Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Do melaço à medicina: curativo sustentável promete mais conforto para pacientes com varizes

Foto: Freepik

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

20/09/2025 - 08:09

Uma inovação que conecta ciência, sustentabilidade e qualidade de vida dos pacientes com varizes está nascendo em Pernambuco. Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) desenvolveram um curativo feito a partir do melaço da cana-de-açúcar, e os primeiros resultados já mostram que ele pode transformar o cuidado pós-cirúrgico.

O produto está sendo testado em pacientes submetidos a cirurgias de varizes no Hospital das Clínicas da UFPE. Diferente dos curativos sintéticos comuns, o novo material é biodegradável, confortável e menos agressivo à pele.

Da cana para a pele

O segredo está em um biopolímero extraído do melaço da cana por meio de fermentação. O material é atóxico e biocompatível, o que já havia garantido seu uso em outros tipos de curativos, como em úlceras e lesões crônicas.

Desta vez, os cientistas decidiram aplicá-lo em cirurgias de varizes, cobrindo as pequenas incisões deixadas pelo procedimento. A escolha não foi por acaso: segundo o cirurgião vascular Allan Maia, responsável pela pesquisa, o biopolímero é uma alternativa mais natural e menos agressiva, capaz de oferecer benefícios adicionais aos pacientes.

O que os testes mostraram

Na primeira etapa, 55 pessoas operadas de varizes foram acompanhadas. O desempenho foi equivalente ao dos curativos sintéticos, mas com vantagens claras:

  • Mais conforto durante o uso;

  • Menos coceira e irritação na pele;

  • Remoção muito mais fácil e indolor.

“O desconforto ao retirar fitas microporosas, por exemplo, é um problema frequente. Com o curativo de biopolímero, praticamente eliminamos essa dor extra”, explicou Allan Maia.

Pesquisa com propósito

O estudo integra a tese de doutorado de Allan Maia e contou com a colaboração da recém-formada em medicina Mariana Vieira e a orientação do cirurgião vascular Esdras Marques. O trabalho já foi publicado em uma revista internacional da área.

Para Mariana, a experiência foi transformadora:

“Na universidade, somos incentivados a participar de pesquisas, mas esse projeto me permitiu aplicar na prática o que aprendi. Foi muito enriquecedor”, disse.

E os próximos passos?

A equipe agora busca expandir o uso do curativo para outros tipos de procedimentos e feridas. A ideia é que, além de eficiente, o produto se consolide como uma opção de baixo custo e sustentável no mercado.

Vale lembrar que a Anvisa já aprovou versões semelhantes do biopolímero da cana para uso em situações específicas, como cirurgias urológicas e remoção de unhas. A expectativa é que a nova versão voltada para varizes siga o mesmo caminho e chegue em breve aos hospitais.

Uma solução que nasce da cana, mas pode ganhar o mundo: mais sustentável, acessível e pensada para o bem-estar de quem precisa se recuperar.

Clique aqui e receba as notícias no WhatsApp

Whatsapp

Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).