O preço do arroz tem causado preocupação nos rizicultores da região. Tanto é que a Cooperativa Juriti assumiu um agenda política forte para tratar de incentivos ao setor.
Nesta quinta-feira (21), o presidente da entidade Orlando Giovanella esteve em audiência com o governador Carlos Moisés, para negociar as alíquotas tributárias.
Um dia antes, na quarta-feira (20), Giovanella integrou uma comitiva em Brasília para uma reunião com o Ministério da Agricultura e com representantes do setor ruralista na Câmara dos Deputados.
A saca de 50 quilos do grão fechou o mês de janeiro em R$ 40, abaixo do que o setor considera confortável, diz Giovanella.
“Poderíamos trabalhar relativamente bem com o preço entre R$ 43 e R$ 45, mas com a defasagem de preço que temos de longa data, para podermos investir em equipamento e custear reparos precisaríamos de um preço de R$ 50 por saca”, diz.
Giovanella é enfático quanto à gravidade do quadro do setor: “A situação da rizicultura tem se degradando ano após ano, e chegamos a uma situação de falência do produtor. Se não conseguirmos reverter, vai se tornar impraticável produzir alimentos, especialmente o arroz”, afirma.
Entre as medidas defendidas pela entidade em Brasília, está a taxação das importações de arroz do Mercosul – que tem custos de produção abaixo dos registrados no Brasil – e a autorização da importação de agrotóxicos dos países vizinhos.
“No Paraguai, por exemplo, eles tem genéricos dos defensivos agrícolas com preço que chega a ser 50% abaixo dos pagos aqui”, pontua o presidente da cooperativa.
Outra medida defendida pela entidade é promoção de campanhas de conscientização para os benefícios da saúde oferecidos pelo arroz, de forma a estimular o consumo. A entidade defende também o estabelecimento de um preço mínimo para o grão.
Com o governador, o principal tema debatido foi o fim dos benefícios ficais aos agrotóxicos, com o vigor da chamada Tributação Verde. O decreto passa a sujeitar estes produtos à uma alíquota de 17% a partir de abril.
“Até o final de 2018 havia uma renúncia fiscal para defensivos e para o produto, que foi revogada no final do mandato passado, e que vai deixar de valer em abril, e isso nos preocupa”, diz.
Outra pauta defendida em Florianópolis foi a redução do ICMS sobre o arroz: enquanto o Rio Grande do Sul cobra uma alíquota de 7% sobre o grão, Santa Catarina cobra 12%. “Tem estados que tem alíquota zero. Estamos perdendo competitividade com isso”, avalia.
Preços são problema de longa data
Os preços de 2019 abriram em alta na comparação com o mesmo período de 2018: em janeiro de 2018, a saca de 50 quilos do estava cotada a R$ 36,75 – e em agosto daquele ano, cruzava a linha dos R$ 40 pela primeira vez em dois anos.
Em contrapartida, os preços vigentes em dezembro ficaram 7,42% abaixo do pico registrado em 2018, em outubro, de R$ 43,86, e 20,4% abaixo do pico histórico, em agosto de 2016, de R$ 50,25 – e que seria o ideal, segundo Giovanella.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a estimativa para 2019 é de que o país tenha uma produção de 11,2 milhões de toneladas do grão, com rendimento médio de 6.369 quilos por hectare.
Os números representam uma queda de 4,8% na safra e um aumento de 1,4% na produtividade, em relação a 2018.
Santa Catarina, segundo produtor nacional, estimou uma produção de 1,1 milhão de toneladas, e um rendimento médio de 7 663 kg/ha, praticamente mantendo-se o obtido na safra de 2018. O estado conta com 143.725 hectares de área plantada, dos quais 143.575 foram colhidos na safra de 2018.
Santa Catarina se destaca como o único estado a projetar leve aumento na safra na comparação com 2018: segundo dados do IBGE, a colheita de 2018 somou 1,093 milhão de toneladas do grão, e o órgão prevê uma safra de 1,1 milhão de toneladas do grão para 2019 – um crescimento de cerca de 0,5%. As projeções são arredondadas.
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