Que livro você está lendo hoje? Que papel a leitura e a literatura exercem na sua vida? Boas reflexões para se fazer passeando pela 19ª Feira do Livro de Joinville, que preenche os corredores do Expocentro Edmundo Doubrawa, junto ao Centreventos Cau Hansen, nos primeiros 11 dias de junho.
Sob o tema “O livro nosso de cada dia”, o cardápio deste ano da feira disponibiliza espaço privilegiado para a literatura brasileira: estarão no evento nomes como os consagrados Lázaro Ramos, Itamar Vieira Junior, André Neves, Léo Cunha e Eliane Cavion, entre muitos outros.
Também participa Cleyton Mendes, o carteiro paulista, poeta desde os 10 anos, e que já tem 4 livros publicados desde que decidiu amplificar poesia pelas ruas do centro de São Paulo, onde entregava correspondência.
O evento que antecipa as comemorações, ano que vem, dos 20 anos da Feira do Livro de Joinville, guarda uma participação muito especial: a autora portuguesa Maria Inês Almeida.
Jornalista de formação, Maria Inês trabalhou vários anos em sua primeira atividade profissional – em que recebeu, inclusive, o Prêmio Revelação do Clube de Jornalistas. Mas em 2009, decidiu entrar para o universo da literatura infantojuvenil. Hoje, com mais de 60 livros publicados, integra o seleto grupo de autores indicados pelo Plano Nacional de Leitura de seu país – além de alguns títulos em outros países.
Natural de Lisboa, Maria Inês escreveu, entre vários outros, os já consagrados “Diário de uma Miúda como tu”, ¨Sem Abrigo”, “Quando eu for… Grande”, “O Pequeno Livro da Empatia”, “A Admirável Aventura de Malala” e “O Pequeno Livro da Vida”, entre muitos outros. Mãe de José e de Maria Francisca, Maria Inês acredita firmemente que livros podem mudar o mundo. Em Joinville, ela lança seu livro mais recente e vem acompanhada do embaixador português no Brasil, Luís Faro Ramos.
Mas a Feira do Livro 2023 traz, também, uma agenda cheia de atividades envolvendo os escritores e seus públicos. Idealizadora e realizadora da feira desde a primeira edição, a produtora cultural Sueli Brandão sublinha a importância não apenas de abrir espaço para os escritores locais, mas, também, trabalhar forte na formação de leitores.
“Neste ano, estamos convidando voluntários que queiram apadrinhar as escolas públicas. A ideia é de que cada padrinho faça a doação dos livros do autor do dia aos alunos das escolas públicas”, explica. Assim, cada criança recebe seu exemplar, devidamente autografado pelo autor. “E inaugura sua biblioteca”, sorri Sueli.
Atividades já confirmadas
- Seminário Catarinense de Mediação de Leitura
- Sessões de Cinema Sesc
- Debate com a OAB Joinville
- Apresentações teatrais com a Cia de Teatro da Univille
- Circuito Teatral com as companhias Tesouro da Arte Produções (SP) e LamiraArtes Cênicas (TO)
- Encontro de Blogueiras Literárias
- Concurso de Cosplay
- Poke Encontro
- Contações de histórias.
Cerca de 150 escritores participaram das 18 edições já realizadas, e o público, segundo os organizadores, alcançou perto de 1 milhão de pessoas.
Um futuro melhor a partir da leitura
Por Mario Cezar de Aguiar, presidente da Fiesc e patrono da 19ª Feira do Livro de Joinville
O mundo empresarial enxerga cada vez mais o capital humano como um ativo estratégico. Desenvolver e reter talentos tornou-se um dos principais diferenciais competitivos para as companhias.
Assim, investir na educação e na ampliação do conhecimento das equipes é, além de uma iniciativa de impacto social, essencial para o sucesso nos negócios. O incentivo à leitura faz parte deste contexto.
Mais do que trazer conhecimento técnico, os livros retratam o passado histórico, marcam o papel com tinta e a memória com relatos de quem viveu a história. Os livros de ficção, por exemplo, abrem a mente para a criatividade e a inovação.
Ler é cultura e, como nossos professores sempre ressaltaram, é viajar sem sair do lugar. É uma forma de desenvolver o senso crítico, a habilidade da escrita, o vocabulário e a capacidade interpretativa. A curiosidade sobre o tema a ser explorado na obra é, muitas vezes, a chave que abre essa porta. Essas são questões que fazem toda a diferença na carreira profissional.
O brasileiro lê, em média, 4,9 livros inteiros em um ano, segundo levantamento do Instituto Pró-Livro em parceria com o Itaú Cultural. É necessário elevar essa média. Por isso, eventos literários, como a Feira do Livro, de Joinville, são tão importantes, já que fomentam o hábito da leitura, conectando leitores, obras e escritores.
A democratização do acesso às obras, inclusive clássicos da literatura brasileira, também vem acelerando a disseminação do hábito de ler, num momento em que livros digitais também contribuem para que as publicações estejam na palma da mão e possam ser lidas a qualquer hora, em qualquer lugar.
Uma empresa é feita de pessoas que precisam aprimorar constantemente suas habilidades. Quanto mais conhecimento o indivíduo tem, mais qualidade de vida e, consequentemente, mais produtividade é observada em suas entregas.
É por meio das mentes criativas que seguiremos nos desenvolvendo e criando soluções para os desafios da sociedade.
Portanto, é essencial que a estratégia do negócio esteja conectada à estratégia de desenvolvimento do capital humano, em que a leitura abre portas para um futuro melhor.
Espaço para alimentar a mente e a alma
Jura Arruda é escritor e editor em Joinville
Feira costuma ser um espaço para venda de mercadorias, geralmente associado às bancas com frutas, verduras e legumes. É onde se busca qualidade, frescor e bom preço. Uma feira de livros se assemelha em muito a essa descrição. Aqui, a mercadoria é o livro-objeto, que é escolhido por sua cor (capa), frescor (novidades), beleza (projeto gráfico), e, mais do que isso, pelo conteúdo. É a partir da leitura desse produto que uma pessoa se instrui e melhora o seu entendimento sobre as coisas, sobre o mundo.
Assim, consegue buscar seus caminhos, estabelecer objetivos e alcançar a liberdade que o saber proporciona. Daí que a feira do livro é espaço de alimentação, da mente e da alma. Que alimento é o livro!
Por 18 anos, a Feira do Livro de Joinville vem oferecendo esse alimento para Joinville, muitas vezes, lutando contra a falta de visão do setor público e uma cultura que pouco privilegia a leitura. Mas, resistente, se mantém por quase duas décadas e oferece, além do livro, a convivência, a troca de experiências com escritores importantes do Brasil e do mundo, assim como o encontro entre o escritor local e seu público.
A Feira do Livro precisa ser valorizada como o evento importante que é, que gira a economia, mas que também é alicerce para a construção de uma sociedade mais sensível e humana. E isso não é pouco.