Poupança ganha da inflação nos últimos meses mas permanece perdendo no longo prazo, avalia Warren

Foto: Marcello Casal Jr | Agência Brasil

Por: Pedro Leal

03/07/2023 - 08:07 - Atualizada em: 03/07/2023 - 08:09

De acordo com os últimos dados divulgados pelo Banco Central do Brasil (Bacen), a quantidade de saques da poupança em Maio/23 atingiu R$ 11,7 bilhões, marcando o maior volume em um único mês desde 1995. De olho neste cenário, solicitamos à corretora de Investimentos Warren para nos explicar se, afinal, estamos diante de um momento em que a poupança se consolide como um investimento forte.

“Apesar dessa tendência, a poupança continua sendo a opção de investimento mais popular entre os brasileiros, totalizando um saldo de R$ 961,5 bilhões investidos – remunerados a taxa de 0,50% ao mês + Taxa Referencial (TR). Vale ressaltar que quando a taxa básica de juros (Selic) for igual ou inferior a 8,5% ao ano, os rendimentos da poupança passam a ser de 70% da taxa Selic + TR”, explica Ana Kamila Casagrande, sócia da Warren.

No momento, a Selic está em 13,75% ao ano e permanece nesse patamar desde agosto de 2022. De acordo com o Boletim Focus, a estimativa é de que a taxa encerre o ano em 12,25%, seguindo uma trajetória de queda para 9,50% em 2024 e 9% em 2025. Pela primeira vez na história, registramos uma inflação muito abaixo da média dos países mais desenvolvidos. Com juros elevados e inflação controlada, o Brasil continua no topo com a maior taxa de juros reais do mundo – atualmente em 7,54%.

“A taxa real representa a diferença entre a taxa de juros e a taxa de inflação de um país. Nos investimentos, a rentabilidade real protege o seu dinheiro contra a desvalorização causada pela inflação ao longo do tempo”, adiciona a especialista.

Segundo ela, a poupança está ganhando da inflação nos últimos meses mas permanece perdendo no longo prazo. Nos últimos 10 anos, o rendimento real da poupança foi de -3,82%.

Para ilustrar, considere que R$ 180.503,24 hoje tem o mesmo poder de compra que R$ 100.000,00 tinham em 2013. Quem guardou a quantia de R$ 100.000,00 na poupança neste mesmo período, teria hoje apenas R$ 176.686,34.

“Desconsidere a sopa de letras do mercado financeiro para acompanhar o exemplo a seguir: uma aplicação muito comparada à poupança é o tradicional CDB. Um CDB com rentabilidade de 100% do CDI no mesmo período de amostra, obteria o valor atual bruto de R$ 235.556,02 – um ganho real positivo, mesmo após a incidência do imposto sobre os rendimentos. A rentabilidade do passado não garante os ganhos do futuro, mas uma coisa é certa: Não se trata apenas de guardar dinheiro, é preciso ganhar da inflação”, explica.

O cenário mais provável para os próximos meses é de desaceleração da economia e uma inflação menor. Essa inflação menor projetada é resultado de indicadores de preços no atacado mais favoráveis, tanto na categoria de produtos industriais quanto de alimentos e combustíveis. No quesito fiscal e político, ainda há incertezas.

Diante disso, através das carteiras administradas na Warren adotamos algumas estratégias que englobam investimentos indexados à inflação e em menor proporção os títulos prefixados. Entendemos que a queda da taxa de juros é positiva para a renda variável. Ponderando este e outros fatores, estamos cautelosamente otimistas para as ações de algumas empresas brasileiras. Ao contar com os serviços de Wealth Management, o seu patrimônio está sendo gerenciado de forma eficiente e profissional”, complementa a analista.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).