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Para que comer banana de fora? Rastreabilidade da banana de Corupá está em fase de testes

Por: Elissandro Sutil

20/10/2017 - 06:10 - Atualizada em: 22/10/2017 - 13:17

O processo de implantação do sistema digital de rastreabilidade da banana produzida em Corupá e região está em fase de testes. Há 12 anos os produtores já utilizam o caderno de campo, documento obrigatório para a bananicultura contendo o registro sobre plantio, desbaste, tecnologias e produtos utilizados, entra outras informações. Com a rastreabilidade, a intenção é levar esse conhecimento do campo para o consumidor, como um diferencial a destacar a banana produzida na região.

“Hoje existe a rastreabilidade do caminho que o alimento faz até chegar ao consumidor, mas não rastreia o processo de produção, isso é novo, não existe nada parecido”, destaca a diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco), Eliane Cristina Müller. Ela explica que o sistema de rastreabilidade começa pela digitalização dos cadernos de campo dos produtores, que são exigidos de cinco culturas produzidas no estado – como maçã e pinus – sujeitas a pragas quarentenárias, para a fiscalização.

Iniciado há cerca de um ano, o processo de implantação da rastreabilidade encontra-se na fase de testes dessa digitalização. Hoje, os produtores levam os cadernos até as associações a que pertencem para digitalizar as informações e gerar a documentação para o produtor. O próximo passo é disponibilizar um aplicativo ou recurso mobile para que o bananicultor possa fazer esse processo em sua própria casa.

A diretora estima que deve levar cerca de seis meses até que os produtores tenham o aplicativo e possam preencher digitalmente as informações do caderno de campo. “É preciso testar ele, encontrar os erros para corrigi-los”, enfatiza Eliane. Já o passo seguinte, continua a diretora, é a banana sair selada com o código QR Code com o qual o consumidor poderá consultar as informações sobre todo o processo de produção do alimento.

Este é o diferencial que fará com que o consumidor dê preferência à banana produzida na região Norte do Estado, afirma Eliane. A banana produzida na região de Corupá provém de agricultura familiar, em meio à mata atlântica, feita de modo sustentável e seguro para o consumidor e produtores, salienta a diretora. “Não tem porque o consumidor comprar banana produzida em outro lugar”, reforça.

O processo da rastreabilidade digital começou há cerca de um ano, quando a Asbanco conseguiu recursos por meio do programa SC Rural, em parceria com a Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc). Fazem parte do projeto outros oito municípios do Norte catarinense: Jaraguá do Sul, Luís Alves, Guaramirim, Schroeder, São João do Itaperiú, Massaranduba, São Bento do Sul, Joinville e Garuva.

 

“Hoje existe muito extremismo, ou você é (produtor) orgânico ou é bandido, que usa agrotóxico. Eu como a banana que meu pai produz, minha família produz para a sua família. Nenhuma cultura é igual, cada região tem uma particularidade. As pessoas têm que saber que agricultura familiar é diferente de um grande produtor em escala.”

Eliane Cristina Müller, diretora executiva da Associação dos Bananicultores de Corupá (Asbanco)

 

RASTREABILIDADE É CASE DE BOAS PRÁTICAS AGRÍCOLAS

O processo de rastreabilidade da banana de Corupá foi apresentado como case de boas práticas agrícolas na reunião Plenária do Fórum Catarinense de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos e Transgênicos (FCCIAT), grupo fomentado pelo Ministério Público de Santa Catarina, no início de outubro, em Florianópolis.

Com assistência técnica da Asbanco e da Prefeitura de Corupá, informa Eliane, os produtores do Norte do estado cumprem boas práticas agrícolas, que são uma série de medidas voltadas, por exemplo, para a redução do uso de defensivos agrícolas e dos impactos ao meio ambiente. “Herbicida não se usa mais, a gente trabalha com cobertura verde de solo, com fungicida natural”, cita a diretora. Na cobertura verde de solo são semeadas leguminosas em meio à plantação que previnem a invasão de ervas daninhas. Já o fungicida utilizado é feito com extrato da planta melaleuca, cujo óleo essencial também é recomendado como uso cosmético.

“Hoje existe muito extremismo, ou você é (produtor) orgânico ou é bandido, que usa agrotóxico. Eu como a banana que meu pai produz, minha família produz para a sua família. Nenhuma cultura é igual, cada região tem uma particularidade. As pessoas têm que saber que agricultura familiar é diferente de um grande produtor em escala”, declara a diretora.

Outro diferencial da bananicultura da região de Corupá, aponta Eliane, é o cuidado com as nascentes de rio. Ela estima que cerca de 65% da população do município resida no interior, onde não existe água encanada, o que demanda a atenção com a preservação da qualidade da água.

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Elissandro Sutil

Jornalista e redator no OCP