Alunos do IFSC de Jaraguá do Sul criam glitter sustentável a partir da casca de arroz

Corte deve afetar as atividades práticas, como nos laboratórios | Foto Arquivo OCP News

Por: Elissandro Sutil

26/02/2019 - 05:02 - Atualizada em: 26/02/2019 - 07:45

Com o carnaval chegando, o uso de glitter e purpurina durante o período de festas aumenta consideravelmente.

Pensando nisso, a turma do sétimo período do ensino médio técnico do IFSC de Jaraguá do Sul criou uma forma sustentável para continuar usando o brilho nas fantasias.

A iniciativa partiu dos próprios alunos durante o ano letivo de 2018, quando eles precisaram elaborar um projeto para a matéria de química.

Camila da Mota Heerdt, Luiza Ferreira Borges, Domenik Marschner, Eloísa Thilles, Maria Fernannda Torezin e Fernanda Romualdo da Silva realizaram pesquisas e a partir de julho do ano passado e colocaram em prática o que aprenderam.

Os alunos iniciaram a pesquisa no primeiro semestre de 2018 | Foto Renan Reitz/OCP News

O produto foi criado a partir de ingredientes naturais, tendo a casca de arroz doada por produtores da região como principal matéria-prima e corantes alimentícios para atingir a cor desejada.

A aluna Camila da Mota Heerdt, 17 anos, conta que a iniciativa partiu do próprio grupo após ler algumas notícias sobre como o glitter é prejudicial ao meio ambiente por ser formado por microplásticos. Assim tiveram a ideia de criar uma versão biodegradável do produto.

“O glitter comum é feito de uma placa de plástico de alumínio picado, essa pequena partícula passa pela tubulação do esgoto e acaba no mar, prejudicando os animais marinhos”, comenta.

O produto inovador é feito a partir da casca do arroz doado por produtores da região | Foto Renan Reitz/OCP News

A professora de química ambiental, Ana Paula Centurião, responsável pelo projeto, afirma que a iniciativa dos alunos trouxe a ela uma imensa satisfação em saber da preocupação dos jovens com o meio ambiente.

“Fico muito contente em ter alunos com essa consciência aflorada sobre a natureza e que tentam de alguma forma contribuir para evitar que os animais marinhos sejam prejudicados”.

Segundo a professora, muitas pessoas não têm noção do que são esses microplásticos e de como eles afetam o meio ambiente. “As pessoas acreditam que isso vai se dissolver, mas não vai, fico feliz pelos meus alunos estarem trazendo uma alternativa sustentável para o planeta”, finaliza.

Vilões para o meio ambiente

No oceano existe uma estimativa de que possam existir cerca de 15 a 51 trilhões dessas micropartículas, que ficam acumuladas no organismo dos animais e prejudicam o desenvolvimento da cadeia alimentar marinha e por consequência afeta também a pesca.

Para o biólogo e chefe de educação ambienta da Fujama, Christian Raboth Lempek, o uso de glitter biodegradável poderia diminuir essa poluição “invisível”.

“Esse material sempre acaba nos lugares errados, como nos rios e oceanos, impactando negativamente o meio ambiente, levando muito tempo para se decompor e quem acaba sofrendo são os animais”, afirma.

Projeto Conectando Saberes

O projeto realizado pelos alunos faz parte do programa de ensino médio técnico “Conectando saberes”. Nesse modelo de ensino, os alunos realizam um projeto de pesquisa do início ao fim.

Ao final de cada ano, os alunos podem levar o projeto adiante para gerar um produto ou uma ideia inovadora. Caso os alunos decidam por não utilizá-lo, o resultado do trabalho fica armazenado no banco de projetos do IFSC.

 

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