A menina que pintou Van Gogh no muro

Arquivo pessoal

Por: Rubens Herbst

19/02/2019 - 10:02 - Atualizada em: 28/08/2019 - 23:08

Quase duas mil curtidas, 456 comentários e cerca de 6,6 mil compartilhamentos. Dez dias depois, esse é saldo da foto postada por este jornalista no Facebook de um muro na rua Timbó, em Joinville, onde foi reproduzida a “Noite Estrelada”, um dos mais famosos quadros de Vincent Van Vogh. E, dentre as questões levantadas por quem viu a postagem, a mais comum perguntava sobre a autoria da pintura.

A resposta para o “mistério” estava do outro lado do muro: Letícia Mello Trapp, de apenas 16 anos e estudante secundarista, sem nem um dia de aula em qualquer escola de arte. Sua maior experiência até este ano eram pinturas nas paredes de duas salas da Escola Hans Mueller, onde estudou – uma delas, a de um planetário reproduzido no teto, contou com a ajuda de duas colegas.

Mas o muro externo de sua casa, ladeado por um terreno baldio e frequentemente pichado, vivia na mira de Letícia. De tanto insistir, acabou ganhando o OK da mãe. Nas férias de janeiro, passou duas semanas com tinta de parede e pincel nas mãos, executando a obra sob o sol escaldante.

Letícia não é exatamente uma admiradora de Van Gogh, mas sim, de telas específicas de grandes pintores, como a “Noite Estrelada”. Como a mãe também gostou da sugestão, ela acabou reproduzida no muro da casa, levando as cores fortes e os traços hipnóticos da clássica tela do século 19 ao movimento intenso da rua Timbó.

“Se aparecer a oportunidade, eu aceitaria, porque gostei muito de fazer”, diz Letícia a respeito de eventuais convites para encarar um desafio semelhante.

Sobre o quadro

“Noite Estrelada” é uma das pinturas mais conhecidas do holandês Vincent Van Gogh, um dos maiores gênios da arte ocidental. A obra, produzida em 1889, mostra a vista que o pintor tinha de um quarto no hospício de Saint-Rémy-de-Provence, onde ele estava internado após cortar sua própria orelha.

O céu estrelado e a lua estilizados, bem como o vilarejo idealizado pelo artista, resultaram num dos quadros mais icônicos da arte ocidental. Desde 1941, ele integra a coleção permanente do Museu de Arte Moderna de Nova York.