Jaraguá do Sul segue como destaque no cenário nacional. Desta vez, o município aparece na capa da Revista IstoÉ Dinheiro que circula neste fim de semana.
A matéria da revista foca nos resultados obtidos pelo setor produtivo no oásis de negócios que Jaraguá do Sul se revela e mostra como a união de esforços entre o poder público e o setor produtivo ajudaram no enfrentamento da pandemia e na busca por uma retomada da economia.
A reportagem especial de seis páginas, de autoria de Sérgio Vieira contou com participação de empresários e figuras públicas como o presidente do conselho da WEG Décio da Silva, o CEO da WEG Harry Schmelzer Jr, o presidente da Duas Rodas Leonardo Fausto Zipf, o diretor executivo do Centro de Inovação Novale Hub Nelson de Almeida Netto, o prefeito de Jaraguá do Sul e também empresário Antídio Lunelli, o vice-prefeito e acionista da Urbano Alimentos Jair Franzner, o presidente da Urbano Alimentos Renato Franzner, o presidente da Zanotti Elásticos Valdemar Zanotti, o presidente do Conselho de Administração da Marisol Vicente Donini, o presidente do Grupo Agricopel Paulo Chiodini e o presidente do Grupo Lunelli Dênis Lunelli.
São apontados na matéria da IstoÉ vários indicadores de destaque para o município, fruto do trabalho unificado entre o poder público e seus empresários.
A cidade alcançou 0,8241 no último Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), de 2018 (com dados de 2016). A média nacional foi de 0,6678 ponto.
Pelo Índice de Desenvolvimento Humano - IDH (o mais recente no Brasil é o de 2010), o município ocupa a 34ª colocação nacional – são mais de 5,5 mil cidades. Na educação, a cidade obteve em 2020 nota 7,2 no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) nos anos iniciais (1º ao 5º), acima do meta, que era de 6,7. Nos anos finais (6º ao 9º), a nota foi 5,9, novamente acima da meta, que era de 5,2.
A relação do empresariado com o desenvolvimento da cidade se demonstra nas falas do CEO da WEG Harry Schmelzer Jr. Para ele, pensar na comunidade local é, antes de tudo, pensar no futuro da companhia. “Jaraguá é uma cidade que tem muitos empresários com mentalidade parecida, que querem esta relação próxima entre a iniciativa privada e a gestão pública”, disse. “Esse é o segredo. Se a cidade vai mal, eu não cresço”, cita Harry.
Dos 33 mil trabalhadores que atuam em 12 países nos quais têm fábricas, 14,5 mil estão em Jaraguá - 8% da população jaraguaense. A WEG também é o tópico de uma entrevista pingue-pongue com o presidente do conselho da empresa Décio da Silva, que encerra a matéria, com foco no papel da relação entre as empresas e a comunidade. “Não se consegue fazer empresas robustas onde a comunidade não é bem-sucedida”, afirma Silva.
É uma relação de peso, compartilhada por outra multinacional local, a Duas Rodas. Hoje com sete fábricas, incluindo operações em Argentina, Colômbia, Chile e México, a maior fabricante de aromas da América Latina iniciou no ano passado um plano de investimento de R$ 200 milhões para expansão dos negócios e processos inovadores. E é em Jaraguá do Sul que está o centro de inovação tecnológica da empresa.
“Exportamos essa tecnologia para todas as nossas unidades. A mão de obra da cidade é extremamente dedicada”, disse Leonardo Zipf, CEO do grupo Duas Rodas. Dos 1,5 mil trabalhadores da companhia, 1 mil estão em Jaraguá do Sul. “Quando uma cidade quer ser relevante, não pode haver um protagonismo. O trabalho deve ser em conjunto. Todos têm um pensamento em comum, que é de construir a cidade”, comentou na entrevista.
Prioridades
A reportagem da IstoÉ destaca ainda as doações de respiradores, gestão empresarial e pública e a união para decidir as prioridades para a população entre os fatores que ajudaram Jaraguá do Sul no enfrentamento da pandemia.
O movimento de coalização entre iniciativa privada e gestão pública já era algo consolidado bem antes da crise instalada a partir da Covid-19 - perceptível em fatores como a histórica proximidade entre o poder público e a Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), unindo esforços em prol do desenvolvimento local e regional.
Foi da Acijs, que veio a condução inicial do Centro de Inovação Novale Hub, após anos de esforços combinados dos setores para a instalação do espaço. Em três anos, já recebeu 18 empresas. “A gente contribui para que esses novos negócios sejam instalados na cidade”, disse o professor Nelson de Almeida Netto, diretor executivo do Centro de Inovação.
Essa relação de proximidade foi apontada à revista pelo prefeito Antídio Lunelli – considerado o terceiro chefe do Executivo mais rico do Brasil, com patrimônio de R$ 350 milhões, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele enxerga justamente na gestão empresarial o caminho para o desenvolvimento da cidade.
Quando assumiu, em 2017, chamou os empresários para decidir os caminhos da administração. Para isso, criou um conselho consultivo, chamado Pró-Jaraguá, lembra Lunelli na reportagem da IstoÉ. “O segredo de Jaraguá é a parceria e o Conselho é importante para avalizar todas as nossas responsabilidades e por nos cobrar”, afirmou. “Por outro lado, eles também começam a entender como funciona o setor público.”
A reportagem se encerra com uma ponderação de Antídio Lunelli: “trata-se acima de tudo de uma gestão do bem público. Quando o dinheiro não é teu, é necessário cuidar mais”, disse. “E não há receita mágica. Há um compromisso de fazermos juntos pela população. Se uma empresa cresce, a cidade cresce”, salientou Lunelli.
Laços com a comunidade
Outro espaço apontado como case de sucesso pela revista é o Hospital São José, gerido por uma diretoria formada por empresários da cidade, que ao longo dos anos vêm se revezando no trabalho social.
Com 241 leitos, 73% dos atendimentos são pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Dos R$ 91,5 mihões de investimentos realizados na unidade entre 2004 e 2020, R$ 36 milhões, ou quase 40%, saíram do bolso dos empresários.
Essa relação foi reforçada à revista pelo empresário Paulo Chiodini, presidente do conselho deliberativo da Associação Hospital São José. “Participar efetivamente da comunidade está no propósito das empresas”, afirmou Chiodini, que lidera o Grupo Agricopel, conglomerado da cadeia de logística e de distribuição de combustíveis e dono da marca de postos Mime. A participação do empresariado na comunidade traz reflexos indiretos na comunidade, afirma Chiodini.
Jaraguá em Dados (levantados pela reportagem da IstoÉ Dinheiro:
R$ 998 milhões - Receita de Jaraguá do Sul em 2020
R$ 1 bilhão - Expectativa de arrecadação para este ano
R$ 7,7 bilhões PIB do município
R$ 51.652,44 PIB per capita
0,8241 No Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM)
40% da receita do hospital filantrópico São José vem da iniciativa privada
E o faturamento de suas maiores empresas em 2020:
WEG - R$ 17,5 bilhões
Agricopel - R$ 2,2 bilhões
Urbano Alimentos - R$ 1,7 bilhão
Duas Rodas - R$ 1,04 bilhão
Lunelli Têxtil - R$ 815 milhões
Zanotti Elásticos - R$ 460 milhões
Marisol - R$ 264 milhões
*Dados citados na reportagem da Revista IstoÉ (ano 22 -nº1226)