Os dois principais setores da economia de Jaraguá do Sul deverão ter ciclos diferentes de recuperação nos próximos meses. Se por um lado a indústria têxtil e do vestuário demonstra uma estabilização nos resultados, o segmento de máquinas e equipamentos levará mais tempo para voltar a crescer, avalia o vice-presidente regional da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) Célio Bayer.
Apenas a fabricação de motores e geradores elétricos e de vestuário responde por quase metade da atividade econômica de Jaraguá do Sul. Esses dois setores formam 47% da economia gerada no município, segundo dados da Secretaria de Estado da Fazenda. A indústria de transformação teve o principal impacto negativo, o que levou ao fechamento de 1.271 vagas de emprego em Jaraguá do Sul, de janeiro a maio deste ano.
Um crescimento real na produção de bens de capital virá a partir do segundo trimestre do ano que vem, na avaliação de Bayer. O segmento, que envolve a produção de máquinas e equipamentos, requer investimentos fortes para ganhar escala de produtividade. “O crescimento envolve uma tomada de decisão do empresário para investir e gera efeito mais no longo prazo”, diz. Até lá, o País precisa implementar mudanças como o ajuste fiscal, afirma.
A produção industrial brasileira de bens de capital demonstrou reação nos últimos meses, afirmou a economista do Banco Bradesco Ellen Steter durante palestra em Jaraguá do Sul na segunda-feira (11). O indicador de produção do IBGE para o setor teve avanço de 1,5% em maio na comparação com abril e cresce há cinco meses consecutivos.
No vestuário, Bayer observa que a recuperação está acontecendo mais rapidamente. “O setor têxtil já está mais estabilizado. Não com uma retomada acelerada, mas lenta e gradual”, diz. Os problemas estão mais localizados em empresas específicas do que no quadro geral, avalia.
O vice-presidente regional da Fiesc destaca que ainda há desafios para que os empresários comecem a comemorar. A projeção de que o dólar oscile entre R$ 3,20 e R$ 3,40 neste ano exige adequações nas empresas exportadoras da região. “Não voltaremos agora ao patamar de R$ 3,80, a única opção é investir em ganhos de produtividade e o investimento só vem com confiança e otimismo”, afirma.