Presidente da Eletrobras pede prioridade na privatização da empresa

O presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, apresenta os resultados do segundo trimestre e o andamento do Plano Diretor de Negócios e Gestão 2019-2023 da empresa, durante coletiva à impresa. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

26/01/2021 - 08:01 - Atualizada em: 26/01/2021 - 10:52

“A missão foi cumprida”, afirmou nesta segunda-feira(25) em coletiva virtual, o presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Junior, ao confirmar sua renúncia do cargo por motivos pessoais, anunciada no último fim de semana.

Ferreira Junior esclareceu que um dos motivos da renúncia foi considerar que as concessões para geração de energia que operam em regime de cotas são desfavoráveis não só para a União, como também para o consumidor brasileiro.

Outra razão é que ele não vê o processo de privatização da Eletrobras como prioridade no Congresso Nacional. Para o presidente, “se o assunto não for julgado rapidamente, no primeiro semestre, será difícil viabilizá-lo (a privatização) este ano”. No ano que vem, que é um ano de eleição, o projeto encontraria dificuldade ainda maior. “É uma percepção pessoal”, destacou.

Ferreira Júnior aceitou, entretanto, o convite feito pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e continuará como membro do Conselho de Administração da companhia. Para isso, já fez solicitação ao Comitê de Ética Pública da Presidência da República.

Disse que seu compromisso é fazer a transição em 45 dias para o novo presidente assumir, além de fechar o balanço de 2020.

O balanço de gestão apresentado por Wilson Ferreira Junior inclui a redução de dívidas das controladas, diminuição do quadro de pessoal acima de 50% por meio de programas de demissão incentivada, profissionalização dos gestores por meio de processo público, redução de custos de 40%, desalavancagem da empresa para menos de duas vezes e meia, que é padrão reconhecido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Um dos entraves à melhoria do desempenho da empresa é o conjunto de concessões de geração que operam pelo regime de cotas, citou o executivo.

Esse regime é oriundo da Medida Provisória 579, que resultou em prejuízos para a Eletrobras da ordem de R$ 30 bilhões durante o governo Dilma Rousseff.

O executivo defendeu um processo de mudança dos contratos de concessão por cotas e que existam outorgas de novas concessões em regime de produção independente, como ocorre com as demais empresas.

Os recursos da Eletrobras para comprar essas novas outorgas viriam do aumento de capital.