Por Priscila Horvat/OCP News
Em 2024, Jaraguá do Sul vai completar 148 anos. A cidade mais segura do Brasil, além de linda, tem uma lista imensa de predicados que são bem conhecidos por seus moradores e encantam quem a visita.
Só que a cidade tem muito mais a oferecer do que ‘apenas’ belas vistas em todos os ângulos. Desde sua fundação até os dias de hoje, Jaraguá é sinônimo de trabalho, o segredo que a faz crescer a cada dia e, por menor que seja (se comparada a outras cidades do Estado), já ter levado o nome de Santa Catarina para o mundo.
Quem merece o reconhecimento, é claro, são as pessoas que fizeram e fazem Jaraguá, todos os dias. Toda a comunidade se empenha em deixar a cidade limpa, organizada, segura. Alguns desses trabalhadores, mesmo não estando mais entre nós, deixaram um legado que jamais será esquecido. Veja agora um pouco de algumas figuras histórias que todo jaraguaense precisa conhecer:
Emílio Carlos Jourdan
⭐ 19/07/1838 – ✝️ 08/08/1900
Foto: Acervo do Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul/Fundo Família Emílio da Silva
Nascido na Bélgica e com formação em engenharia, veio para o Brasil ainda jovem. Sua coragem e amor cívico pelo País recém-adotado o fez ingressar como voluntário no exército que seguiu para a guerra do Paraguai, o maior conflito armado que aconteceu na América Latina.
Chegou a se tornar Oficial de Artilharia e ganhou honrarias por atos de bravura, além de sempre colaborar com obras de engenharia. Após a luta, já em 1874, veio para Santa Catarina junto com sua família, para trabalhar como Comissário.
O estrangeiro também tinha aquela curiosidade típica de um turista e, por isso, começou a desbravar o interior do Estado enquanto apreciava a natureza da região. Apaixonado pelo Norte de SC, em 1876 fundou a Colônia Jaraguá, em terras próprias, adquiridas diretamente com o governo.
Visionário e colonizador, é dele o mérito por construir o primeiro rancho, engenho e estrada em Jaraguá.
Um ano depois da fundação, já havia 16 famílias instaladas no baixo Itapocu e mais 32 na Colônia, além de seus companheiros e familiares. E então, a pequena Jaraguá estava formada.
Wolfgang Weege
⭐ 29/09/1917 – ✝️ 16/05/1987
Foto: Livro Grupo Malwee 50 Anos
Visão empreendedora. É isso o que definia o trabalho de Weege. Seu nome está estampado por toda a cidade e arredores, como em escola, museu, posto de saúde, rua, pórtico e até rodovia.
É ele a mente por trás da Malwee (junção da palavra ‘malha’ e sobrenome Weege), criada em 1968 uma marca que hoje é conhecida por suas atividades industriais e comerciais e está no top 7 das empresas com maiores faturamentos em Jaraguá do Sul.
Weege tinha em mente o crescimento e a expansão da malharia. Com ideia de trabalho humanizado e um olhar atento para a preservação ambiental, 10 anos depois do início laboral, foi inaugurado o Parque Malwee, criado para ser um centro de lazer para os colaboradores da empresa.
Entretanto, seus 1,5 milhão de área preservada, incluindo 16 lagoas, mais de 35 mil árvores e centenas de espécies de aves e outros pequenos animais, além de toda infraestrutura disponível fizeram o parque se expandir para uso de toda a comunidade. Hoje, ele é considerado uma das maiores áreas de preservação do Estado, ponto turístico da cidade e um dos locais preferidos de visitação dos jaraguaenses no final de semana.
Weege criou a Malwee para ter sucessão familiar e, ainda em vida, passou o bastão dos negócios para seu filho. Hoje, a empresa representa a cidade e leva o nome de Santa Catarina como representante de marca sustentável e acessível. O legado de Weege não poderia ser mais bonito.
Arthur Müller
⭐ 06/05/1895 – ✝️ 27/04/1957
Nascido na vizinha Blumenau, o jornalista começou sua vida profissional em um trabalho na Prefeitura Municipal. Em 1918 migrou para Jaraguá do Sul, onde atuou como escrevente juramentado do Cartório de Notas. Constituiu família por aqui e fundou o Jornal O Correio do Povo (este mesmo!).
Jornalista, também foi gerente e diretor do jornal. Se aventurou na vida política e, em 1947, foi eleito Deputado Constituinte Estadual para a Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Galgou carreira longa na política, tendo sido eleito ainda como Intendente Distrital, Vereador, Presidente da Câmara e como Prefeito Municipal (1951 a 1955).
Seu sonho de comunicar as notícias da cidade ainda perdura, com esse veículo tendo se modernizado. Hoje, pode ser lido tanto na versão impressa como na digital, além de estar presente nas mídias sociais. As homenagens póstumas ainda podem ser vistas por toda a Jaraguá, que carrega seu nome em rua, praça e até no Ginásio de Esportes Arthur Müller.
Aloísio Boeing
⭐ 24/12/1913 – ✝️ 17/04/2006
Foto: Divulgação
Amado pelo povo, reuniu 3 mil pessoas para seu derradeiro adeus. E não estamos falando de nenhuma celebridade, muito pelo contrário. Quem conseguiu tal feito foi um padre!
Visto como um grande conselheiro espiritual na cidade, o religioso em um vilarejo no sul do Estado. Dedicou toda sua vida à fé e caridade: dos seus 92 anos vividos, 71 deles foram de vida consagrada e 65 ao sacerdócio. Em Jaraguá, foi vigário da Igreja Nossa Senhora do Rosário, no bairro Barra do Rio Cerro, e construiu a Igreja Nossa Senhora das Graças e a Comunidade da Fraternidade Mariana do Coração de Jesus.
Em uma homenagem póstuma, em 2022 foi inaugurado um Espaço que leva seu nome, que fica ao lado da paróquia onde viveu a fé por tanto tempo, e também seu túmulo. O local se tornou um lugar de peregrinação e oração. Há muitos relatos de graças alcançadas e placas de agradecimento.
Seu extenso apostolado e obras não passaram despercebidos. Em 2013 foi aberto um processo de beatificação do religioso e, em 2023, foi declarado venerável pelo Vaticano, com autorização do Papa Francisco.
WEG
Divulgação/WEG
WEG não é uma pessoa. Mas não tem como falar sobre seus fundadores sem falar um pouco da empresa, porque ela está intimamente ligada a eles. O nome da empresa mais famosa da cidade, conhecida globalmente, é formada com as iniciais de Werner Ricardo Voigt, Eggon João da Silva e Geraldo Werninghaus. Em 1961, os amigos fundaram a empresa de motores elétricos.
Pioneiros em muitas ideias no País e no Estado, em 1966 criaram a Fundação da Associação Recreativa da WEG (ARWEG) e a primeira CIPA. Dois anos depois, criaram o CENTROWEG, com o objetivo de capacitar colaboradores e adolescentes com interesse em aprender tecnologia.
De lá pra cá, ano após ano, a empresa vem crescendo e quebrando os próprios recordes, graças ao empreendedorismo e criatividade dessas três lendas da indústria local:
Werner Ricardo Voigt
⭐ 08/09/1930 – ✝️ 01/06/2016
Foto: Divulgação
Nascido em Schroeder, se especializou em radiotelegrafia e eletrônica. Visionário e empreendedor, em 1953 abriu uma pequena oficina no centro da cidade, com serviços de manutenção e serviços gerais de veículos motorizados.
Foi dele a ideia e o protótipo do motor que foi o primeiro produto WEG. Já na empresa, era responsável pela liderança técnica graças ao seu perfil de foco e inovação. EM 2008, voltou à cidade natal para a fundação do Centro de Ensino Técnico e Educacional Werner Ricardo Voigt, para oferecer capacitação e oportunidades de ensino para os jovens da região.
É dele a famosa frase “Trabalhar muito e procurar sempre fazer o melhor possível”, tão lembrada pelos jaraguaenses até os dias atuais.
Eggon João da Silva
⭐ 17/10/1929 – ✝️ 14/09/2015
Foto: Divulgação
Conterrâneo de Werner, começou a trabalhar com seus 13 anos, fazendo tudo o que lhe era solicitado em um cartório da cidade. Já com alguma experiência, depois de um ano seguiu novos rumos, sempre na área administrativa.
Em 1957, tornou-se sócio de uma pequena empresa de produção de canos de escape veicular. Por quatro anos, colocou seu foco nos negócios e fez a empresa crescer.
Na Weg, assumiu a presidência por 28 anos, viu a empresa se expandir e acompanhou de perto a atuação internacional da empresa. Com tanta experiencia no currículo, ele ainda foi conselheiro de outras empresas.
Geraldo Werninghaus
⭐ 26/11/1932 – ✝️ 10/02/1999
Foto: Divulgação
Natural de Rio do Sul, desde jovem teve apreço pela área mecânica. Trabalhou na oficina da família e se dedicou ao aprendizado constante.
Na empresa que carrega o “G” vindo de seu nome, atuou como diretor de diversos setores.
Com espírito criativo e inquieto, ajudou não só a indústria, mas toda a cidade. Werninghaus foi um dos fundadores do Corpo de Bombeiros Voluntários de Jaraguá, e era atleta representando da cidade nos Jogos Abertos de Santa Catarina.
A fome de conhecimento e a vontade de trabalhar por uma comunidade melhor o levou à política. Foi eleito vereador, deputado estadual e, de 1997 até a data de sua morte, atuou também como prefeito de Jaraguá do Sul.
O que une esses homens além da cidade? Princípios, trabalho duro e competente, seus ideais, ousadia, realizações. Eles são verdadeiros exemplos para as futuras gerações!
Quem você acha que deveria fazer parte desse time de personalidades locais que jamais devem ser esquecidas em Jaraguá? Envie a sugestão para nós!