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Tarifaço de Trump atinge em cheio o agronegócio brasileiro

Foto Ricardo Wolffenbüttel / Secom

Por: OCPNews Brasilia

01/08/2025 - 12:08 - Atualizada em: 01/08/2025 - 12:22

O agronegócio foi o setor mais prejudicado pelo tarifaço dos Estados Unidos, que entra em vigor na próxima quarta-feira (6), conforme ordem executiva assinada pelo presidente americano, Donald Trump.

Enquanto setores industriais como de veículos, peças automotivas, petróleo e gás, mineração, aeronaves e metalurgia, entre outros, entraram na lista de exceções à sobretaxa de 50%, os produtos do agro que escaparam da taxação se limitaram basicamente a suco de laranja, castanhas e certos tipos de celulose.

Café, carne bovina e outros produtos de base florestal, que estão entre as principais exportações do campo brasileiro aos Estados Unidos, além de outras proteínas animais, frutas e pescados entraram na taxação, gerando alerta entre produtores nacionais.

A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) diz ver “com muita apreensão” o processo de negociação a respeito das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos para as diversas cadeias do agro brasileiro.

“Não há respaldo técnico ou comercial para tamanha taxação, e quando as medidas descolam da lógica econômica, os prejuízos se espalham para além das fronteiras e testam a resiliência das relações internacionais”, diz a entidade.

“O momento exige a análise dos impactos econômicos e sociais, além da construção de estratégias de defesa comercial do Brasil e do agro. Entendemos ser fundamental que o governo brasileiro adote medidas estruturantes para mitigar perdas dos setores atingidos e reforçar a sua competitividade”, prossegue o texto.

Em 2024, o agronegócio representou cerca de 30% das exportações brasileiras para os Estados Unidos. Dos US$ 40,4 bilhões que o Brasil vendeu para o mercado americano, US$ 12,1 bilhões correspondem a produtos do agro, com destaque para café em grão, pastas químicas de madeira e carne bovina.

Nos primeiros seis meses de 2025, o produto do agro brasileiro mais exportado para os Estados Unidos, em valor de receita, foi o café em grão, que somou US$ 1,17 bilhão, o equivalente a 16% de todas as vendas externas do produto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Em segundo lugar, vem a carne bovina, que somou US$ 1,03 bilhão em remessas aos Estados Unidos. A proteína desossada congelada enviada para o país totalizou US$ 791 milhões (12% das exportações totais).

Já a carne bovina industrializada, que gerou US$ 239 milhões em receitas, é altamente dependente do mercado americano: 65% das exportações do primeiro semestre foram para os Estados Unidos.

Para a Abag, em conjunto com a negociação e a adoção de políticas públicas de contingência dos impactos econômicos, a abertura de novos mercados é essencial, assim como o fortalecimento de destinos já consolidados, para médio e longo prazos, mas devem permanecer no centro da agenda de internacionalização do agro.

“A Abag entende que é hora de afirmar o protagonismo do Brasil como fornecedor confiável e sustentável de alimentos, energia e soluções para o mundo. Por fim, é importante reconhecer o papel ativo das empresas e associações representativas dos segmentos específicos do agronegócio impactados na condução e articulação do novo cenário vivido”, diz a nota.

Entidades dos setores mais atingidos defendem que as negociações do governo brasileiros e do setor produtivo com os Estados Unidos para redução ou isenção da tarifa devem ser mantidas a tempo de evitar a tarifação adicional sobre seus produtos antes do início de sua vigência.

A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) considera que o adiamento da entrada em vigor das novas tarifas do dia 1.º para o dia 6 de agosto abre caminho para uma revisão na medida.

“Em uma mesa de negociação, todo tempo ganho é válido”, diz a entidade em nota oficial. “O café ainda não está na lista de exceções, e as negociações estão longe de serem finalizadas, ao contrário, seguem em curso.”

A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) informou que acompanha com atenção o anúncio de Trump sobre a aplicação de uma nova tarifa. “A entidade está em diálogo com os importadores norte-americanos e colabora com o governo federal na busca de uma solução negociada”, diz a Abiec.

O setor de árvores cultivadas para fins industriais também lamentou a instituição das novas tarifas. Embora a lista de exceções ao tarifaço inclua a celulose de fibra curta à base de eucalipto, que representa a maior proporção das exportações de celulose brasileira, painéis de madeira e produtos de madeira serrada, além de diferentes tipos de papéis não escaparam da taxação.

“Podem ser igualmente mencionados os papéis de embalagens e os sacos industriais, que vem conquistando espaço no mercado dos Estados Unidos”, diz Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), associação que reúne a cadeia produtiva de árvores plantadas para fins industriais.

Com menor participação na pauta exportadora do Brasil aos Estados Unidos, outros setores do agronegócio que dependem fortemente do mercado americano também ficaram de fora da lista de isenções.

Embora o suco de laranja tenha sido poupado da sobretaxa de 50%, outras frutas brasileiras não receberam o mesmo tratamento pelo governo americano. Para a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), a preocupação com as novas tarifas é maior com três produtos: manga, uva e frutas processadas, como o açaí.

A Associação Brasileira das Indústrias de Pescado (Abipesca) protocolou um pedido formal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a criação de uma linha emergencial de crédito de R$ 900 milhões voltada às indústrias exportadoras do setor. O mercado americano representa cerca de 70% do destino dos pescados exportados pelo Brasil.

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