A maconha tem uma longa história de uso medicinal, recreativo e industrial, mas seu consumo frequente ainda gera debates. Atualmente, é a substância ilícita mais utilizada no mundo. No Brasil, segundo o Datafolha:
- 1 em cada 5 brasileiros já fumou pelo menos uma vez;
- 25% dos que já usaram continuam consumindo;
- 5% dos adultos são usuários ativos, em sua maioria homens jovens;
- 8% nunca tiveram contato com a substância.
Mas o que acontece no corpo quando a maconha é usada com frequência? A ciência já tem algumas respostas. Derivada da planta Cannabis, ela contém centenas de compostos, mas os dois principais são:
- THC (tetrahidrocanabinol): responsável pelos efeitos psicoativos e euforizantes, além de algumas propriedades terapêuticas;
- CBD (canabidiol): tem propriedades analgésicas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras, sem efeitos intoxicantes.
Quando fumada, a maconha é rapidamente absorvida pelos pulmões, e os efeitos podem ser sentidos em segundos ou minutos.
Pesquisas mostram que o uso diário ou quase diário da maconha pode trazer diversas consequências para o organismo:
1. Alterações no cérebro: Pode afetar memória, concentração e tomada de decisões. Efeitos são mais graves em adolescentes, já que o cérebro ainda está em desenvolvimento. O uso precoce pode aumentar o risco de psicose e esquizofrenia, especialmente em quem tem predisposição genética.
2. Problemas respiratórios: Assim como o tabaco, a fumaça da maconha contém compostos nocivos, podendo causar tosse crônica e aumento de muco, maior risco de infecções pulmonares e bronquite, possível relação com enfisema e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Embora o tabaco tenha um impacto mais forte na saúde pulmonar, o consumo conjunto dos dois pode aumentar o risco de câncer de pulmão.
3. Risco de dependência: Apesar de ser menor do que o do tabaco e do álcool, o uso prolongado pode levar à dependência, com impactos na vida pessoal e profissional. Aproximadamente 1 em cada 10 adultos que usam maconha pode desenvolver dependência, sendo que o risco é maior entre adolescentes e usuários frequentes. Homens são mais propensos, mas entre as mulheres o avanço do quadro costuma ser mais rápido.
Os principais motivos citados por usuários são:
- Conformação social (42%);
- Experimentação (29%);
- Busca por prazer e relaxamento (24%).
Além disso, algumas pessoas utilizam a substância para fins terapêuticos ou automedicação.
Algumas populações são mais vulneráveis aos efeitos da maconha e devem evitá-la:
- Menores de 25 anos: devido ao impacto no desenvolvimento cerebral;
- Gestantes: pode atravessar a placenta, afetando o feto e aumentando o risco de morte súbita infantil;
- Pessoas com histórico de psicose: o uso pode desencadear ou agravar transtornos psiquiátricos.
No Brasil, a cannabis medicinal é regulamentada pela Anvisa desde 2014. Estudos indicam que seus compostos podem ajudar no tratamento de diversas condições, como:
- Epilepsia;
- Náusea e vômito causados por quimioterapia;
- Perda de peso associada a doenças como câncer e HIV/AIDS;
- Dor crônica e redução do uso de opioides;
- Ansiedade, depressão e estresse pós-traumático;
- Doenças neurodegenerativas, como Parkinson e Alzheimer.
As apresentações disponíveis no Brasil incluem óleos, sprays, pomadas e géis. O uso deve ser supervisionado por um médico.
Embora o uso recreativo da maconha tenha efeitos variados e dependa de fatores individuais, o consumo diário pode trazer riscos para a saúde mental e física. Por outro lado, a cannabis medicinal tem mostrado benefícios quando usada corretamente. O debate sobre legalização e regulamentação continua, mas, enquanto isso, é importante que o público tenha acesso a informações baseadas na ciência.
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