População idosa cresce enquanto população jovem encolhe em Jaraguá do Sul

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Pedro Leal

08/08/2018 - 05:08 - Atualizada em: 08/08/2018 - 09:11

Em 2010, data do último censo demográfico, quase um décimo dos jaraguaenses estava acima dos 60 anos – e a tendência é de que a pirâmide etária do município se inverta, a julgar pelas projeções demográficas levantadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o estado e o país. Na época eram 8% de idosos no município, segundo dados do censo.

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Segundo a secretária de Assistência Social e Habitação de Jaraguá do Sul, o município já está se preparando para atender a futura população idosa em termos de assistência social, com ampliação dos programas – o que oferece desafios materiais e administrativos.

“A Secretaria busca novas parcerias  em nossa cidade para estarmos ainda mais preparados e levando conhecimento e atividades as pessoas idosas”, ressalta.

Os programas em operação através do Centro de Convivência, inaugurado em 2015, incluem 19 oficinas para manter esta parcela da população ocupada, abordando tópicos como inclusão digital, ativação da memória e teoria musical, o que ajuda a combater problemas de saúde ligados à ociosidade e depressão.

O centro atende atualmente 4 mil idosos, participantes de 35 grupos de idosos em diversos bairros do município.

Caso a proporção de idosos projetada pelo IBGE para 2060 – de 25,4% da população acima dos 65 anos – fosse aplicada na população de hoje, a demanda pelo centro passaria para estimados 13 mil. Com o crescimento projetado da população – de 9,65% – esse número passaria para 14,25 mil.

O atendimento aos idosos passa também por programas de saúde preventiva, que devem ter despesas exponencialmente maiores conforme a parcela idosa da população crescer.

Impactos no sistema público

Além da maior dependência por serviços de saúde e assistência social, o envelhecimento da população trará impactos pesados sobre a Previdência Social – e sobre o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), com a redução da mão de obra disponível.

Segundo o IBGE, 2018 marca o início da redução vegetativa da mão de obra potencial. O impacto é agravado pela baixa produtividade por trabalhador do país, e a partir de 2033 a população economicamente ativa passará a entrar em queda.

A inversão da pirâmide também traz como consequência o aumento nas despesas de saúde pública, assim como um maior índice de dependência na população – a chamada Razão de Dependência, ou RDD, que mede a relação entre o número de adultos economicamente ativos e de dependentes.

Em 2017, essa razão era de 44% – a previsão é que ela atinja 50% em 2035, marcando mais da metade da população dependente, e chegue a 67,2% em 2060.

O IBGE não disponibiliza dados atualizados dos municípios, mas tem dados para o Estado e para a União, assim como projeções para o futuro.

Hoje, o país tem 13,55% de sua população acima dos 60 anos, enquanto Santa Catarina tem uma parcela de idosos de 12,16%. A parte jovem da população é de 37,51% a nível nacional e de 35,48% em Santa Catarina.

As projeções do IBGE para daqui a 42 anos, em 2060, indicam um cenário em que a proporção de jovens e idosos esteja invertida: em 2060, o Brasil terá um quarto de sua população acima dos 65 e 32,6% acima dos 60 anos, enquanto a população abaixo dos 25 será de apenas 25,34%.

Veja o gráfico:

 

Em Santa Catarina, 33,17% da  população terá mais de 60 anos, enquanto a população jovem será reduzida a 25,09%.

A inversão da pirâmide etária é uma realidade que já é sentida em países europeus e asiáticos, marcados por uma grande população idosa e taxas de natalidade decrescente.

Nestes países, como Dinamarca e Japão, a situação  já é vista como crítica, mesmo marcados por bons índices de produtividade, distribuição de renda e de performance dos serviços públicos.

No Brasil, onde todos estes aspectos são deficientes, a situação é preocupante: a estimativa do IBGE é que, a partir de 2032, o país tenha crescimento limite de 0,8% no PIB.

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