
Peso de impostos nos produtos de Páscoa supera os 50%

Economia
quinta-feira, 07:56 - 13/04/2017

Por Kamila Schneider | Fotos Eduardo Montecino/Arquivo OCP
Se você tem a impressão de que os produtos tradicionais da Páscoa estão cada vez mais caros, saiba que os impostos podem ser um dos grandes culpados. Uma pesquisa divulgada na quarta-feira (12) pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) mostra que a carga tributária cobrada em itens como chocolate, vinho e bacalhau pode representar mais de 50% do preço final do produto, pesando cada vez mais no bolso do brasileiro.
O consumidor, que não abre mão de um bom vinho para celebrar a data, por exemplo, precisará pagar 54,73% do valor da bebida em impostos. Isso significa que se o preço final do vinho for R$ 30,00, R$ 16,41 serão destinados aos tributos. A bebida tem a maior carga tributária entre os itens mais consumidos nesta época.
Ainda segundo o levantamento do IBPT, outros produtos que possuem carga tributária elevada são o bacalhau importado (43,78%), o chocolate (39,61%) e a colomba pascal (38,53%). No caso dos ovos de Páscoa e bombons, que estão entre os mais procurados nesta época, os impostos também pesam no bolso do consumidor: 38,53% do valor dos ovos e 37,61% do preço dos bombons são direcionados a impostos.
Recentemente, o economista sênior da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Fábio Bentes, ressaltou, em uma entrevista ao jornal Estadão, que a inflação dos produtos de Páscoa caiu em 2017 e poderia ser ainda menor se alguns dos itens não tivessem sofrido mudanças na tributação. O chocolate, por exemplo, tinha o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em torno de R$ 0,09 e R$ 0,12 por quilo até maio do ano passado. Entretanto, uma mudança fez com que o produto passasse a ser tributado com uma alíquota fixa de 5% sobre o valor de venda.
Como reflexo, muitos produtos tiveram alta nos preços: no caso do chocolate, o aumento foi de 12,61% em um ano, indica pesquisa nacional da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP). No caso do pescado, a alta foi de 9,28%.
-
Leia mais: 39% dos consumidores vão gastar menos nesta Páscoa, revela pesquisa
Leia mais: Segmentação de mercado abre espaço para produtos de Páscoa veganos
Leia mais: Venda de chocolate é alternativa para obter renda extra na Páscoa
Leia mais: Páscoa terá menos lançamentos após queda de vendas em 2016
-
Consumidor deve ficar atento às diferenças de preço
A proximidade da Páscoa também exige atenção e muita disposição dos consumidores que preferem garantir as melhores ofertas, especialmente quando o assunto é chocolate. Isso porque a variação no preço dos ovos de Páscoa pode ultrapassar os 80% nos supermercados de Jaraguá do Sul, indica uma pesquisa de preços divulgada na quarta (12) pelo Procon do município. E neste caso, a única saída é pesquisar.
Segundo o levantamento, uma caixa de bombom da marca Nestlé, por exemplo, pode custar entre R$ 6,75 e R$ 9,99 dependendo do estabelecimento escolhido, uma variação de 48,08%. Outro produto muito visado pelo público adulto, a caixa de bombom Ferrero Rocher de 225 gramas é oferecida por preços entre R$ 27,99 e R$ 49,98, uma diferença de 78,50%. Entre os favoritos da criançada, o ovo Galak nº 9 custa entre R$ 27,99 e R$ 49,98 (variação de 78,50%), enquanto o Kinder Ovo Maxi tem preço a partir de R$ 39,90 até chegar aos R$ 49,90 (25,06%).
Conforme o histórico de pesquisas do Procon, a maioria dos chocolates apresentou alta no preço nos últimos anos. Alguns produtos, como o ovo da marca Kinder, registraram alta de mais de 50% nos últimos quatro anos, enquanto a maior parte dos produtos analisados pela reportagem teve alta na casa dos 30%.
Em alguns casos, como do ovo Sonho de Valsa, não somente o preço subiu, como o peso do produto diminuiu – em 2014, o ovo de 375 gramas custava cerca de R$ 29, enquanto este ano o ovo de 270 gramas chega a custa R$ 39,90 (variação de 39,58%). Em relação ao ano passado, entretanto, a média de preços dos ovos se manteve parecida.

×