5 músicos que levam arte para as ruas de Florianópolis

Yamandu tocando na frente da Catedral. Foto: Emilly Leal.

Por: Emilly Leal

22/05/2018 - 17:05 - Atualizada em: 25/05/2018 - 15:50

De segunda a sábado, o movimento pelo centro de Florianópolis é dinâmico e sempre com fluxo intenso de pessoas, ambulantes, panfleteiros, artesões e artistas de rua. Todos com o intuito de chegar em algum lugar, que seja no trabalho, a traz dos compromissos marcados, responsabilidades diárias, na busca de um futuro promissor ou só o sustento de cada dia.

Quando se anda pelas ruas mais conhecidas da Capital, como Felipe Schimidt, Conselheiro Mafra e Largo da Alfândega, é difícil não se deparar com a trilha sonora de agitação dos comerciantes, falas ao telefone, caminhar ligeiro das pessoas, gente de todo tipo berrando para conquistar um freguês e, claro, os “clássicos” Músicos de Rua que se misturam com os sons da cidade.

A Ilha é um lugar que reúne públicos de todos os tipo, desde o manezinho até o senegalês, intercambistas, pessoas de outro estado, uma mistura de raças e etnias. Todos acompanhando as melodias e os ruídos da urbanização que se misturam, tocam.

Por isso abordamos esses artistas de ruas musicais, que deixam a trilha sonora do centro mais bonita.

1 – Charles, violino

Charles tocando violino no Largo da Alfândega. Foto: Emilly Leal.

Lá pelos lados do Largo da Alfândega, ou até na frente das escadas da Catedral, quem passa por esses pontos populares pode escutar as doces notas tocadas pelo Charles Espindola e o fiel escudeiro, um Violino, além da caixa de som que intensifica mais as melodias de obras clássicas.

Desde os 13 apaixonado pela arte musical, começou sua carreira na noite, tocando com bandas de Forró. Apesar de não ter nenhum músico na família, aprendeu cedo os instrumentos de corda, sem fazer aulas. Há oito anos toca no centro de Florianópolis, que é quando se entrega ao momento com entusiasmo apresentando seu repertório de canções.

Segundo Charles, já foi auxiliar administrativo, porém ganha melhor trabalhando nas ruas. Atualmente compõem algumas músicas com toque de Jazz e ritmos brasileiros, além dos clássicos eruditos.

2 – Brian e Juan, ElectrOrgânico

A dupla do EletrOrgânico na Praça XV. Foto: Emilly Leal.

Com um estilo bem instrumental e um pouco vocal, parecido com o modo beat box, acompanhados de um Didgeridoo, o mais antigo instrumento de boca da terra, e baldes de plástico com mini pratos de uma bateria improvisada, mas muito bem tocada, Brian Berti e Juan Ciovini, dois argentinos que vieram para o Brasil interessados em turistar pelo país, acabaram se apaixonando pelas localidades da Ilha.

Com um som que contagia quem passa, harmonizando uma feição eletrônica com melodias 100% orgânicas, ao vivo, o projeto ElectrOrgânico tocava na Praça XV, embaixo do famoso pé de Figueira, no começo de maio (03). Com diversas pessoas sentadas pelos bancos fazendo uma pausa ou paradas pela música que conquistava facilmente a atenção das mesmas.

A iniciativa ganhou vida em fevereiro de 2017, ficou um ano parada e retornou em janeiro deste ano. Além de SC, o projeto já percorreu por Porto Alegre e interior do Rio Grande do Sul, mas atualmente tocam pelo Campeche, na Lagoa, Rio Vermelho, alguns dos lugares onde se apresentam, além do centro da cidade.

3 – Yamandu, viola

Yamandu tocando viola na frente da Catedral. Foto: Emilly Leal.

Atualmente solista de viola, Yamandu Paz está há mais de 18 anos na rua – oito somente na Capital – encantando quem passa e escuta as melodias afiadas pelo violão que o acompanha próximo ao museu Cruz & Souza, na frente da Catedral. Instrumentista, tem oito volumes de canto e viola e hoje vende nas ruas um CD só do instrumento que domina.

Fez já uma primeira turnê nos anos 90’s, passando pela Argentina e Bolívia, cantando e entretendo por bares da época com clássicos Flamenco e a essência do Tango Milonga. Segundo Yamandu, gosta de dar um classicismo estruturado para seu repertório, agregando as músicas populares.

Já se apresentou por Santo Antônio de Lisboa e na Lagoa da Conceição, aos finais de semana, por três anos consecutivos. Geralmente atua com o improviso, sem muitas autorias, com caráter Folclórico Latino Americano e Gauchesco. Sabe tocar também Gaita e Acordeão, busca seguir na música, apesar das dificuldades econômicas, procurando sempre crescer no meio.

4 – Tião, viola

Tião da Viola na frente do prédio comercial ARS. Foto: Emilly Leal.

De Garapuava, no Paraná, aos 20 anos Tião da Viola, nome artístico e único com o qual se identifica, veio para Santa Catarina com o pai em busca de uma vida melhor para ele e os familiares. Atualmente mora em Capoeiras com a mulher e quatro filhos. Trabalhava como pedreiro, mas com a forte crise de desemprego em 2017, há um ano resolveu ir para rua fazer o que sabia de melhor, tocar viola e cantar.

De chapéu caubói, camisa de botões, calça jeans e bota Tião incorpora o personagem com um look pião despojado, se apresentando geralmente todas as manhãs, às vezes na parte da tarde pela Conselheiro Mafra em frente ao Mercado Público, ou na Jerônimo Coelho travessa com a Felipe Schimidt.

Afirma o artista que tem muito interesse em continuar no ramo da música, mas busca por um trabalho com renda fixa para o sustento da família, que sempre o apoio.  Desde os oito anos sabe tocar instrumentos de corda e hoje canta canções no estilo sertanejo universitário.

Contato: (48) 98428-3213 – Apenas ligação.

5 – Krishna e Facundo, violão e saxofone

A dupla se apresentando em seu primeiro dia, próximo ao Mercado Público. Foto: Emilly Leal.

Krishna Jacques que à mais de cinco anos toca nas ruas centrais de Florianópolis com um Saxofone de Soprano, às vezes até confundido pelos próprios músicos com um clarinete – outro instrumento de sopro parecido –, conheceu Facundo Felich mais ou menos há duas semanas, enquanto apresentava seu repertório e Facundo pedia informações, recém chegado da Argentina, seu país de origem.

No dia em que foram abordados era o primeiro em conjunto se apresentando pelo centro, no estilo de canções em Choro, Samba, Bossa Nova com um toque de Jazz, inspirados pela Música Popular Brasileira (MPB).

Segundo Facundo, começou suas apresentações nas vias públicas justamente quando chegou à Capital, afirmou também que na Argentina não se ganha nada trabalhando nas ruas e que veio para o Brasil em busca de conhecimento da MPB, declarando ser apaixonado pela musicalidade do país.

Felich em seu país trabalhava com contratos de banda para cantar e tocar, sendo músico e tendo como especialidade a Guitarra Elétrica, no qual hoje em dia também dá aulas online sobre o instrumento que domina e nas ruas acompanha Jacques no Sax, com um violão e juntos compõem belas melodias.

Krishna, que já viajou tocando nas ruas, sabe tocar também flauta e dá aulas particulares de música, além de se apresentar por bares e restaurantes com som ao vivo.

Contato Facundo via telefone: +54 (3547) 519392 – Ligação e Whatsapp.

Com tantas histórias inspiradoras, os músicos são um exemplo de quê dá pra seguir seu sonho e fazer o quê gosta, mesmo que seja na rua, se dedicando ao máximo, sem um público para aplaudir.

Aproveite para enaltecer o trabalho desses artistas que trazem uma cor a mais para o dia a dia corrido na Capital e aprecie um pouco dessa trilha sonora que acompanha a rotina da cidade.

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