Setor têxtil de Jaraguá do Sul abre o ano bem, mas recuperação está distante

Foto Arquivo OCP News

Por: Pedro Leal

21/03/2019 - 05:03

Com saldo de 767 contratações na região e 579 em Jaraguá do Sul em janeiro, o setor têxtil abriu o ano em tendência positiva, que tem se demonstrado na oferta de vagas do setor.

O saldo vem após o setor encerrar o ano passado em tendência negativa: foram 412 postos fechados no ano passado na região, 302 no município.

Segundo o presidente do Sindicato Patronal das Indústrias do Vestuário de Jaraguá do Sul e Região, Neocir Dal Ri, o resultado do começo do ano não indica ainda uma recuperação do setor.

“Ainda estamos longe da recuperação, nos últimos quatro anos tivemos cerca de 3 mil postos fechados no setor no Norte do estado e ainda vai levar tempo para recuperarmos isso”, explica.

De acordo com o empresário, o setor ainda não tem visto reflexos das medidas econômicas do final do governo Michel Temer (MDB, 2016-2018) e do atual governo Bolsonaro (PSL). “Este ano ainda deve ser muito difícil, pois não vimos até agora nenhuma medida concreta do governo para o nosso setor”, explica.

Ele destaca que é compreensível que não hajam medidas sólidas em três meses de governo, mas frisa que o setor tem dificuldades de longo prazo, perceptíveis nos resultados dos últimos anos.

“Ainda estamos passando por tempos difíceis, e o prognóstico é só de nivelarmos por ora. Ao menos devemos parar de demitir em 2019”, avalia.

Resultado de janeiro vem de condições únicas do mês

“As contratações de janeiro tem um particular que fazem com que o resultado historicamente seja fortemente positivo para o mês, que são as contratações de menores aprendizes”, explica Dal Ri.

O mesmo fator resulta na tendência negativa do mês de dezembro – quando estes contratos se encerram e há um grande número de demissões.

O cenário de contratações do setor tem sido marcado no começo deste ano por uma forte demanda por costureiras.

“Não é tanto um aumento da mão de obra quanto uma reposição de trabalhadoras que estão se aposentando. A função tem uma oferta limitada na região, e está em uma fase boa por conta do início da demanda de inverno, que aquece o setor e exige contratações”, diz Dal Ri.

Este aquecimento é sazonal, diz Dal Ri, e não indica ainda uma recuperação do setor. A expectativa é que 2019 se encerre com um saldo neutro ou levemente positivo, caso as previsões econômicas se mantenham.

“Não devemos ainda ter recuperação destas perdas todas, mas a projeção é que paremos de registrar perdas”, explica.

No ano passado, só uma cidade da região encerrou o ano com saldo positivo: Corupá, com 72 admissões a mais do que demissões. No resto dos municípios do Vale do Itapocu, os saldos encerraram negativos.

O mercado de trabalho no vestuário, ano a ano

De janeiro de 2015 a dezembro de 2018, só Jaraguá do Sul fechou 2.508 postos no setor do vestuário. As perdas são generalizadas: no mesmo período, o estado fechou 11.790 postos de trabalho no setor, enquanto o país perdeu 154.065 empregos na indústria do vestuário.

O período é marcado por um ano de crescimento: 2017, com saldos positivos em todos os níveis para o setor.

Estes resultados, no entanto, ainda são tímidos: enquanto no dois anos anteriores Jaraguá do Sul somava 2.516 perdas, em 2017 o saldo positivo foi de apenas 150 postos de trabalho para o setor. No país, as 128.905 demissões no setor foram seguidas por apenas 1.639 vagas geradas em 2017.

Este ano positivo foi seguido por resultados expressivamente negativos em 2018, com o fechamento de 27.069 postos de trabalho a nível nacional e 4.351 no estado.

 

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