A incrível história do pequeno imigrante que saiu da República Dominicana e parou em Pomerode

Foto Divulgação/Prefeitura de Pomerode

Por: Giulia Venutti

26/06/2019 - 17:06 - Atualizada em: 26/06/2019 - 17:11

Em uma manhã chuvosa, com a respiração já ofegante e as gotas de suor escorrendo pela testa, a turma da manhã do quinto ano da escola Hermann Guenther, de Pomerode, se diverte com a brincadeira de pega-pega.

O jogo consiste em dois tipos de jogadores: os pegadores e os que devem evitar ser apanhados. As regras são variadas. Cada grupo possui uma forma diferente de estabelecer como os participantes serão pegos. Em geral, é por meio de um toque da mão. Quem for tocado, automaticamente, vira o pegador da vez.

Uma brincadeira infantil muito conhecida pela maior parte das crianças brasileiras. Para o pequeno Ronalson Jean, 14 anos, é uma novidade que se tornou seu passatempo preferido nos intervalos escolares. Recém-chegado ao Brasil, ainda está se adaptando à nova rotina. Junto com os novos amigos, passa boa parte do seu tempo assim, correndo e dando gargalhadas.

Foto Divulgação/Prefeitura de Pomerode

Há pouco mais de seis meses em território brasileiro, Ronalson ainda possui um longo caminho para conquistar seus sonhos. Hoje, sua principal meta é ser alfabetizado em português. Com um tom de voz baixinho e com algumas palavras ainda embaralhadas com o espanhol, ele conta que Pomerode é um paraíso de viver, se comparado às cidades onde viveu nos países anteriores, República Dominicana e Haiti.

“Aqui, posso brincar na rua e jogar bola sem meus pais precisarem se preocupar. Nas minhas antigas casas, minha vó e minha tia não deixavam, pois era muito perigoso”, explica.

O jovem perdeu a mãe quando ainda era pequeno, morou até os sete anos no Haiti e depois se mudou para a República Dominicana com uma tia. Fugindo da violência e atrás de melhores oportunidades, o pai de Ronalson está no Brasil há mais tempo. O garoto veio com a madrasta no início deste ano e espera com o coração apertado a chegada do irmão mais novo, que ainda está na antiga casa com a tia.

“Não quero voltar lá nem para visitar meus familiares. Prefiro trabalhar um dia e poder trazer todos para cá”, conta, cabisbaixo e com os olhos cheios de planos.

Foto Divulgação/Prefeitura de Pomerode

Com um sorriso largo e contagiante, Ronalson conquistou a escola toda. O sistema educacional da República Dominicana é totalmente diferente, lá os alunos começam a ir à escola já com nove anos. O ano letivo anterior era bem distinto. A coordenação e os professores da escola Hermann Guenther mudaram suas rotinas dentro e fora da sala para poderem ajudá-lo ao máximo.

“Não estamos fazendo toda essa dinâmica só por ele ser estrangeiro. Ronalson inspira carinho. Ele tem um carisma muito grande. Não é preciso estar muito tempo com ele para perceber isso”, assegura o diretor Jelson Luiz da Silva.

A simplicidade do garoto encanta. Questionado sobre o que mais gosta de comer na nova pátria, responde sem hesitar que é maçã e o macarrão da escola. Quanto à matéria, disse que gosta muito de matemática. Ronalson afirma ainda que tem muita vontade de participar das aulas de robótica disponíveis para o nono ano, pois seu sonho é construir carros no futuro.

Mesmo tendo perdido a mãe cedo, ainda no Haiti, e ter tido uma infância em um local tão violento, ele continua com o sorriso no rosto. Com muitos planos e sonhos na bagagem, o pequeno Ronalson Jean faz parte das milhares de crianças imigrantes que buscam por uma vida melhor para si e sua família.

*Texto da assessoria de imprensa da Prefeitura de Pomerode

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