Empresa do norte do Estado controla 1,3% do mercado de ações do país

Por: Pedro Leal

06/02/2018 - 13:02

O mercado de ações brasileiro, medido pelo índice Bovespa, já chegou a um recorde de R$ 2,585 trilhões, entre as várias empresas que negociam ações na bolsa. 1,3% deste valor se concentra em uma empresa de Jaraguá do Sul, a Weg S.A.. O percentual pode parecer pequeno, mas é 100 vezes maior do que a proporção populacional da cidade, cerca de 0,06% da população do país.

Embora concentre apenas 2% da população de Santa Catarina, Jaraguá do Sul sedia concentra um valor de mercado sem par no estado: a cidade é sede da gigante do ramo dos geradores elétricos, que na última sexta-feira concentrava na Bovespa um valor de R$ 36,7 bilhões.

Nos últimos 18 anos, as ações da Weg tiveram uma valorização de 5.910%, passando de R$ 0,38 em janeiro de 2000 para R$ 22,75 na última sexta-feira (2). Ao ingressar no sistema atual da Bovespa, em agosto de 2004, as ações da empresa estavam cotadas em R$ 2,65.

De acordo com Rafael Lehmkuhl, consultou financeiro da Sherpa Wealth Guides, a proximidade geográfica com a empresa é uma vantagem para os investidores no norte do estado. “A proximidade que temos destas empresas nos permite ter acesso muito mais fácil a estas informações sobre suas operações”, explica, destacando que o mercado de ações, embora arriscado, pode trazer rendimentos muito superiores à poupança ou aos fundos de renda fixa.

Norte do estado também conta com representação no mercado

Jaraguá do Sul não é a única cidade do norte catarinense ter empresas negociando ações na bolsa. Embora não traga o mesmo valor que a Weg, a cidade de Joinville conta com três empresas na bolsa: a Doehler S.A., com valor de R$ 411,5 milhões; a Tupy, com valor de R$ 2,47 bilhões e a Schulz, com valor de R$ 492,4 milhões. Blumenau também conta com empresas no mercado de ações: a Karsten, com valor de mercado de R$ 27,33 milhões, e a Hering, com valor de R$ 3,55 bilhões. Somadas, as cinco empresas valem R$ 6,9 bilhões – 18,8% do valor da Weg.

Em termos práticos, a valorização destas empresas se reflete em investimentos e expansões delas e no crescimento do mercado onde estão instaladas – e não apenas em suas cidades-sede. Ao mesmo tempo, a empresa se torna sujeita a flutuações por contas das expectativas de seus acionistas, como explica o consultor financeiro Layon Dalcanali, da Patrimono.

Outra empresa da região fechou suas ações: a Tigre, originária de Joinville, que fechou seu capital em 2003. A Tigre cogitou reabrir seu capital em 2011, mas a crise financeira adiou os planos por período indeterminado.  O estado também foi berço de metade da maior empresa de alimentos do país, a BRF Foods, valorada em R$ 28,03 bi e hoje sediada em São Paulo.

Como funciona o mercado de ações

Embora seja uma parte fundamental do mercado financeiro, grande parte da população desconhece os mecanismos do mercado de ações – e o que ele significa. Segundo Lehmkuhl, a educação financeira precária da maior parte da população a afasta do mercado financeiro. “Isso está começando a mudar, mas o brasileiro ainda conhece pouco sobre o mercado de ações, nem sobre as empresas onde trabalham, ou do lucro que poderiam ter investindo nelas”, ressalta, exemplificando com o caso da Weg. “Se em 1994 um trabalhador da Weg tivesse investido R$ 10 mil em ações da empresa, hoje ele teria R$ 5,2 milhões, uma valorização de 52 mil %”, explica.

Resumido da forma mais simples, o mercado de ações é um caminho para empresas venderem participação em seu capital – as ações – e lidar com duas questões: a obtenção de fundos para investimentos e a valorização da empresa para obter empréstimos. A abertura de capital funciona “fracionando” o valor de mercado da empresa e vendendo partes dela para o mercado; ao se comprar uma ação, o investidor se torna dono de parte da empresa.

Como explica Dalcanali, quando uma empresa precisa de recursos para novos investimentos ela tem duas opções básicas: ela pode contrair dívida, ou pode abrir parte de seu capital. “Esse capital é negociado com base em oferta e procura, por conta disso as ações são arbitradas pelo mercado, com base nos resultados e perspectivas sobre a empresa”, explica.

Por definir o preço da empresa, o mercado de ações acaba por definir a capacidade da empresa de contrair empréstimos, dando aos credores uma métrica do valor da empresa e sua capacidade para quitar suas dívidas. Ao mesmo tempo, o valor das ações e o número delas determinam o valor da empresa como um todo.

Segundo o analista, não é apenas a performance de mercado que determina o valor das ações de uma empresa, que são afetadas por especulações, dúvidas e polêmicas. “Há também um peso emocional que acaba gerando uma distorção de mercado, como por exemplo o que aconteceu com a Petrobras, que ficou cercada de dúvidas e incertezas”, ressalta.

Empresas do norte catarinense com presença na bolsa (fechamento da sexta-feira, dia 2)

WEG – R$ 22,75/ação – valor de mercado:  R$ 36,7 bilhões

Dohler – R$ 7,50/ação- valor de mercado: R$ 411,5 milhões

Karsten – R$ 4,24/ação- valor de mercado: R$ 27,33 milhões

Tupy – R$ 17,15/ação – valor de mercado: R$ 2,47 bilhões

Schulz – R$ 7,75/ação- valor de mercado: R$ 492,4 milhões

Hering – R$ 22,39/ação – valor de mercado: R$ 3,55 bilhões