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Padronização global chega ao Brasil e empresas de capital aberto terão de reportar emissões

Foto: Divulgação/Agência AL

Por: Pedro Leal

08/12/2025 - 14:12 - Atualizada em: 08/12/2025 - 14:13

A partir de 2026, todas as companhias brasileiras de capital aberto estarão obrigadas a reportar seus inventários de emissões e publicar relatórios de sustentabilidade alinhados aos padrões internacionais, em um movimento que transforma profundamente a governança dos dados ESG no país. A mudança marca o início de uma nova fase para o mercado, na qual transparência, padronização e qualidade das informações ambientais, sociais e de governança tornam-se indispensáveis.

Para atender às exigências, as empresas precisarão implementar rotinas contínuas de coleta de dados, integração entre departamentos, fortalecimento de controles internos e processos permanentes de validação e asseguração. A primeira rodada de relatórios oficiais será divulgada em 2027, com dados referentes ao exercício de 2026.

Segundo especialistas da ESG Now, startup que centraliza a gestão, implementação e monitoramento de estratégias ESG corporativa em uma única plataforma, o novo cenário altera por completo a dinâmica de reporte no Brasil. “Na prática, muda tudo no ritmo e na exigência de governança das informações relacionadas à ESG. A obrigatoriedade traz uma disciplina inédita ao mercado e demanda integração entre áreas como finanças, riscos, operações, jurídico, RH e cadeia de fornecedores”, afirma Elias Neto, CEO da ESG Now.

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Um marco para o mercado brasileiro

A nova regulamentação representa um divisor de águas. Ao alinhar o país ao padrão global, o mercado passa a operar com métricas comparáveis e maior transparência, fatores que ampliam a confiança de investidores e a capacidade de precificação de riscos climáticos e socioambientais. “Estamos vivendo um movimento de profissionalização acelerada. A padronização reduz ruídos, eleva o nível mínimo de exigência e abre portas para maior participação de investidores internacionais. É um marco regulatório que fortalece governança, competitividade e credibilidade do mercado brasileiro”, reforça Elias.

De acordo com a ESG Now, o processo de adequação envolve desafios operacionais, técnicos e culturais, entre eles o mapeamento e qualidade dos dados, ainda descentralizados e pouco confiáveis em muitas empresas, a integração sistêmica, a conexão com sistemas operacionais, a conversão metodológica para traduzir operações locais aos padrões internacionais, a definição clara de governança e de responsáveis pelos dados, fluxos e validação e a capacitação de equipes para coletar e interpretar informações com rigor técnico.

Com a obrigatoriedade, o ESG deixa definitivamente de ser periférico e passa a integrar o core business das organizações. A expectativa é que haja profissionalização das áreas de sustentabilidade, integração mais estreita entre finanças e ESG, investimentos em melhoria de dados, sistemas e controles, aceleração de iniciativas de mitigação de riscos climáticos e socioambientais e maior clareza estratégica e competitividade. “Estamos entrando em uma era em que ESG não é mais discurso, é gestão. Quem estiver preparado terá ganhos de eficiência, reputação e acesso a capital”, conclui o CEO.

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).