O nível de confiança dos empresários da região tem apresentado sinais de melhora nos últimos meses. Segundo um levantamento da Sustentare Escola de Negócios, de Joinville, no terceiro trimestre de 2016 o índice de confiança empresarial atingiu 47,12 pontos, frente a um índice de 45,97 registrado no trimestre anterior. A pesquisa envolveu 13 municípios, dez deles da região Norte do Estado, incluindo Jaraguá do Sul, Guaramirim e Joinville.
Embora o número permaneça abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que representa uma confiança ainda abalada pelo cenário atual, alguns indicadores mostram que o mercado caminha para um cenário mais favorável.
Entre eles, o mais representativo foi a intenção de investimento, que subiu de 40,43 no período abril-junho para 48,66 no trimestre de julho a setembro. A expectativa econômica também evoluiu, chegando a 50,63 pontos, e a confiança sobre as condições financeiras/lucratividade alcançou os 51,39 pontos, o maior índice entre os seis indicadores avaliados pelo índice.
Na avaliação por segmentos de negócios, os empresários do setor de serviços são os que estão mais confiantes, o Índice de Confiança da Escola Sustentare (Ices) chega a 49,30 pontos. Na sequência vem o comércio, com 44,60, e a indústria, com 43,59 pontos.
Indicadores apontam para um cenário mais estável
De acordo com o diretor e educador da Sustentare, Wilmar Cidral, o cenário econômico passa por um momento de transição, onde se observa um ambiente mais estável e propenso para investimentos.
“Questões como o ambiente político, legal e social influenciam muito a confiança do empresário. Uma sociedade mais equilibrada, em que de fato as instituições se respeitem e cumpram seu papel contribuiu muito. Agora, para que o investidor volte a olhar para o Brasil, algumas mudanças macroeconômicas ainda precisam ser sanadas, sendo que a principal delas passa pela questão política fiscal. Esta tem que ser uma grande bandeira do governo”, analisa.
Segundo Cidral, Santa Catarina tem conseguido se desvencilhar dos solavancos mais duros da crise atual, por conta do que ele define como “um zelo da esfera pública e empresarial, pautado no empreendedorismo, na austeridade e na busca pela inovação”. A matriz econômica diversificada, segundo ele, também configura um perfil mais resistente.
Entretanto, Cidral considera que ainda há muito que avançar em termos de inovação e representatividade política no Estado. “Ainda tem muito que ser feito em termos de competitividade no mercado internacional e, principalmente, na representatividade do Estado perante a esfera federal. Temos dado pequenos passos, mas não da forma e na velocidade em que o empresariado e a comunidade precisam. Nossa classe política ainda não cumpre o seu papel de defender os interesses do Estado na esfera nacional como deveria”, avalia.
Falta de recursos dificulta investimentos, avalia Apevi
Para o presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas e do Empreendedor Individual do Vale do Itapocu (Apevi), Leandro Gonçalves, a definição do cenário político, a queda no endividamento da população, nos índices de desemprego e o aumento no poder de compra influenciam no ânimo do empresário. “Ainda não é o melhor dos cenários, mas já é um ambiente mais tranquilo para a tomada de decisões a médio e longo prazo”, diz.
Ainda assim, faltam incentivos e recursos para que os empresários possam investir, avalia Gonçalves. “O mercado ainda está recessivo, o empresário que quer não consegue investir ou por que não tem dinheiro, ou por que quando tem ele está muito caro. Para voltar a investir precisamos de crédito que nos possibilite melhorar estruturas, processos e aumentar nossa capacidade produtiva”, salienta.
Segundo Gonçalves, a tendência do mercado é que com o aumento dos investimentos em tecnologia, a mão de obra seja realocada e melhor aproveitada dentro das empresas, abrindo novas oportunidades para quem hoje sofre com as consequências do desemprego.
“Não podemos dizer que já viramos a página, o momento continua inspirando cuidado, a melhoria de custos, a análise do mercado, são coisas necessárias. Mas temos a visão de que o pior já passou. O Brasil ainda é um país com grande potencial de compra por conta das classes que emergem, o que precisamos é investir em inovação, e não só de tecnologia, mas de produto, de atendimento, atrair pessoas”, destaca o presidente da Apevi.