Queda na inadimplência pode aumentar venda no comércio no fim de ano

Por: Elissandro Sutil

03/11/2017 - 08:11 - Atualizada em: 04/11/2017 - 01:10

O consumidor brasileiro experimentou uma queda no poder de compra no último ano. Em 2016, 108 mil lojas fecharam em todo o país, marcando o pior desempenho dos últimos 16 anos no setor. A boa notícia é que o comércio vem reagindo e a inadimplência apresenta queda em 2017. No Brasil, segundo dados oficiais, a inadimplência girava em torno de 4,2% no ano passado e caiu para 3,84% neste ano. Em Santa Catarina, a taxa era de 3,2% e baixou para 2,9%. Já em Jaraguá do Sul, estava em 3,12% e desceu para 2,12%.

O diretor local de SPC e Serviços, empresário Martinho José Lehnert, ressalta que houve uma mudança de comportamento do consumidor em Jaraguá do Sul. Em relação ao ano passado, aponta, as pessoas que tinham o hábito de estar endividadas, praticamente continuam. “Mas, o que deu para perceber é que muitos dos que estavam inadimplentes diminuíram sua dívida, e estão comprando com dinheiro, ou a curto prazo, ou no cartão. Pode-se notar que a queda mais expressiva na inadimplência, comparando-se o país, o Estado e o município, ocorreu em Jaraguá do Sul (1%). Isso representa um cenário mais positivo”, explica. Ele ressalta que, em média, quem está com o nome comprometido deve em pelo menos dois estabelecimentos.

Estudo comparativo feito pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Jaraguá do Sul, no período de julho de 2016 a julho de 2017, mostra que a população inadimplente vem diminuindo. Os dados revelam que as consultas efetuadas junto ao SPC para comprar a prazo na metade do ano passado indicaram que 29,45% dos catarinenses (CPFs consultados) e 20,04% dos jaraguaenses apresentavam restrições. Neste ano, as taxas foram reduzidas para 23,17% e 18,57%, respectivamente.

FAIXA ETÁRIA DOS DEVEDORES 

Em Jaraguá do Sul, 1.377 CPFs consultados para compras a prazo no comércio, em setembro de 2017, estavam negativados. O levantamento indicou que, desse montante, 23,09% dos que devem no município estão na faixa etária entre 36 e 45 anos, seguidos pelos que possuem entre 26 e 35 anos, com 22,23%. Depois, entra a faixa etária dos 46 a 55 anos, que representa 15,98% do total de devedores. No entanto, as taxas podem se alterar levando-se em conta que 13,66% não informaram a idade. Jovens entre 18 e 25 anos configuram 12,99% desse universo, seguidos pela faixa que compreende dos 56 até 99 anos, com 12,05%. Os índices indicam que as mulheres (43,8%) devem mais que os homens (38,19%), enquanto 18,01% não informaram o sexo.

EDUCAÇÃO FINANCEIRA 

Como os jovens entre 18 e 25 anos representam uma das fatias relevantes do total de endividados, há uma preocupação para que o diálogo financeiro seja estabelecido na família, na escola e no próprio comércio. Neste cenário, o crescimento do uso do cartão de crédito também pode representar um problema. “Nós, da CDL, estamos buscando meios para trabalhar isso. Há uma solicitação junto à Federação solicitando pessoas para tratar sobre educação financeira, para palestras e cursos, de forma que possamos repassar esse assunto para a nossa sociedade como um todo”, garante Lehnert. Ele considera importante que se estabeleça essa discussão para melhor orientar a população desde a infância. “É preciso saber o valor do dinheiro e o que ele representa, trabalhando para sair desse círculo de dívidas, o que ocorre em muitas famílias”, acredita. Os índices jaraguaense apontam que 40,45% dos endividados são solteiros e 24,11%, casados, enquanto 35,44% responderam “outros”. Sobre o endividamento da família, Lehnert explica que no Brasil, quase 30% da renda familiar está comprometida, mas quando envolve o setor imobiliário, com financiamentos, por exemplo, a taxa sobre para 47%. “Portanto, praticamente a metade da renda fica comprometida. Então, para movimentar o comércio, é um processo lento, porque não tem sobra de dinheiro”, ressalta.

CAMPANHA DE RECUPERAÇÃO DO CRÉDITO 

Periodicamente, são realizadas campanhas de recuperação, onde o SPC busca sensibilizar o consumidor para que ele quite suas dívidas e regularize seu nome. Atualmente, existe uma em vigência, que encerra no dia 30 de novembro. “Percebemos uma movimentação grande no balcão, porque essas informações não são compartilhadas via telefone, e sim presencialmente, de forma gratuita. Há uma grande procura nessa época do ano, pois algumas pessoas usam parte do 13º salário para quitar suas dívidas. A liberação do FGTS de contas inativas também ajudou nesse ano”, diz.

Para negociar a dívida, a orientação é que o consumidor procure o estabelecimento onde está inadimplente, pois o pagamento deve ser feito diretamente ao comércio. O diretor do SPC enfatiza um número que considera interessante: uma pesquisa mostrou que 70% dos endividados no país afirmam que não sabiam da dívida. “Essa informação pode ser solicitada junto à CDL, que informará em que estabelecimento o cidadão está devendo. Mas, essa negociação vai ser feita no estabelecimento onde há dívida. Como as informações são sigilosas, é preciso procurar o balcão (rua Octaviano Lombardi, 100 – Czerniewicz)”, orienta.