Chuva preta? Moradores do Sul do Rio Grande do Sul relatam fenômeno climático; veja

Foto: Izaura Plantikow/Débora Rodrigues/Carol Vianna

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

11/09/2024 - 09:09 - Atualizada em: 11/09/2024 - 09:35

Moradores de várias cidades na região Sul do Rio Grande do Sul, incluindo Arroio Grande, São Lourenço do Sul, Pelotas e São José do Norte, relataram recentemente o fenômeno conhecido como “chuva preta”. Este evento ocorreu na segunda-feira (9) e chamou a atenção devido à sua aparência incomum.

Segundo o Centro de Pesquisas e Previsões Meteorológicas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a cor preta da chuva é resultado da combinação de fuligem proveniente das queimadas com a água da chuva. A meteorologista Josélia Pegorim, da Climatempo, explicou que esse fenômeno também foi observado em cidades do norte do Uruguai, na fronteira com o Rio Grande do Sul.

“A ‘chuva preta’ ocorre quando a chuva, normalmente incolor, atravessa uma atmosfera carregada de fumaça”, detalhou Pegorim.

Previsão para os próximos dias

A previsão indica que a “chuva preta” pode se repetir em outras áreas do estado devido ao deslocamento de uma frente fria. A meteorologista acrescentou que, durante quarta-feira (11), quinta-feira (12) e sexta-feira (13), a presença de fumaça no Sul do Brasil pode provocar o fenômeno em diversas localidades dos três estados da Região Sul, incluindo Porto Alegre.

O climatologista Francisco Aquino, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), já havia alertado sobre a possibilidade desse fenômeno. Segundo ele, a combinação de fatores climáticos adversos, como redução da umidade do ar, ondas de calor e bloqueio atmosférico, poderia contribuir para o fenômeno.

Impacto da poluição na qualidade do ar

Nos últimos dias, o sol em Porto Alegre tem exibido tons alaranjados, resultado da interação dos raios solares com a fumaça das queimadas. Guilherme Borges, da Climatempo, explicou que essa coloração intensa é causada pela maior inclinação dos raios solares.

A empresa suíça IQ Air informou que a qualidade do ar em Porto Alegre na terça-feira, 10 de setembro, estava classificada como “insalubre”. A concentração de partículas finas (PM2.5) está quase 12 vezes acima do limite recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Essas partículas pequenas podem ser inaladas e causar sérios problemas de saúde.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Porto Alegre emitiu recomendações para a população durante este período crítico:

  • Para toda a população: Buscar atendimento médico se apresentar sintomas respiratórios, manter-se hidratado, evitar ambientes externos, e manter portas e janelas fechadas para reduzir a entrada de poluição.
  • Para pessoas com problemas de saúde: Manter medicamentos prescritos ao alcance, buscar atendimento médico imediato em caso de agravamento dos sintomas, e consultar o médico sobre ajustes no tratamento.

Riscos à saúde

A exposição à fumaça pode levar a diversos problemas de saúde, incluindo:

  • Problemas respiratórios, como bronquite e asma.
  • Aumento dos níveis de pressão arterial e doenças cardiovasculares.
  • Irritação nos olhos, nariz e garganta.

Recomendações de especialistas

Para mitigar os efeitos da poluição, especialistas recomendam:

  • Uso de purificadores de ar.
  • Lavagem nasal com soro fisiológico.
  • Ingestão de bastante água.
  • Utilização de máscaras faciais.

A poluição também afeta a aparência do céu e dos corpos celestes. O corredor de fumaça das queimadas, que se desloca por milhares de quilômetros desde estados como Amazonas, Pará e Mato Grosso, tem causado alterações nas cores do pôr do sol e pode até modificar a cor da lua. A alta concentração de poluentes intensifica a coloração avermelhada da lua, especialmente quando ela está próxima ao horizonte.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).