Um fotógrafo cego brasileiro, chamado João Maia está fazendo história na cobertura das Paralimpíadas de Paris. Descrevendo seu trabalho como uma transformação de som em imagem, João é uma verdadeira inspiração no mundo da fotografia esportiva.
O piauiense, que está participando de seu terceiro Jogos Paralímpicos, desenvolveu sua paixão pela fotografia ainda na adolescência, na década de 90. Aos 28 anos, foi diagnosticado com uveíte bilateral, o que resultou em cegueira total em um dos olhos e visão reduzida no outro. Apesar do desafio, João não desistiu de seu sonho de fotografar.
Antes do diagnóstico, João já era um fotógrafo habilidoso. Mesmo após a perda de visão, ele continuou sua jornada e se tornou atleta, conquistando vitórias em competições de corrida. No entanto, sua verdadeira paixão sempre foi a fotografia. Hoje, João é reconhecido como uma referência em fotografia de esportes, especialmente no atletismo.
Paixão pela fotografia desde a adolescência
Em entrevista ao Mídia Ninja, João compartilhou sua trajetória na fotografia. “Sempre me interessei por fotografia. Meu irmão me deu uma câmera de plástico, e a espera pela revelação das fotos era cheia de expectativa. Quando comecei a estudar fotografia, aprendi sobre ISO, abertura e diafragma, e entendi a verdadeira essência da fotografia.”
Durante sua adolescência, João enfrentou dificuldades financeiras, mas se dedicou a ler manuais e a fotografar eventos familiares. Em 1995, ele se mudou para São Paulo e iniciou sua carreira profissional. Mesmo após o diagnóstico, ele enfrentou a adversidade com determinação.
Aos 33 anos, com a visão comprometida, João começou a praticar esportes e teve sucesso significativo. Com o apoio do Movimento Paralímpico e de patrocinadores, sua paixão pela fotografia ressurgiu. “Foi uma realização ver que eu estava entre meus amigos atletas e no ambiente que sempre quis estar”, disse ele.
João já tem uma história notável em Jogos Paralímpicos. Participou dos Jogos do Rio 2016 e Tóquio 2020, onde teve a oportunidade de trabalhar com a jornalista Luciane Tonon. Para os Jogos de Paris, ele retornou como embaixador da Fundação Dorina Nowill, da qual é conselheiro.
Brilhando em Paris
Em Paris, João está se destacando. Sua cobertura começou com o Goalball feminino, e as fotos já estão disponíveis em seu Instagram. Ele conta com o apoio de uma equipe de fotógrafos que o ajuda a ajustar o equipamento, destacando a camaradagem entre os profissionais.
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Durante os Jogos, João vai cobrir várias modalidades, oferecendo visibilidade para os atletas que muitas vezes são invisíveis no cotidiano. “Minha motivação vai além de capturar imagens; é levantar a bandeira da inclusão e do respeito, e mostrar a importância do esporte paralímpico para todos”, afirma ele.
João Maia não é apenas um fotógrafo; ele é um exemplo de superação e inspiração. Seu objetivo é mostrar às crianças que, assim como os atletas paralímpicos, elas também podem alcançar seus sonhos. “Quero inspirar as crianças a verem o esporte como uma forma de mudar suas vidas e realizar seus sonhos.”