Conheça João Eissler, alfaiate com mais de 70 anos de carreira em Jaraguá do Sul

Moldes, agulha, linha e máquina de costura antiga. Esses foram os grandes amigos de João Eissler durante sua vida como alfaiate. João começou sua carreira na década de 1940 e estabeleceu sua primeira alfaiataria em Jaraguá do Sul há 67 anos.

O primeiro negócio próprio teve início no dia 10 de janeiro de 1951, quando seu amigo Joaquim Piazera comprou vários instrumentos que foram usados por João. Os materiais o acompanharam até alguns anos atrás, quando ele decidiu largar a alfaiataria e doar seus utensílios para o Museu Emílio da Silva

Os primeiros trabalhos do jaraguaense foram feitos na casa do próprio Piazera, entre a Estação Nova e o Novo Hotel, em frente a escola Abdon Batista, na rua Arhur Müller. “Passavam muitos viajantes que dormiam no hotel”, conta.

Para fazer o negócio dar certo, foi necessário manter um bom contato com o cliente e  João manteve esse espírito. Ainda hoje, ele recorda o nome do seu primeiro cliente, Edgar Butzke. O alfaiate também conta que aos poucos foram surgindo outros clientes fiéis como Rolando Jansen.

Mas como qualquer profissão, o começo foi difícil, já que o reconhecimento da população não surge de uma hora para outra. Foi preciso conquistar. “Às vezes eu chorava por que não dava conta de pagar a prestação”, relembra.

Ele lembra com carinho das principais pessoas que passavam em frente a sua alfaiataria. “Eram hóspedes do hotel, o Procópio Pereira Lima e Dona Paula que andava com sua bicicleta”, descreve.

Destino final no Calçadão

Para suprir as dificuldades, foi necessário muita dedicação e o principal, uma mudança de lugar. Vendo que o movimento onde estava era baixo, ele pensou em um novo destino. O local escolhido pelo alfaiate foi uma garagem em uma casa antiga.

O lugar era mais movimentado, mas certo dia o dono do lugar chegou para João e disse: “Você é um bom inquilino, mas eu queria derrubar e fazer um prédio”.

Sem rancor, o alfaiate o incentivou a levantar o prédio e foi procurar outro ponto para seu trabalho. Com isso, a alfaiataria foi para uma sala pequena, que tinha somente uma vitrine na frente e não havia uma sequer janela.

Estava difícil para ele encontrar um lugar ideal, até que bateu em sua cabeça a ideia de comprar o espaço na avenida Marechal Deodoro da Fonseca, bem no Calçadão, onde está até hoje.

“Foi nos anos 80 que eu comecei a ser conhecido como alfaiate do centro e minha clientela aumentou”, explica.

João continua no mesmo local há mais de 40 anos | Foto: Eduardo Montecino/OCP News

Paixão pela profissão

Hoje, aos 91 anos, o que João mais sente é saudades dos amigos e das conquistas como alfaiate. Aliás, ele conta que nasceu justamente para seguir essa atividade e que não conseguiria fazer outra coisa.

“Isso é raro, vemos muitas pessoas trabalhando em várias áreas, mas eu só consigo me ver em uma profissão”, ressalta.

Para o alfaiate é uma grande satisfação ver uma roupa bonita, bem cuidada e feita com carinho. Segundo ele, hoje as roupas foram simplificadas e não são tão lindas como antigamente.

Em sua época, não podia ir em uma domingueira e um baile sem um bom terno. “Se no Natal não tinha terno novo, não era Natal”,  enfatiza.

História virou livro

João passou sua paixão pela alfaiataria para seu filho, Roberto João Eissler. Querendo resgatar a história da profissão na região, Roberto e Bernadete Wrublevski Aued, lançaram o livro ‘Alfaiates imprescindíveis: imigração, trabalhão e memória’, em 2006.

Homenagem na Câmara de Vereadores

No dia 6 de setembro de 2018, o vereador Pedro Garcia homenageou João Eissler na Câmara Municipal de Jaraguá do Sul. A congratulação foi dada pela celebração do Dia do Alfaiate, comemorado no mesmo dia.

Homenagem no Dia do Alfaiate | Foto Divulgação CMJS

O parlamentar recordou a importância da profissão para a comunidade e ressaltou a história do alfaiate. “João Eissler é reconhecido por sua excelência e carinho com as pessoas, por isso essa homenagem faz mais do que justa” disse o vereador na época.

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