Presos podem começar a fabricar tubos e bocas de lobo em Jaraguá do Sul

Iniciativa seria fruto de parceria entre o Samae e a prefeitura | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Pedro Leal

28/09/2018 - 05:09

Presos do Presídio Regional de Jaraguá do Sul podem assumir a fabricação de tubos e bocas de lobo para o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), que fica responsável pelas obras de controle pluvial do município a partir do ano que vem.

O tema foi o cerne de reunião entre o Prefeito em exercício, Andersson Kassner, o gerente da unidade prisional Cristiano Castoldi, o diretor do Samae, Ademir Izidoro, e o vereador Eugênio Juraszek.

Atualmente, o presídio de Jaraguá do Sul abriga 570 detentos. Destes, 140 estão no regime semi-aberto e teriam condições de fazer trabalhos externos, dos quais 73 – pouco mais da metade – estão trabalhando: são 34 em convênio com a Prefeitura Municipal, 30 com a malharia Malwee e outros 9 com pequenas empresas na região.

Mais 20 devem começar a trabalhar na empresa têxtil breve. Outros 180 detentos no regime fechado trabalham dentro da prisão, somando um total de 253 presos, ou 44,3% da população carcerária da unidade.

26 presos devem integrar projeto

A estimativa de Castoldi é que mais 26 presos possam ser colocados à disposição da Prefeitura, aproveitando a estrutura da fábrica de lages de concreto diante da  unidade prisional, mantida pela Secretaria de Obras. Com o adendo, o total de presos trabalhando subiria para 306 – 53,6% dos presos.

“Nem todos os presos tem perfil para trabalhar fora, temos que avaliar o perfil do detento”, explica Castoldi. Os apenados em programas de trabalho recebem em troca do serviço um salário mínimo e redução da pena, de um dia para cada três trabalhados.

Izidoro ressalta que o convênio ainda está em estudo. “Nós vamos assumir este serviço de tubulações e controle pluvial no ano que vem, e ainda estamos vendo como faremos isso. Por ora é uma possibilidade”, explica.

Ele destaca que é preciso estudar a viabilidade da produção dos tubos no presídio, ou se a fábrica poderia ficar apenas com tubos de tamanho menor, por exemplo.

Outra possibilidade para o uso da mão de obra apenada, sugerida por Juraszek, é a produção de pontos de ônibus pré-moldados, para substituir os em uso na cidade.

“Vamos preparar um protótipo de ponto de ônibus para apresentar o modelo, que poderia ser feito pelos presos”, diz. Outra proposta, que poderia ser feita pelos presos em regime fechado, é a fabricação de fraldas para a comunidade.

Trabalho é importante para ressocializar

Kassner ressalta a importância social deste tipo de trabalho feito pelos presos. “Temos que ver a função social da prisão, este tipo de trabalho dá uma ocupação para estas pessoas, faz com que se tornem produtivas e ajuda a ressocializá-las”, explica.

Segundo o vereador e prefeito em exercício, é importante oferecer aos presos os meios para que possam voltar à sociedade como cidadãos produtivos.

Castoldi destaca que mover o trabalho para mais perto do presídio facilitaria o controle do fluxo dos presos.

“Hoje temos que levar os presos que fazem trabalhos para a Prefeitura para o Centro, e não temos pessoal a disposição para fazer o monitoramento fora da unidade prisional. Aqui poderíamos manter o controle e oferecer mais segurança”, conta.

Dentro da unidade prisional, os presos em regime fechado contam com trabalho em oficinas na produção de peças e produtos para várias empresas, entre elas a WEG, assim como empregos ligados ao funcionamento do presídio.

“As reformas e reparos aqui são todas feitas usando mão de obra dos presos, que recebem para isso”, explica Castoldi. Os detentos também cuidam de uma horta dentro da prisão.

Os convênios com a Prefeitura e com empresas não são as únicas formas que os apenados tem de reduzir suas penas e se prepararem para retornar ao convívio social.

Outro caminho são programas de leitura, nos quais os presos tem 30 dias para ler um livro indicado por um profissional do Estado e fazer algumas avaliações sobre o material. O programa rende um desconto de quatro dias na pena, e 130 presos participam dele.

Outros 100 presos estão cursando o ensino médio ou o ensino fundamental durante o cumprimento da pena, e duas turmas de 20 alunos cada participam de cursos profissionalizantes: uma para auxiliar de cozinha e outra para eletricista doméstico.

Segundo Castoldi, os cursos são uma maneira do preso garantir um emprego após sair da prisão, para não voltar ao crime.

Quer receber as notícias no WhatsApp?