O nanossatélite Catarina A2, que está sendo construído pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados para o programa Constelação Catarina, passou nesta segunda e terça-feiras (12 e 13) pela Revisão Crítica de Design (CDR, na sigla em inglês), a penúltima etapa de validação antes de seu lançamento. As revisões de design são realizadas por especialistas externos que aprovam o andamento dos projetos, com ou sem a recomendação de ajustes.
O processo de revisão crítica dos projetos em suas várias etapas é um requisito do setor aeroespacial, para que os equipamentos enviados ao espaço tenham sua funcionalidade assegurada. Ainda serão duas revisões até que o satélite seja colocado em operação.
Depois dos resultados desta semana, o Senai/SC está autorizado a dar andamento à próxima etapa, que é a montagem final do dispositivo para autorizar seu lançamento ao espaço, previsto para 2025. A última revisão validará os testes em órbita e o funcionamento do aparelho para que seja repassado à Agência Espacial Brasileira (AEB), coordenadora do programa Constelação Catarina.
Os componentes do Catarina A2 começaram a ser montados na chamada “sala limpa”, na qual as condições de temperatura, umidade do ar e limpeza são controladas. São dois ambientes: na antessala, o limite de poluição do ar é de 100 mil por milhão de partículas; na sala principal, de 10 mil por milhão de partículas. São níveis de salubridade comparáveis aos da indústria farmacêutica, da microeletrônica e de salas de cirurgia. O ar passa por 20 trocas integrais a cada hora, com a devida filtração e manutenção da temperatura constante em 22 graus Celsius e umidade do ar em 60%.
Aplicações
O nanossatélite tem dimensões de cerca de 10cm x 10cm X 30cm, similar a uma caixa de sapato, e permanece em órbita a 600 quilômetros do solo terrestre. O equipamento visa coletar dados e estabelecer a comunicação com estações em terra para órgãos meteorológicos, como o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), ligado à Secretaria de Estado da Agricultura.
Mas o projeto não se limita a meteorologia e defesa civil, podendo atender às áreas de agricultura de precisão, clima, monitoramento de tempestades, meio ambiente, saúde, indústria 4.0, energia, mídia, educação, aviação e cidades inteligentes.
Projeto surgiu com o ciclone-bomba
O programa Constelação Catarina é mantido pela Agência Espacial Brasileira (AEB). Depois do ciclone-bomba que atingiu o Sul do Brasil no dia 30 de junho de 2020, foi realizada a primeira reunião para discussão de soluções espaciais com foco em eventos meteorológicos extremos. O ciclone deixou 11 mortes em Santa Catarina, uma no Rio Grande do Sul e outra no Paraná.
Em outubro do mesmo ano, em nova reunião entre AEB, Defesa Civil, agências nacionais da Água (ANA) e de Energia Elétrica (ANEEL), Federação das indústrias (FIESC) e SENAI, UFSC, Frente Parlamentar Mista para o Programa Espacial Brasileiro (FPMPEB) foram definidas as diretrizes gerais do Constelação Catarina.
Revisão
O projeto se tornou efetivo por meio de parceria entre Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, UFSC, AEB, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Defesa Civil e em fevereiro de 2021 recebeu aporte de R$ 5 milhões, por meio de emendas dos parlamentares federais de Santa Catarina.
Os trabalhos começaram em agosto e setembro de 2021, quando foram assinados os convênios da AEB com o Instituto SENAI e com a UFSC. Desde então, o projeto já passou por quatro revisões críticas – de missão, sistemas e projeto preliminar, além da vencida esta semana. A próxima revisão, de aceitação, está prevista para o início de 2025.
O primeiro nanossatélite da Constelação Catarina produzido pelo SENAI deverá ser entregue até o fim deste ano. O lançamento dependerá de sua inserção em veículos de lançamento.