Comportamento bizarro de Jake Gyllenhaal arruinou um filme de 26 milhões de Euros

Jake Gyllenhaal no festival de Cannes, em 2017. Foto: Georges Biard/Creative Commons

Por: Pedro Leal

31/01/2024 - 16:01 - Atualizada em: 31/01/2024 - 16:25

O comportamento “bizarro” e “instável” do ator Jake Gyllenhaal levou ao cancelamento de um filme de 26 milhões de euros, em um projeto que acabou sendo reiniciado em francês, revelou o diretor Thomas Bidegain e a roteirista Valentine Monteil à revista Technikart, em uma matéria entitulada “Quatro dias para Arruinar um Filme” (em francês, no link).

O projeto para a produtora francesa StudioCanal adaptava o livro “Soudain Seuls”, de Isabelle Autissier, um ‘thriller’ de sobrevivência sobre um casal que naufragava numa ilha perdida na costa do Chile e tentava sobreviver desesperadamente à fome, ao frio e aos elementos violentos, como Adão e Eva na Antártida.

Seria o segundo filme como diretor de Thomas Bidegain, um dos mais famosos roteiristas da França, que trabalhou com o cineasta Jacques Audiard em “Um Profeta“, “Ferrugem e Osso” e “Os Irmãos Sisters”, e escreveu “Stillwater”, de Tom McCarthy, que teve Matt Damon como protagonista.

O projeto inicial teria como protagonistas Jake Gyllenhaal e Vanessa Kirby, como anunciado em junho de 2021, e seria gravado em inglês, com o título “Suddenly” – após longos adiamentos, o filme chegou aos cinemas franceses em francês, com o título “Soudain Seuls”, e Gilles Lellouche e Mélanie Thierry nos papéis principais.

A versão final de Soudain Seuls, com Gilles Lellouche e Mélanie Thierry. Reprodução

Gyllenhaal era um dos produtores do filme, e demonstrou ao longo de quatro dias, segundo os cineastas, um comportamento imprevisível e altamente controlador, exigindo que o roteiro fosse reescrito “linha por linha”; exigiu que membros da equipe de construção dos sets “dormissem em seus carros” para “não trazer Covid-19 para dentro do hotel”; ao visitar locações para filmagem, ficou nu e mergulhou no mar congelante pois “o mar falava com ele” e “quando ele via o mar, tinha que entrar no mar”

Ao terceiro dia, o ator foi passear sozinho pela natureza e encontrou uma égua. Ao voltar para a sala de roteiro, começa a falar sobre a comunhão com a natureza e sugere que o tema do filme deve ser o “amor pela natureza”.

“Rapidamente, ele coloca um discurso da Greta Thunberg no seu computador, com música de rock em fundo. Durou um quarto de hora”, recorda Thomas Bidegain, acrescentando que o ator começou a chorar e a comentar as suas emoções.

Foi “a maior gargalhada da minha vida”, lembra a roteirista Valentine Monteil sobre a sua reação, mesmo com a máscara colocada, ao momento em que o ator “declara que tudo tem de ser reescrito, todas as declarações de amor devem ser declarações à natureza. Vejo o Thomas a dizer para si mesmo que vai perder os seus 26 milhões. Ele inclina-se então na minha direção e diz: ‘Como é que se diz ‘ser fo****’ na Islândia?’ Porque foi exatamente isso que aconteceu…”.

Ao final do terceiro dia, Gyllenhaal teve um acesso de raiva gritando que não quer que existam cenários e exige ver os planos de construção antes de dizer que são todos incompetentes e ameaçar abandonar o projeto.

Cansado com três dias de divergências, Thomas Bidegain perde a paciência e responde para seguir em frente. Na manhã seguinte, telefona ao seu produtor para contar o que se passara: Alain Attal ouve o suficiente e manda cancelar tudo. Semanas mais tarde Vanessa Kirby tentou comprar de Bidegain os direitos sobre o roteiro “para continuar o filme só com Gyllenhall”. Ao levar a proposta para o produtor, Alain Attal, Bidegain teve a resposta que levou ao Soudain Seuls como foi produzido: “Eles que vão a m-“, e a ordem de reescrever o filme em francês e produzir o filme na França.

 

 

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).