A economia brasileira parou de cair e voltará a crescer em 2017. A economista do Banco Bradesco Ellen Steter afirmou ontem em Jaraguá do Sul que a confiança dos empresários e consumidores está se recuperando, apesar de ainda estar em índices negativos, e que a indústria saiu do “fundo do poço” nos últimos meses. Para a projeção, ela considera a manutenção de Michel Temer como presidente até 2018 e uma resposta positiva da equipe econômica para o rombo nas contas públicas.
A instituição financeira projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) caia 3% este ano e cresça 1,5% no ano que vem. “A atividade econômica parou de piorar e começou a ter alguns sinais melhores, não o suficiente para deixar o ano positivo, mas sinalizando que o País engatará uma recuperação em 2017”, disse Ellen, em palestra ontem na Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs). “Os setores viram o fundo do poço e paramos de cair.”
As empresas ainda fecharão 840 mil vagas de emprego neste ano, mas a criação de 700 mil postos de trabalho no ano que vem sinaliza uma resposta que pode animar empresários e consumidores. “Se os empresários se sentirem mais confiantes, voltando a investir e recebendo mais pedidos, voltarão a contratar”, afirmou a economista. A confiança da indústria está no maior nível desde fevereiro de 2015, mesmo que ainda baixo, segundo a Fundação Getulio Vargas. Para Ellen, isso demonstra a retomada das expectativas positivas.
Os consumidores podem esperar uma queda nos preços dos produtos até o ano que vem, de acordo com a projeção do banco. Com a inflação terminando este ano em 6,9% e chegando a 5% em 2016, o índice de preços ficará perto da meta do Banco Central, que é 4,5%. “A tendência é de queda na taxa básica de juros a partir de outubro deste ano”, afirmou Ellen. Juros mais baixos fazem com que circule mais dinheiro na economia, explicou.
O aumento de impostos também está no radar do Bradesco, lembrou a economista. Como o governo tem de resolver o saldo negativo nas contas públicas neste e no próximo ano, o corte de gastos não será suficiente e o aumento da arrecadação terá de vir com impostos. “O remédio é um pouco amargo, o reajuste fiscal será um ‘mantra’ nos próximos anos”, disse. O Bradesco projeta que as contas públicas terão um resultado negativo em R$ 148,6 bilhões neste ano, sem contar o pagamento de juros da dívida. Para 2017, o saldo ainda é negativo, mas o rombo diminui para um déficit de R$ 120,2 bilhões, nas previsões da instituição.
O dólar fechará o ano valendo R$ 3,20, nas expectativas do Bradesco. “Abaixo disso só se houver um choque muito forte nas medidas da política fiscal do governo, não é algo que colocamos no cenário”, disse Ellen. Ela lembrou que a queda da moeda norte-americana preocupa as exportações, mas sinaliza um ganho de expectativa com o aumento de recursos estrangeiros no País e queda na inflação, já que os preços de importados ficam mais baratos.