Na próxima sexta-feira (10) termina oficialmente o período de gestão do industrial Glauco José Côrte à frente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Foram sete anos de trabalho para ajudar as indústrias catarinenses a superarem a crise, para mostrar as dificuldades de se alcançar níveis melhores de competitividade por falta de investimentos em infraestrutura no estado.
Em entrevista exclusiva à reportagem da “Coluna Pelo Estado” da Associação de Diários do Interior (ADI), Côrte fala dos desafios do presidente que assumir o comando do país em 2019 e dos projetos pessoais que tem para o futuro. Confira!
O senhor está encerrando sete anos na presidência da Fiesc. Como as indústrias de Santa Catarina conseguiram passar pelo período mais difícil da crise econômica?
Certamente nós tivemos o que os especialistas chamam hoje de período mais crítico, sobretudo os anos de 2015 e 2016, com início já em 2014 o forte declínio da economia.
Em Santa Catarina, e se deve isso à indústria, nós conseguimos retardar o nosso ingresso na crise mais aguda e antecipar a nossa saída, porque já em 2017 nós crescemos 4%, segundo o Banco Mundial, contra 1% da média brasileira. E fomos um dos líderes na geração de emprego.
Esta é uma característica de Santa Catarina: quando a indústria vai bem, a economia como um todo recebe esse benefício, esse fluxo positivo da indústria que alavanca o crescimento do estado.
O que houve de interioriação da Fiesc em seu mandato?
Por exemplo, já existia a figura dos vice-presidentes. O que nós fizemos foi de fato descentralizar a administração. Cada uma das 16 vice-presidências regionais passou a ter um escritório, com estrutura de apoio.
Cada vice-presidente tem um assessor de imprensa para facilitar a comunicação. Nós queríamos fazer uma maior integração da Fiesc com a comunidade. A Federação era vista como algo distante do industrial, principalmente as pequenas empresas. Com esse avanço nas regionais, o vice-presidente passou a circular mais, com repercussão na imprensa.
Na verdade, antes de 2011 o que era conhecido era o Sesi e o Senai. A Fiesc, não. Muitos desconheciam que Senai e Sesi faziam parte da Fiesc e muitos chegavam a achar que nós éramos um órgão público. Mesmo no meio industrial!
Fizemos todo esse esforço e o discurso de que fomos criados, somos mantidos e dirigidos pela indústria. A Fiesc e suas casas pertencem ao industrial. Isso nos ajudou a difundir mais as nossas missões comuns e em separado.
As pesquisas que fazemos mostram que hoje já há uma compreensão maior.
Além do reforço nos espaços voltados à tecnologia…
Nós tínhamos dez Institutos de Tecnologia quando assumi. Reestruturamos, adequamos e equipamos e participamos do programa da CNI. O resultado foi que ficamos com três Institutos de Inovação, entre os 25 existentes no Brasil.
Implantamos aqui também o Centro de Referência em Saúde e Segurança no Trabalho, um dos oito do país. E mantivemos sete Institutos de Tecnologia, com vocações regionais.
Mirando agora no futuro, o senhor assumirá a vice-presidência Regional Sul da CNI. O que espera dessa nova etapa?
Esta é uma função recém-criada. Ainda há definições faltando, desde o esclarecimento das funções até o local onde os regionais serão instalados. Mas certamente terei dois papeis: o de representação da CNI no Sul do país e outro, de âmbito nacional.
Não vamos ficar restritos à região. Teremos delegações, missões e a responsabilidade sobre projetos que nos levarão a circular pelo país. As federações da indústria do Paraná e do Rio Grande do Sul nos deram uma acolhida muito boa, temos um ótimo relacionamento.
Acredito que não terei dificuldades, até porque o objetivo é ajudar, facilitar, articular pelos pleitos de cada federação.
Já que o senhor entrou no assunto “próximo governo”, qual sua expectativa?
Nós estamos em uma situação tão séria no país que, certamente, vai exigir decisões de bom senso, que não reflitam interesses pessoais, mas do Brasil e dos brasileiros. Isso diz respeito aos três poderes – Judiciário, Legislativo e Executivo.
Nós temos duas questões fundamentais. Uma é a reforma da Previdência, no sentido de dar um equilíbrio às contas públicas, e a da simplificação tributária, para modernizar o nosso ambiente institucional.
Outro problema que deve ser superado, e que hoje afeta muito na retração do nível de investimento, é a insegurança jurídica que ainda existe no país. Os investidores externos não entendem o que se passa aqui.
Em todas as missões internacionais que fazemos há sempre a reclamação sobre a incerteza jurídica.
Qual a orientação que o senhor está deixando para o seu sucessor, Mario Cezar de Aguiar?
Como nós trabalhamos juntos nesses sete anos, não tenho nenhum segredo guardado na manga para passar ao Mario Cezar.
Acredito que ele, que durante esse período foi o presidente da Câmara de Infraestrutura e Logística, vai continuar dando uma atenção especial ao tema. Ele me acompanhou a muitas regiões do Fórum Parlamentar, com ministros de Estado.
Outra área que o Mario deve dar prosseguimento a iniciativas que estão em curso é a de exportação e internacionalização, incluindo as pequenas e médias indústrias. É um projeto que precisa de mais atenção.
Quer receber as notícias no WhatsApp?
- Região de Jaraguá do Sul – Clique aqui
- Região de Joinville – Clique aqui
- Região de Florianópolis – Clique aqui