Banho de lua pode causar câncer?

Foto: Ribamar Neto/UFC Informa

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

27/07/2024 - 08:07 - Atualizada em: 27/07/2024 - 08:56

Um estudo recente conduzido pela Universidade Federal do Ceará (UFC) identificou possíveis riscos associados ao banho de lua, um tratamento estético popular para clareamento dos pelos. A pesquisa sugere que o banho de lua pode estar relacionado ao aumento do risco de câncer de medula (leucemia) e síndrome mielodisplásica (SMD), um distúrbio que afeta a produção de células sanguíneas.

O banho de lua é um procedimento estético que utiliza uma solução composta por peróxido de hidrogênio (água oxigenada) e amônia para clarear os pelos. O estudo da UFC indica que a concentração desses produtos químicos e a frequência de aplicação podem representar um risco significativo para a saúde.

Resultados do estudo da UFC

A pesquisadora Letícia Rodrigues, responsável pelo estudo, explica: “Alguns estudos anteriores já sugeriam uma possível ligação entre essas substâncias e o câncer de medula óssea. Nossa pesquisa encontrou evidências adicionais de que a combinação de peróxido de hidrogênio e amônia pode realmente ser um fator de risco para o câncer.”

O orientador do estudo, Ronald Feitosa, da Faculdade de Medicina da UFC e pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), acrescenta: “Este estudo oferece um alerta importante para a comunidade científica. Os indícios sugerem que o banho de lua pode induzir alterações no DNA e na medula óssea, potencialmente levando a leucemia aguda.”

Regulamentação e recomendações

Atualmente, o banho de lua é autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No entanto, os pesquisadores enfatizam que a autorização não garante a segurança absoluta do procedimento. Eles alertam que a frequência e a concentração de água oxigenada e amônia usadas devem ser monitoradas com cuidado.

Letícia Rodrigues recomenda: “Como nosso foco é a prevenção, é aconselhável evitar o banho de lua e outros tratamentos que envolvem essas substâncias químicas, como tinturas.”

Origem da pesquisa

A pesquisa começou em 2019, após Ronald Feitosa entrar em contato com uma paciente de 22 anos diagnosticada com SMD hipoplásica, uma condição em que a medula óssea não produz células sanguíneas suficientes. A jovem, que não tinha histórico familiar de câncer, relatou fazer banho de lua semanalmente por até quatro horas. Ela faleceu pouco tempo depois, deixando um filho de seis meses, o que motivou os pesquisadores a investigar o possível vínculo com o tratamento estético.

Este estudo destaca a importância de estar ciente dos possíveis riscos associados a procedimentos estéticos e a necessidade de precaução ao utilizar produtos químicos como água oxigenada e amônia.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).