Um mês após alta recorde, Bitcoin segue instável

Por: Pedro Leal

16/01/2018 - 08:01

Um mês após sua alta histórica em dezembro passado – quando chegou a valer quase US$ 20 mil – a moeda virtual Bitcoin segue instável, marcada por tendência negativa durante a terceira semana do ano. “No curto prazo, a Bitcoin segue em tendência negativa, são várias notícias negativas e vários problemas na rede que tem prejudicado a moeda”, explica o investidor e consultor financeiro Luiz Felipe Eichstaedt de Bem.

Após rumores de que o mercado teria implodido em dezembro, a moeda continua a ser vista com desconfiança por setores do mercado financeiro. Ontem, o jornal britânico The Guardian foi direto ao recomendar que leitores desistissem da ideia de entrar no mercado. Na quarta-feira passada (10), o bilionário americano Warren Buffet declarou em entrevista à rede CNBC que este mercado “não teria um final feliz”, frisando que não faria nenhuma aposta no futuro da moeda.

O pico inicial no dia 16 do mês passado foi seguido por uma queda vertiginosa na semana seguinte: no dia 22, a cotação chegou a US$ 11 mil. Na semana seguinte, a moeda voltou a subir, culminando em US$ 15,7 mil no dia 26, antes de cair no dia 29, fechando o dia 30 em US$ 12,6 mil.

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Na primeira semana do ano, outro ciclo de ascensão: US$ 17 mil no dia 6, antes de cair para US$ 13,2 no dia 11. Segundo Eichstaedt, o momento é bom para a compra, devido ao valor relativamente baixo – mas caso a moeda continue em queda, é mais prudente buscar outras criptomoedas. Ontem ao meio-dia, a moeda estava cotada em US$ 14 mil.

Ao mesmo tempo em que ganha lenta adesão do mercado geral – na última sexta-feira (12), a rede de lanchonetes KFC passou a aceitar pagamentos em Bitcoin no Canadá – a viabilidade da moeda como moeda tem se demonstrado questionável. Em dezembro, a rede da Bitcoin levava até duas horas para processar uma transferência e as taxas cobradas superavam os valores a serem pagos.  De acordo com o consultor, existem alternativas mais interessantes no mercado das moedas virtuais, como a Ethereum, atualmente cotada em US$ 1.316 – quase o dobro da cotação do dia 16 do mês passado, de US$ 699.

CVM rejeita criptomoedas como ativos

A sequência de notícias negativas ao redor da moeda foi agravada com a decisão da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre as moedas virtuais, anunciada na última sexta-feira (12): tais moedas não podem ser negociadas como ativos financeiros por fundos de investimento – o que prejudica seu valor no mercado tradicional.

Segundo o superintendente de Relações com Investidores Institucionais da CVM, Daniel Maeda, o Brasil e outros países tem debatido a natureza jurídica e econômica destas moedas e o órgão não chegou a nenhuma conclusão, em especial no mercado e regulação domésticos. O ofício aponta diversos riscos que estão ligados às criptomoedas, como riscos de ordem de segurança cibernética e particulares de custódia, assim como riscos quanto à legalidade futura da aquisição e negociação dessas moedas.

De acordo com Eichstaedt, a decisão já era esperada e não afeta o mercado virtual das criptomoedas. “A única coisa é que ela restringe os fundos para investirem neste mercado sem regulamentação”, diz.  Atualmente, transações em Bitcoin são possíveis pela internet e em alguns estabelecimentos especializados fora do Brasil. Na Austrália, no Reino Unido e em partes da União Européia, a moeda é reconhecida legalmente. Em outros países onde seu câmbio é permitido, ela é tratada como um bem sujeito a taxação.