Com o aumento na qualidade de vida e na renda da população de maior idade, o turismo na “melhor idade” se tornou comum e as opções para o público “veterano” estão cada vez mais abundantes.
Os idosos já representam 10% da população de Santa Catarina, segundo dados do Sebrae, e, segundo a Organização das Nações Unidas, fazem parte de uma das megatendências globais de negócios para este século.
Entre as preocupações da terceira idade, estão a saúde física, mental, e a garantia de uma velhice ativa e sociável. Parece lógico, mas muitos deles ainda têm dificuldade em encontrar produtos e atendimento que cumpram com esses quesitos.
“Temos notado uma alta considerável no turismo para este público, com uma demanda que cresce em média 35% anualmente”, explica Kilian Sohn Neto, diretor de turismo da agência de turismo Cosmos. A infraestrutura turística e financeira também ajuda, diz Kilian.
“Como hoje é muito fácil viajar com tranquilidade, com aeroportos próximos e boas condições de pagamento, as pessoas têm mais condições de viajar para mais destinos”, completa.
Segundo o agente de viagens, hoje, os 80 são os novos 60 – ou seja, o público que procura as viagens está mais velho, mais experiente, e segue viajando por mais tempo. “As pessoas têm mais saúde e renda por mais tempo, o que permite que viajem mais e melhor”, explica.
Apesar da melhora na saúde, os destinos para este público são predominantemente tranquilos: roteiros históricos e termais, tours gastronômicos e viagens curtas dominam os interesses do público na melhor idade.
“Temos procura por destinos mais distantes, como países da América Latina, da Europa e turismo religioso em Israel e na Jordânia, mas a demanda maior são roteiros turísticos como Holambra, em São Paulo, Minas Gerais e lugares com águas termais, em roteiros de três a cinco dias”, explica.
Outra coisa que mudou são as opções para turistas. “Antigamente, quase todas as atrações eram para um público mais jovem, no máximo se tinha um hotel fazenda e os roteiros de museus. Os hotéis, parques e centros turísticos eram todos pensados para um público mais novo”, afirma.
“Agora temos uma abundância de roteiros e atrações adequadas para um público que busca relaxar e passear com calma”, garante.
Para Izabel Yamada, o céu é o limite
Nem todo turista na melhor idade opta por roteiros mais curtos. Para a dentista aposentada Izabel Yamada, de 74 anos, viagens ao exterior são uma constante – e o próximo destino é um roteiro de passando por Alemanha, Áustria e Suíça, em Maio de 2020.
“Esta é uma viagem que eu ia fazer há três anos, mas por questões de saúde não pude fazer e agora vou realizar esse sonho”, diz.
“Eu sempre digo que enquanto as minhas pernas aguentarem e a cabeça estiver boa, quero ir para bem longe”, define.
Todos os anos, Izabel viaja com o mesmo grupo de amigos – por todo o globo: já esteve nos EUA, na Rússia, no México e na terra natal da família, o Japão. “Dos continentes, eu só não conheci a África”, conta.
Apesar da idade, ela rejeita a noção de que os roteiros devam ser curtos. “Se é menos de 15 dias, para mim não vale a pena. É preciso aproveitar, conhecer o local e se preciso, voltar, pois, sempre tem mais coisa para se ver, para se viver”, conta.
A dentista frisa que o melhor é viver as experiências locais. “Sugiro usar o metrô, ônibus, caminhar, como as pessoas que moram ali. Quando estive na Rússia, pude aproveitar as estações do metrô, que são verdadeiros museus, uma experiência única”, lembra.
As viagens também são uma constante na vida dos quatro filhos e nove netos, mas segundo Izabel, eles ainda têm tempo pela frente. “Eu só comecei a viajar mesmo depois dos 50, trabalhei muito para isso, eles ainda têm tempo”.
Aos viajantes, ela deixa um conselho. “Viajar é a melhor coisa que existe. As experiências e o conhecimento que se obtém são coisas que ninguém pode tirar de você. Nada se leva dessa vida, então o importante é aproveitar enquanto podemos”, diz.
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