Nesta sexta-feira (13), Edi Rock, integrante do Racionais MC’s, se apresenta em Joinville.
O rapper é autor de músicas clássicas do rap nacional como “Mágico de Oz” ,”Tempos Difíceis”, “Negro Drama”, “A vida é desafio”, “That’s My Way”, entre outras.
Os ingressos já estão a venda e custam entre R$ 25 e R$ 30. O evento será realizado no Bovary, a partir das 22h.
O músico conversou com exclusividade com o OCP e falou sobre música, igualdade racial, luta contra as drogas, futebol e muito mais. Confira!
Quais as expectativas para o show em Joinville nesta sexta-feira (13)?
Tenho percebido um carinho especial comigo no Sul do Brasil, só tenho a agradecer e, lógico, fazer uma bom show para divertir a todos e a mim.
É isso que gosto: fazer a pista dançar, cantar, desestressar o cotidiano puxado da pressão brasileira. Essa é a minha missão. Esperem coisas boas, energias boas.
Quando um integrante do Racionais se apresenta solo, geralmente o público sempre espera clássicos do Racionais MC’s no repertório. Como é carregar esse “peso”?
Não encaro como peso, para mim é uma satisfação sem tamanho cantar o que nossos fãs aguardam, tem cantores que não gostam de misturar solo com banda, eu penso diferente.
É como se eu estivesse na pista, gostaria muito de ouvir os clássicos da banda. Para mim é tudo uma coisa só e faço questão sempre.
No álbum “Origens”, você destaca a cultura negra nas músicas e, principalmente, na capa do disco. Do primeiro álbum com o Racionais até o seu último em carreira solo, você avalia que houve mudanças positivas para os negros?
Acho que a mudança está nas nossas atitudes que avançaram como cidadãos, como negros, periféricos, ativistas pelo bem comum, pelos direitos de um povo desfavorecido.
A luta continua nos palcos, na rua, no trabalho, no esporte, na escola, na televisão, em todos meios de informação e comunicação.
Acredito que o combate ao racismo está a todo momento nos mostrando uma constante e incansável luta pela igualdade, em todos os setores da sociedade.
É o mínimo. Igualdade. Se a desigualdade existe é porque existe o racismo e este é o crime.
O Brasil é desigual desde o seu nascimento. Quem morre mais? Quem sofre mais? Pobres, índios e negros. Um país que nasceu de escravismo e do errado.
Na faixa “Mágico de Oz”, a canção começa com um garoto falando e, durante a mensagem, ele cita que “se fosse mágico, não existia droga, nem fome e nem polícia”. Como você avalia as questões das drogas e juventude no Brasil? Pensa que o rap pode colaborar para tirar as pessoas dos vícios?
Colabora e mais do que isso: conscientiza. O que é o mais difícil. Você falar que a droga é um mal é óbvio, mas convencer que esse mal é um câncer é o mais complicado.
O rap é como um mantra, uma terapia, um tratamento psicológico que vai abrindo a visão aos poucos e mudando comportamentos. Isso é comprovado.
Conheço e sempre tenho depoimento de fãs que eram viciados e não são mais. Fãs que se formaram, manos e minas que tem a música rap como cartilha de ensinamento e vida.
O rap é a trilha sonora do viver. “Viver é deixar viver”, esse é o lema.
Você é santista, gosta e acompanha futebol, certo? Porém, muitas vezes o futebol é classificado como algo alienável. Como é sua relação com o futebol? O esporte pode ser um instrumento de mobilização popular? Por quê?
Eu acredito no esporte como integração social, como uma extensão da escola, como saúde. No futebol, você aprende a trabalhar em equipe, a dividir perdas e ganhos. Isso você leva para a vida.
Eu tenho uma escolinha de futebol na quebrada chamada 9 de Julho. Temos 200 crianças conosco, um trabalho social fantástico.
Na quebrada, onde o lazer é escasso, o futebol é o playground.
Quais são as suas expectativas para o futuro? Tanto na vida pessoal como na profissional.
Estamos trabalhando bastante, banda e individual. Em 2020, tem muita coisa para acontecer. Trabalhos novos, documentário da banda na Netflix.
O tempo não para e a gente também não. Aguardem. Paz, harmonia e saúde a todos. Lutem pelos seus direitos. Precisamos uns dos outros, ninguém vence sozinho.
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