Setor de gastronomia é um dos que mais atrai novos investimentos em Jaraguá do Sul

Por: Gabriel Junior

28/07/2017 - 06:07 - Atualizada em: 29/07/2017 - 10:58

Por Kamila Schneider

Enquanto o setor de serviços emprega o maior número de profissionais no Brasil, segundo o IBGE, o ramo de gastronomia demonstra ser um dos mais atrativos quando o assunto é empreendedorismo. Não existem pesquisas recentes que descrevam a importância do setor em Santa Catarina, mas em nível nacional os números são altos: com um crescimento médio de 10% ao ano, o segmento de bares e restaurantes gera cerca de 450 mil vagas de emprego anualmente e corresponde a 24,6% do PIB do país, de acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel).

Em Jaraguá do Sul, mais de 1,3 mil negócios atuam no setor de gastronomia. Segundo um levantamento realizado pelo setor de tributação da Prefeitura, atualmente o município tem 254 restaurantes ativos, em ramos que vão desde os tradicionais serviços de bufê até os cardápios temáticos. Além disso, a cidade também conta com 589 estabelecimentos como padarias e lanchonetes, e outros 463 negócios voltados para o segmento de bebidas, como bares, choperias e cybercafé.

E o número de empresas apostando neste setor só tende a crescer: nos últimos dois meses, inúmeros empreendimentos foram anunciados ou inaugurados na cidade. Com propostas que vão da culinária portuguesa e indiana até os hambúrgueres artesanais, o mercado se mostra apto para agradar a todos os paladares – e atrair consumidores mais exigentes.

De acordo com o empresário Odinei Schappo, que atua há mais de seis anos no ramo, o setor gastronômico de Jaraguá se destaca pela diversidade e acessibilidade dos empreendimentos, que oferecem a variedade encontrada em grandes centros por preços mais acessíveis. Somados estes fatores aos altos índices de segurança do município, o setor mostra grande potencial para crescimento – segundo Schappo, antigamente era comum ver os consumidores se deslocarem para cidades como Pomerode e Blumenau para comer, cenário que tem sido modificado nos últimos anos.

“Existe demanda porque o jaraguaense está cada vez mais exigente. Como reflexo a oferta está crescendo, o público não precisa mais se deslocar em busca de opções”, explica ele. “Ainda assim, o que se observa é de que o mercado local precisa ser mais valorizado, até por que a vinda de novos negócios já está começando a saturar o mercado”, opina o empresário. A preocupação é natural: uma pesquisa realizada no Estado mostrou, por exemplo, que 70% dos empresários do setor consideraram que houve piora no movimento durante a temporada de verão em SC, um reflexo da crise econômica.

Para que o setor continue a se desenvolver, é necessário investir em associativismo e qualificação, defende o vice-coordenador do Núcleo de Hotelaria e Gastronomia da Acijs, Renaldo Rodrigues. Segundo ele, a cidade é carente de bons cursos de formação profissional para o setor, especialmente em funções técnicas, como cozinheiro. Como consequência, os estabelecimentos sofrem com a falta de mão de obra qualificada.

Além disso, Rodrigues destaca a dificuldade em criar ações conjuntas que beneficiem o mercado como um todo e salienta a importância da união entre os empresários da região.

Dedicação para realizar um sonho

Apesar das incertezas do mercado, sempre há quem prefere arriscar. É o caso do empresário carioca José Carlos Ferreira, que há dois meses inaugurou um restaurante típico português em Jaraguá do Sul. Apaixonado pela cultura de seus ancestrais, o empresário sempre foi encantado pelas nuances da gastronomia portuguesa, com a qual gostava de se aventurar durante um ou outro jantar de família.

Mas foi durante uma viagem entre amigos que a ideia começou a ganhar forma. Foram dois anos de estudos e muito planejamento até que o restaurante abrisse as portas, em maio deste ano. “Eu sabia que queria abrir em Jaraguá e que fosse algo pequeno, como as tradicionais tascas portuguesas. Criamos os ambientes para se parecerem realmente com uma casa, até por que o restaurante leva o nome do meu avô Manuel, como uma homenagem”, conta Ferreira, que foi o primeiro da família a nascer no Brasil.

Com lugar para 20 pessoas, o restaurante aposta na originalidade para atrair os clientes – são dois pratos por noite, a maioria deles a base de bacalhau, e uma carta de vinhos portuguesa extensa que tem atraído até mesmo visitantes nativos da terrinha. “Já recebi vários portugueses, esse final de semana mesmo devem vir dois casais. O retorno tem sido positivo”, comemora o empresário. Por lá, a lotação média é de 90%, enquanto aos fins de semana os clientes chegam a fazer fila por um lugar.

“Nos preocupamos com todos os detalhes para deixar o restaurante do jeito que queríamos. Antigamente as pessoas sentavam num restaurante, comiam e iam embora. Hoje não, as pessoas querem viver a experiência, curtir a família. Os clientes valorizam isso”, afirma o empresário.

ONDE FICA:

Restaurante Tasca Vô Manuel

Horário: atende de quarta a sábado, das 18h às 00h

Endereço: rua Primo Ronchi, n° 7,  S-50, Vila Nova – Jaraguá do Sul

Contato: (47) 3371-9166 / 99668-0989

POTENCIAL DE CRESCIMENTO ATRAI GRANDES REDES

Assim como os empreendedores locais, Jaraguá do Sul também tem atraído a atenção de grandes redes de alimentação, tanto no segmento de restaurantes quanto no setor supermercadista, por exemplo. Após o início das obras do Giassi e a inauguração da pizzaria Domino’s, foi a vez do restaurante Madero anunciar a vinda para o município.

De acordo com o diretor de operações do Madero, Rafael Mello, foi o potencial econômico do município que atraiu a rede, hoje com 100 unidades em todo o país.

“Jaraguá do Sul tem um dos crescimentos mais relevantes de SC e uma clientela muito forte, que já conhece a marca e até opta por se deslocar para outras cidades para consumir. Para nós fez sentido buscar atender estar demanda e acompanhar o crescimento da cidade”, explica.

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A escolha pelo formato container também tem relação com o perfil do município: com conceito fast casual, o  restaurante traz um ambiente moderno, aconchegante e com atendimento dinâmico, o que, segundo Mello, tem alta aderência ao público local.

“É uma operação enxuta, mas com alta qualidade, que agrada a todos os públicos. Acreditamos que o consumidor jaraguaense busca por opções de qualidade e com preço acessível, por isso a aderência será boa”, diz ele, ressaltando que a rede não descarta a vinda de uma segunda operação para a cidade, caso o crescimento seja relevante nos próximos anos.

Atualmente, o Madero tem índices de crescimento em torno de 60% ao ano, nível que espera manter em Jaraguá.