Expressões da fé em Jaraguá e região: prática do budismo ganha adeptos e desperta curiosidade

Por: Elissandro Sutil

11/04/2017 - 14:04 - Atualizada em: 13/04/2017 - 14:27

Esqueça a imagem de um monge sem cabelos, vestindo tecidos presos ao corpo e de pés descalços. Quem pratica o budismo no dia a dia não costuma apresentar estes traços e prefere adotar uma postura discreta na intenção de que suas ações falem mais alto que as vestimentas ou trejeitos exagerados.

Considerada uma das maiores religiões do mundo, praticada por aproximadamente 350 milhões de pessoas, o budismo é a maior religião minoritária do Brasil. O senso de 2010, contabiliza a existência de mais de 243 mil praticantes no país. Hoje, este número deve ter aumentado consideravelmente.

O budismo é aplicado no dia a dia por pessoas comuns e não apenas monges

O budismo é aplicado no dia a dia por pessoas comuns e não apenas monges

Em Jaraguá do Sul, a prática do budismo é estimulada, principalmente, pelos encontros da BSGI, a Associação Brasileira Soka Gakkai. A Soka Gakkai é uma organização internacional não governamental filiada a ONU que tem como missão promover o desenvolvimento humano em prol da construção de uma cultura de paz.

A organização difunde mundialmente os ensinamentos do Buda Nichiren Daishonin e foi fundada em 1930. No Brasil, a Soka Gakkai existe oficialmente desde 1960. A entidade está presente em 192 países e territórios e tem destaque internacional pela atuação no auxilio a refugiados e no incentivo à educação e cultura.

Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai e líder pacifista reconhecido mundialmente

Daisaku Ikeda, presidente da Soka Gakkai e líder pacifista reconhecido mundialmente

Em Santa Catarina, Jaraguá funciona como um distrito e abriga os blocos dos bairros Centro, João Pessoa, Baependi e das cidades de Guaramirim e Corupá. Atuando há mais de 30 anos na região, a BSGI promove encontros semanais e mensais que reúnem os membros para prática de orações e a discussão de assuntos atuais.

Segundo a relações públicas da organização no estado, Marilene Kostetzer, o grande diferencial da Soka Gakkai é a promoção do diálogo. “Quando nos reunimos, dialogamos sobre um tema da atualidade que tenha relação com nossa espiritualidade e também o plano físico”, explica.

Em um dos encontros mais recentes, a cura de doenças foi o tema abordado. “Nós refletimos tanto sobre as doenças do corpo quanto as doenças da alma”, comenta Marilene. As reuniões menores acontecem em residências cedidas pelos membros, mas quando o número de participantes aumenta, é preciso alugar uma estrutura maior.

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Grupo de coral feminino da Soka Gakkai na Regional Liberdade em São Paulo

Grupo de coral feminino da Soka Gakkai na Regional Liberdade em São Paulo

Fátima Pereira é uma das praticantes que cedem o espaço de casa para as reuniões. Adepta do budismo de Nichiren há 33 anos, ela é responsável pelos encontros que acontecem em Guaramirim.

“Diferente de outras religiões, não existe um pastor ou uma figura de líder”, conta. “Nós temos sempre uma pessoa que organiza e conduz as falas e orações, mas de maneira bem descentralizada”, completa.

Liturgia utilizada para as orações durante os encontros da Soka Gakkai

Liturgia utilizada para as orações durante os encontros da Soka Gakkai

Os budistas da Soka Gakkai cultuam o gohonzon, um pergaminho sagrado escrito pelo Buda Nichiren Daishonin. Além disso, eles recitam a oração “nam-myoho-renge-kyo”, criada para ser universal. “Não importa o lugar do mundo em que estivermos, a oração será a mesma e poderemos participar da prece”, afirma Fátima.

Segundo Nichiren, recitando o “nam-myoho-renge-kyo” é possível alcançar a felicidade e expandi-la para a sociedade.

A história do budismo teve inicio em meados de 400 a.C., quando se registra a iluminação do primeiro Buda, Siddhartha Gautama. Apesar do contexto histórico, o olhar daqueles que praticam o budismo está sempre voltado para o futuro. “Nós prezamos muito pelos nossos jovens porque acreditamos no papel que eles terão”, garante Marilene Kostetzer.

Pintura da iluminação do primeiro Buda, Siddhartha Gautama

Pintura da iluminação do primeiro Buda, Siddhartha Gautama

Os jovens, aliás, possuem grupos próprios para os encontros. Homens e mulheres, de qualquer idade, também se reúnem em grupos separados. A divisão não se dá por preconceitos, mas sim por conta das necessidades de cada pessoa.

“Os grupos só de homens ou só de mulheres vão poder se ajudar melhor porque vivenciam as mesmas experiências”, explica a relações públicas. “O mesmo acontece com o grupo de jovens ou o grupo de pais”, emenda.

Além das reuniões que acontecem nas casas dos membros, os budistas da região também realizam encontros maiores que são chamados de “palestras”. Estes são especiais para novos membros e para quem tem curiosidade em descobrir como o budismo funciona na prática. “Todos são bem-vindos”, destaca Fátima.

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Prontos

Livro de introdução da Soka Gakkai Brasil para iniciantes

Os budistas preferem não realizar fotografias ou filmagens  durante os encontros em respeito às tradições. A tecnologia, porém, não é vista como inimiga, uma vez que muitas reuniões com regionais de outros estados acontecem via Skype.

Assim como todas as religiões, o budismo de Nichiren possui explicações e crenças sobre os fenômenos corriqueiros da vivência humana. A morte, por exemplo, não é encarada como um tabu, mas sim como mais um momento no ciclo cármico.

Eles acreditam na reencarnação e têm a convicção de que a pessoa retorna com a carga das coisas boas e ruins que fez nas outras vidas.

Conheça as cinco grandes diretrizes da BSGI:

  1. Prática da fé para a harmonia familiar;
  2. Prática da fé para conquistar a felicidade;
  3. Prática da fé para vencer as dificuldades;
  4. Prática da fé para manter a boa saúde e a longevidade;
  5. Prática da fé para alcançar a vitória infalível.

Se você ficou interessado em saber mais sobre a prática do budismo em Jaraguá do Sul e região ou quer mais informações sobre os locais e horários dos encontros e das “palestras”, entre em contato com a Marilene pelo (47) 9 8867-1280 ou com a Fátima no (47) 9 9923-7315.

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