Setor de Defesa brasileiro oferece oportunidades para empresas, mas exige seriedade redobrada

Empresa teve certificação renovada junto ao ministério da defesa. Divulgação/Digitro

Por: Pedro Leal

30/11/2020 - 14:11 - Atualizada em: 30/11/2020 - 14:54

O setor de defesa oferece grandes oportunidades para empresas de tecnologia, afirma o diretor de relações com o mercado da Digitro Tecnlogia, de Florianópolis, Octavio Carradore. No mês passado, a empresa renovou junto ao Ministério da Defesa o certificado de Empresa Estratégica de Defesa (EED).

Concedida apenas às companhias que atendem requisitos obrigatórios, a certificação tem como objetivo assegurar a soberania nacional e coloca a Dígitro entre as selecionadas para desenvolver soluções para a Segurança Pública e Defesa do país.

Santa Catarina concentra cerca de 10% das certificações de EEDs do país, de acordo com números do próprio Ministério da Defesa.

São 11 certificados para SC, de um total de 103.

Três destas empresas são de Jaraguá do Sul. É o terceiro estado em número de registros, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Trabalhar com a defesa exige muito conhecimento e seriedade na pesquisa e desenvolvimento”, afirma o empresário, ressaltando que é um trabalho que demanda resultados e esforços continuos, atuando com seriedadade, dado que é um trabalho que diz respeito não apenas aos interesses de mercado da empresa, mas também aos interesses nacionais.

Esse preparo passa pelos recursos humanos e pelos setores de pesquisa e desenvolvimento, assim como uma preocupação quanto ao uso e a segurança de seus produtos.

Também é importante trabalhar com o que Carradore chama de emprego dual: o uso civil dos produtos desenvolvidos para o setor de defesa.

Cenário em mudança

Com uma mudança de perfil de defesa global diante de uma mudança de paradigma desde a “guerra ao terror” no começo dos anos 2000 e a guerra digital na década de 2010, o trabalho com defesa exige também um acompanhamento constante do cenário mundial e das novas demandas.

Outrora focado nos chamados exércitos regulares, o perfil mundial de defesa teve que se adaptar para ameaças “irregulares”, como terrorismo, cartéis e hackers – antes tratados como responsabilidade exclusiva da justiça.

“O pacote anticrime aprovado recentemente também nos exigiu mudanças nos aspectos da cadeia de custódia e os aspectos de segurança para atender as forças armadas”, frisa.

A certificação como EED foi renovada para os produtos estratégicos de defesa do IntelleTotum. O sistema é uma plataforma de inteligência investigativa para sustentar e subsidiar a tomada de decisão a partir da ingestão de grande volume de dados com característica de big data.

O documento é assinado pelo diretor do Departamento dos Produtos de Defesa do Ministério da Defesa. Segundo Carradore, além dos usos no setor de defesa, o produto tem aplicações também para investigações criminais e corporativas.

O setor de Segurança é uma das verticais mais relevantes para a tecnologia catarinense.

De acordo com o Tech Report 2020, estudo realizado pela Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), o faturamento é estimado em R$ 2,5 bilhões e há 14 empresas ligadas à Vertical de Segurança.

O que é uma Empresa Estratégica de Defesa (EED)?

Para ser classificada como uma Empresa Estratégica de Defesa (EED) a maioria dos sócios precisa ser brasileira, assim como a sede deve estar no Brasil.

Além disso, atividades de pesquisa, projeto, desenvolvimento, industrialização, prestação dos serviços, produção, reparo, conservação, revisão, conversão, modernização ou manutenção de produtos estratégicos de defesa no país precisam estar entre as finalidades da empresa.

Também é necessário ter comprovado conhecimento científico ou tecnológico próprio ou complementado por acordos de parceria com Instituição Científica e Tecnológica para realização de atividades conjuntas de pesquisa.

 

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