primeiro presidente. Antes disso, já havia se envolvido na criação da Associassone Bellunezi Nel Mondo e estava ligado ao Círculo Italiano de Jaraguá do Sul.

A ideia de conhecer a origem familiar surgiu em meados da década de 1980, quando Aclino foi a Milão, inicialmente, para participar de uma feira internacional moveleira. Posteriormente, foi a Canale Dagordo, onde conheceu a história da família Feder.

“Envolve muito empenho, muita pesquisa para entender a luta desses imigrantes, toda essa bravura de virem para cá. Encontraram terra boa, mas sofreram muito”, destaca. “Para marcar essa nossa paixão, em agradecimento a esses imigrantes, hoje temos a Chiesetta Alpina”, observa.

*Reportagem Sônia Pillon