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SC terá de investir R$ 20 bi até 2033 para universalizar saneamento

Foto: Prefeitura de Joinville

Por: Pedro Leal

08/12/2024 - 10:12

Entre os principais desafios na gestão de recursos hídricos, está o estabelecimento de regras claras de governança, segurança jurídica e econômica para garantir os investimentos necessários para a universalização do tratamento de água e esgoto. Só em SC, seriam necessários investimentos de cerca de R$ 20 bilhões para garantir o acesso, em valores atuais. O dado deriva de estudo do Instituto Trata Brasil, que estima que seriam necessários investimentos de R$ 231 por habitante, por ano até 2033, e contempla o crescimento da população de acordo com projeções do IBGE.

Estudo do Instituto Trata Brasil mostra que SC avançou muito pouco na ampliação do acesso ao tratamento. De 2018 a 2022, a evolução na coleta de esgoto foi de apenas 1,1% ao ano. Nesse ritmo, segundo a presidente-executiva do Instituto, Luana Siewert Pretto, levaria 55 anos para que o estado atingisse a meta de universalização do acesso determinada pelo marco legal. O dado mais recente, de 2022, mostra que apenas 29,1% da população catarinense tem acesso a tratamento de esgoto, e 89,6% da população conta com água tratada. Os números foram divulgados na apresentação da Agenda da Água 2025, iniciativa da Federação das Indústrias do Estado de SC (Fiesc) nesta sexta-feira, 6.

Para Egídio Antônio Martorano, gerente-executivo de Logística, Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiesc, estabelecer políticas públicas de estado para a questão da água é o primeiro passo, assim como fortalecer as agências reguladoras, os comitês das bacias hidrográficas e os órgãos de Defesa Civil. “Para ampliar o atendimento à população catarinense, é preciso melhorar o ambiente jurídico e econômico, melhorar a governança e pensar em modelos que permitam que os investimentos necessários sejam feitos com segurança”, explicou.

Na avaliação do consultor e especialista em saneamento Yuli Mello Dugaich, a região sul é a mais atrativa para investimentos privados no setor de saneamento. As receitas das empresas de saneamento da região somadas têm a maior tarifa de arrecadação, a maior capacidade de pagamento da população e o maior custo. “Isso é consequência de uma atuação displicente. Temos um potencial de economia e redução de custos significativas, mas isso representa uma grande oportunidade. Somos a melhor alternativa para o investidor privado”, avaliou.

Segundo Fernanda, do Trata Brasil, os investimentos em saneamento produziriam benefícios econômicos e sociais adicionais de R$ 14,8 bilhões até 2040. A maior parte viria da economia com gastos com saúde (R$ 5,18 bilhões), seguidos por R$ 3,1 bilhões do turismo, R$ 1,9 bilhão da valorização imobiliária de R$ 1,9 bilhões e mais R$ 1,8 bilhão com ganho de renda e produtividade no trabalho. “A cada R$ 1 investido, poderíamos chegar a R$ 5,7 de retorno no longo prazo em SC”, afirmou.

Eventos climáticos

Outro destaque da Agenda da Água da Fiesc é a preocupação com os eventos climáticos extremos. A Federação tem como proposta a elaboração de um plano de adaptação para mudanças climáticas. Martorano destacou que iniciativas como o GEDClima, do Ministério Público Estadual, contribuem para o debate de propostas nesse sentido.

A promotora Fernanda Broering Dutra, coordenadora do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente, destaca que o GEDClima identificou um problema estrutural na vulnerabilidade do estado em relação aos eventos climáticos extremos. “É uma pauta de todos, em que a sociedade catarinense toda precisa se envolver. A gestão da água deve ser uma prioridade”, salientou. “SC não está preparada para um desastre de mesmas proporções que o do RS. É um desafio manter nos municípios estruturas preparadas para atender situações de desastres. A assistência social é o principal gargalo, assim como a logística para atender doações”, destacou.

Na avaliação do diretor da secretaria de Proteção e Defesa Civil, Coronel Cesar de Assumpção Nunes, a falta de estruturas dos municípios é o maior gargalo. Embora exista uma política clara de responsabilidades e competências, os municípios enfrentam a falta de estrutura, de recursos e de cultura de proteção. “Apesar de sermos referência no país, a Defesa Civil estadual enfrenta uma realidade triste: com a mudança do executivo municipal em 2025, o trabalho de capacitação e mobilização recomeça do zero. Já estamos nos preparando para treinar e envolver as novas equipes nos municípios”.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).